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Política
| Em 2 anos atrás

Após reunião com Daniel Vilela, Gustavo Mendanha revela condição para voltar ao MDB

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Estremecida desde antes das eleições de 2022, a relação entre o vice-governador Daniel Vilela (MDB) e o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (Patriota) está ganhando novos contornos. Antes vista mais como desejo de “interlocutores” do que dos próprios atores, a aproximação entre ambos agora é uma realidade com um encontro realizado antes do feriado de Tiradentes, na semana passada.

Ao Diário de Goiás, Gustavo Mendanha revela que o encontro foi amistoso e serviu pelo menos para uma coisa: a retomada da relação de amizade que ambos tinham e ficou maculada com decisões tomadas ainda no período pré-eleitoral a 2022. Agora, no entanto, ambos partem para novos rumos no diálogo. “Foi uma conversa madura e muito produtiva”, garante.

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Se existe certeza de que a relação de amizade está sendo reconstruída, faltam algumas etapas para que o diálogo político com seu retorno ao MDB consolidado. Gustavo Mendanha revela que quer ter “segurança” de que poderá construir seu futuro político no partido. E existem condições que ele coloca à mesa: até abre mão de uma candidatura ao Palácio das Esmeraldas para apoiar Daniel Vilela, mas quer garantias de que poderá ser vice ou mesmo uma cadeira ao Senado Federal. 

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Uma próxima conversa entre ambos que deverá ocorrer nos próximos dias, terá a política como pauta: e até lá, Mendanha pretende conversar com seu grupo. “Sou uma pessoa que ouve muito aqueles que me acompanham”, ressalta. Há também outros convites à mesa: tanto PL, de Wilder Morais, como o PSD, de Vilmar Rocha e Vanderlan Cardoso querem o seu passe para os próximos pleitos.

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Veja a entrevista na íntegra com Gustavo Mendanha, ex-prefeito de Aparecida de Goiânia:

Domingos Ketelbey: Como foi sua conversa com o vice-governador Daniel Vilela? Se encontraram pessoalmente?

Gustavo Mendanha: Foi uma conversa que quebrou o gelo. Falamos sobre a história de nossos pais. Depois, conversamos sobre política, da importância de eu retornar ao partido. Coloquei a minha dificuldade, sobre ter disputado a eleição [contra o governador], das pessoas que me ajudaram. Mas eu gostei da conversa, acho que o Daniel cresceu muito. Quebrou o gelo e talvez facilite o caminho no futuro. Eu disse a ele que iria conversar com as pessoas próximas a mim. Sou um cara participativo com meu grupo e vou tomar uma decisão dessas ouvindo essas pessoas. O gesto do Daniel foi muito nobre e a conversa foi produtiva. Não vou dizer inesperado, mas não imaginava ele fazer isso tão cedo. Fiquei feliz, mais do que o retorno ao MDB, a relação que eu tenho com ele é mais forte do que a partidária. Fiquei feliz e com alma leve em reatar essa relação de amizade. Vou conversar e escutar as pessoas que foram importantes para mim e no futuro a gente discutir isso.

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DK: O retorno ao MDB já é algo real e está no seu horizonte?

Gustavo Mendanha: Eu tenho conversado com o PL e com o PSD. Talvez seja um defeito mas eu sou muito transparente. Eu tenho outros caminhos. Claro, é uma pessoa que eu gosto, respeito e tenho admiração que a gente possa ter o entendimento, isso facilita o retorno ao partido. Tirando a parte da amizade, eu construi um patrimônio. Eu tive uma votação expressiva. Para voltar ao partido eu tenho de ter o mínimo de segurança com relação ao futuro político. Temos as próximas eleições municipais que talvez possam ser dificeis, mas também é um caminho. Mas temos a eleição de 2026, numa próxima conversa, eu vou ter que focar nisso para ver se de fato existe o entendimento que eu possa vir a ser um player dentro do partido que passam pela minha cabeça. Do ponto de vista pessoal, isso facilita o encaminhamento para o futuro. Um retorno ao partido no entanto, faria eu refazer meus projetos pensando em 2026 ou a possibilidade de ser prefeito em 2024 se houver espaço para isso. Tendo essas seguranças facilita muito o caminho para retorno.

DK: Quando o senhor diz sobre segurança, é continuar seu caminho de oposição?

GM: Não, se eu vou para o partido, eu entendo que ele esteja com o governo, não tem como eu querer mudar. Minha postura com o Caiado também é de respeito. A questão maior é se eu terei espaço para disputar eleições que com exceção da de governo, que o Daniel já está lá, tenha possibilidade. Eu tenho que ter segurança com relação aos meus projetos e meus espaços. Melhor eu ter uma boa relação com o Daniel e buscar outros caminhos.

DK: O senado seria um outro caminho?

GM: Pode ser o senado, pode ser até a vice. A primeira questão agora e é o que estou focado, inclusive amanhã eu vou a Brasília para ter uma conversa que é a questão das eleições municipais. Será que existe espaço para mim se eu resolver minha situação e ser candidato a prefeito pelo MDB? Eu não tive essa conversa ainda. Será que o partido tem outro projeto? No mínimo, eu preciso participar das eleições majoritárias em 2026. Se existe o espaço, facilita o entendimento de voltar ao partido. Se não existir, talvez ter uma boa relação com o Daniel, já está sendo um grande ganho não do ponto de vista político mas pessoal. Tendo espaço, é conversar com as pessoas que estão próximas a mim e expor as possibilidades. Nos próximos dias eu vou voltar a falar com o Daniel para ver essa questão política. Vamos focar na política nos próximos encontros.

DK: Se esse eventual aval jurídico sobre disputa em Goiânia, o MDB poderia ser seu caminho?

GM: Para mim sim. Teria de entender se para o MDB também é. Eu sei que a Ana Paula também é um player importante para o partido se ela resolver disputar a eleição tenho de ver se convém ir para o partido. Talvez independente disso, já fazer uma eleição para 2026. Estou aberto para conversar e vou dizer que estou desarmado. O que preciso saber é se o partido vai oferecer espaço e condições para disputar eleições, seja municipal se for liberado ou pensando no mínimo de um espaço na majoritária em 2026.

DK: Então, passa pela sua decisão garantias de uma candidatura em 2026, não necessariamente ao Governo…

GM: Se eu for para o partido e não tiver espaço, não tem porque eu ir para o partido. A boa relação com o Daniel e eu acho que a conversa que a gente tá tendo com muito amadurecimento pode ser que eu o apoie a governador. Vai depender do meu sentimento e da conversa com meu grupo. Isso pode acontecer também.

DK: O senhor citou outras possibilidade. O PL nem tanto, mas o PSD está na base do governador…

GM: Sim, tudo pode acontecer. Uma coisa que já passou o capítulo é que retomamos a nossa relação e eu fico feliz com isso. Termos um amadurecimento nesse sentido e reatar a amizade que é mais imortante.

DK: Quando que ambos vão tirar a foto oficial da reaproximação?

GM: (Risos) Isso não foi pensado. Mas pode ser que nessa semana ou na próxima a gente tenha um novo encontro e talvez até tiremos uma foto para publicar.

DK: Essa sua reaproximação com o Daniel, facilita apoio de Mendanha e Caiado, juntos, à reeleição de Vilmar Mariano?

Eu acho que primeiro ele precisa se viabilizar politicamente para saber se o governador ou o Daniel vão querer apoiá-lo. O meu retorno ao MDB ou minha reaproximação de amizade com Daniel não tem absolutamente nada a ver com o Vilmar. É minha com Daniel. Acho que Aparecida vai ficar para um outro momento. Agora, o Vilmar terá de consolidar o trabalho, a imagem e a governabilidade. O governador parece não entrar num projeto que não tenha solidez, o Vilmar precisará construir isso para buscar seus apoios. 

DK: O que achou dos últimos ajustes que Vilmar fez e que ele tem acenando fazer?

O Einstein Paniago [novo secretário da Fazenda] estava no meu governo embora eu já tenha dito que não queria ter nenhum bônus de alguém em alguma secretaria. O ônus também eu não vou pegar. Ele é uma pessoa capaz e que tem condição de fazer um trabalho. O Vilmar precisa de entender a engenharia política e administrativa para conseguir. Eu sei que não é fácil. Eu sucedi ao Maguito e não vou me comparar com o Maguito. Para a cidade o feito dele é muito maior que os meus, mas eu deixei um legado e suceder alguém que tenha uma avaliação alta não é fácil. O Vilmar tem que encontrar essa capacidade não só de trabalho mas também de fazer política.

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.