A Prefeitura do Rio retirou, na noite de quarta-feira (16), placas em homenagem a policiais mortos e vítimas de bala perdida. As placas ficavam na Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul.
Segundo a Comlurb, que presta serviço de limpeza para o município, a retirada da homenagem foi um pedido de moradores da Lagoa. A Comlurb não especificou quais teriam sido as reclamações.
A ONG responsável pela homenagem, a Rio de Paz, disse que não foi informada sobre o motivo da retirada das placas e que não recebia reclamações de moradores.
As placas traziam nomes e circunstância das mortes. Elas haviam sido instaladas nas grades que servem de guarda-corpo no entorno da Lagoa.
O lugar escolhido para instalá-las, a curva do Calombo, tem relevância simbólica: foi o local onde, em 2015, o médico Jaime Gold, 57, foi esfaqueado por assaltantes. Em meio ao colapso da segurança pública, ao menos uma pessoa é atingida por bala perdida a cada dois dias no Rio.
Em 2017, o Estado também teve um PM morto a cada dois dias. O número inclui mortos em serviço (21), em folga (56) e aposentados (20), todos vítimas de ações violentas. Nesse ritmo, caminha em direção à assombrosa marca de 200 casos em um ano -o maior número foi atingido em 1994, quando morreram 227 policiais.
Essa matança de PMs no Rio chama mais a atenção se comparada a dados paulistas. O Estado de São Paulo registrou 22 policiais militares mortos de folga ou em serviço no primeiro semestre deste ano, sendo que a PM paulista tem quase o dobro do efetivo do Rio -87 mil agentes, ante 45 mil- e mais que o dobro da população -45 milhões de habitantes, contra 17 milhões.
A quantidade de assassinatos explodiu em 2016, coincidindo com o mergulho do Rio em crise financeira de proporções inéditas -foi de 118, em 2015, para 147, em 2016. (Folhapress)