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Economia
| Em 3 semanas atrás

Após protestos e crise interna, IBGE e ministério suspendem fundação criada por Pochmann

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O Ministério do Planejamento e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) suspenderam temporariamente a criação Fundação de Apoio à Inovação Científica e Tecnológica do IBGE, uma fundação privada, que vem sendo chamada IBGE+. A ideia vinha sendo duramente criticada por técnicos do órgão, que mergulhou em uma crise interna contra o economista Marcio Pochmann, presidente do IBGE e autor da iniciativa da fundação privada.

Ministério e IBGE divulgaram nesta quarta-feira (29) nota conjunta em que decidem, “em comum acordo” suspender por enquanto o IBGE+. O instituto tem autonomia administrativa, mas é subordinado ao Planejamento, por isso receberá apoio, via lei orçamentária, para a formulação do Censo Agropecuário, Florestal e Aquícola.

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Além do IBGE+, o presidente decidiu fazer uma apuração interna por suspeitas de que haja funcionários do instituto fazendo trabalhos privados de consultoria, o que foi visto como retaliação à contrariedade dos servidores com a iniciativa de criar a fundação. Ao jornal O Globo ele negou que esteja retaliando e confirmou que levou o caso ao Ministério Público.

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“IBGE paralelo”

Desde a ideia de criar a fundação privada, o IBGE vive uma crise interna. Os servidores têm chamado a ideia do IBGE+ de “IBGE paralelo” e Pochmann de “autoritário”. Nesta quarta eles realizaram mais uma manifestação em frente à sede do instituto, na região central do Rio de Janeiro, dessa vez com o reforço do Sindicato Intermunicipal dos Servidores Públicos Federais dos Municípios do Rio de Janeiro (Sindisep-RJ).

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Desde outros protestos o sindicato dos servidores, o Assibge-SN informava que entraria com ações contra a gestão do economista. O sindicato denuncia que crise já afeta coleta de dados

Segundo o portal Terra, a suspensão do IBGE+ foi anunciada poucas horas depois de Pochmann ter concedido entrevista defendendo a criação da fundação como fonte para financiar as pesquisas.

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Nota explica suspensão

A nota conjunta informa que o Ministério do Planejamento e o IBGE resolveram “em comum acordo, suspender temporariamente a iniciativa da Fundação de Apoio à Inovação Científica e Tecnológica do IBGE (IBGE+), proposta apoiada pelo MPO, para o desenvolvimento institucional e a ampliação das fontes de recursos para o IBGE”, diz o texto.

Além disso, os órgãos afirmam que estão sendo mapeados modelos alternativos que podem implicar em alterações legislativas, enfatizando que isso vai requerer “um diálogo franco e aberto com o Congresso Nacional”. Ministério e IBGE esclareceram ainda que “qualquer decisão que oportunamente for tomada seguirá o debate no IBGE e com o Executivo e o Legislativo”.

Sobre o aperfeiçoamento institucional, a nota ressalta que o IBGE foi reconhecido como Instituição de Ciência e Tecnologia (ICT). Por isso, vai elaborar sua Política de Inovação, conforme determinação da Lei de Inovação para ICTs, com a instituição de um comitê próprio, composto por servidores de todas as diretorias e membros das superintendências.

O Planejamento também vai apoiar o IBGE para a formulação do Censo Agropecuário, via Lei Orçamentária Anual, em recursos para 2025. O cronograma envolve treinamento, contratação, entre outros.

Na nota divulgada nesta quarta-feira, 29, o IBGE é definido como um “órgão basilar na geração e na análise de dados referentes ao Brasil, produzindo informações que atendem a diversos setores governamentais e da sociedade civil”.

Modelo de risco

“Essa não é uma luta só do IBGE, é uma luta de todo o serviço público. Feito de cima para baixo, [a fundação IBGE+] é um modelo que eles vão querer replicar em todo o serviço público, é para poder privatizar, para ceder aos liberais”, declarou Raul Bittencourt, secretário-geral do Sindisep-RJ, divulgou o Terra.

O Sindisep-RJ acusou Pochman de levantar “falsas suspeitas quanto aos motivos da Assibge” para ser contra a fundação privada IBGE+. Em divulgações, o sindicato anunciou que mobilizaria servidores públicos de demais órgãos para engrossar as manifestações.

Nos dizeres de faixas e camisas de protesto, os manifestantes pediam uma gestão efetivamente democrática, mais orçamento, mais servidores efetivos e respeito aos trabalhadores do órgão.

Mobilização em outros estados

Além da manifestação na sede, estavam previstos atos, assembleias e panfletagens de protesto em outros Estados. A entidade que representa os trabalhadores já alertou que a crise interna tem sido usada por opositores do governo federal em tentativas de desgastar a credibilidade das estatísticas produzidas e já dificultam o trabalho de coleta de dados em campo.

“Nosso sindicato nunca lutou só por salários e direitos, nosso sindicato lutou pelo IBGE como instituição pública”, disse a servidora Susana Drummond, pedindo o fim da fundação IBGE+. “Não vamos recuar!”

Presidente do PT cita que há “campanha contra Pochmann”

A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hofmann (PR), afirmou nesta quarta (29), que há uma campanha de “evidente” caráter político e partidário contra Pochmann. Em postagem no perfil dela no X (antigo Twitter), Gleisi descartou qualquer risco para a credibilidade dos dados produzidos pelo órgão.

“O caráter político e partidário da campanha contra Pochmann é evidente e só interessa a quem teme o fortalecimento do IBGE”, afirmou a parlamentar.

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Marília Assunção

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Também formada em História pela Universidade Católica de Goiás e pós-graduada em Regulação Econômica de Mercados pela Universidade de Brasília. Repórter de diferentes áreas para os jornais O Popular e Estadão (correspondente). Prêmios de jornalismo: duas edições do Crea/GO, Embratel e Esso em categoria nacional.

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