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| Em 3 anos atrás

Após pegar Covid-19, comerciante fica tetraplégico e família pede ajuda

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Quando Renato Bueno Fernandes Valim começou a sentir os primeiros sintomas de Covid-19 jamais imaginaria que a doença seria tão agressiva com sua vida. Aos 36 anos, pai de duas filhas, proprietário de uma copiadora do Setor Sul de Goiânia e dono de uma vida bastante ativa, a doença abreviou muitos dos seus sonhos. Se não morreu por um milagre, complicações da doença deixaram-lhe tetraplégico e com muitas outras sequelas. Foram quase três meses de internação e a família pede ajuda.

Acamado na casa de familiares em Itauçu, Renato não fala, se alimenta por sondas e precisa de auxílio para praticamente tudo. Apenas um dos medicamentos que precisa para sobreviver custa cerca de R$ 9 mil. Ademais, há custos com fonoaudiólogo – para que, aos poucos, ele reaprenda a conversar, além de uma enfermeira. O custo total, no fim das contas, passa dos R$ 15 mil mensais. Será necessário quase uma enfermaria residencial para manter o tratamento do comerciante.

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Por isso, a família decidiu movimentar e realizar várias ações de arrecadação de donativos. A cunhada, Thays Taynara de Sousa, abriu uma vaquinha online para doações. “O objetivo dessa vaquinha é arrecadar dinheiro para esse mês comprar o remédio. Para poder pagar a fono e eles terem uma certa tranquilidade. Sempre surge algum gasto e alguma coisa que precisa comprar, algum medicamento e pomada”, desabafa. “Essa vaquinha foi feita exclusivamente para arrecadar dinheiro para o tratamento mensal e alguma coisa que venha a surgir que ele vai precisar”, conta.

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A vaquinha pode ser acessada por este link. No total, são treze medicamentos necessários para a continuidade do tratamento de Renato. “Precisamos de ajuda para custear o tratamento mensal dele”, explica a cunhada, ressaltando que precisará de novas vaquinhas todos os meses. “A Prefeitura hoje já dá o necessário para que o Renato possa se alimentar por sondas. Mas os remédios ainda não. Estamos tentando. Até lá, precisaremos dessas ajudas”, detalha.

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Renato precisa de cuidados por todo o tempo. É Ana, sua esposa, quem o campanha. (Foto: Acervo da Família)

Alegre, brincalhão e família

Sem comorbidades, o empresário de 36 anos levava uma vida normal até abril deste ano, com os cuidados que a pandemia exige. “Eu e ele saímos do trabalho para a casa, da casa para o trabalho. Quando íamos ao supermercado, geralmente entrava apenas um. Eu costumava entrar para fazer as compras e ele me esperava do lado de fora no carro”, conta a esposa, Ana Maria Silva. “Ele era muito ativo, jogava futebol, lutou muito tempo karatê”, relembra. “A gente saia muito antes da pandemia, éramos muito parceiros. Agora, tudo mudou. Vivo 24 horas cuidando dele”.

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Os sintomas começaram pra valer no dia 6 de abril e o diagnóstico veio em seguida, três dias depois (9/4) Renato testava positivo para Covid-19. Daí para a internação no Hospital de Campanha em Goiânia passaram-se uma semana, até que o quadro se agravou e ele precisou ser intubado no dia 21 de abril. “Os médicos diziam que ele estava em situação muito grave. Era a intubação ou ele morria”, destaca Thays Sousa.

O tempo foi passando e nenhuma melhora no quadro era apresentada. “Ele foi submetido ao capacete de oxigênio, ao uso de ventilação não-invasiva, mas ele não melhorava”, relembra Ana. Até que no dia 26 de abril a tormenta na vida da família teve um novo episódio: Renato teve uma parada cardíaca. “A gente já estava muito assustado, o psicológico ficou ainda pior. Ele era uma pessoa muito sadia”, pontua a esposa.

O contexto ainda ganha contornos trágicos quando neste período ele é acometido por uma bactéria e uma superbactéria no organismo. “Ele tem uma bactéria multirresistente, é um germe hospitalar que ele deve ter adquirido na internação e ele precisa tomar um medicamento na veia”, explica o neurologista Sávio Benys, que tem acompanhado Renato.  Segundo Thays, o medicamento custa em média R$ 8.900.

PARA AJUDAR RENATO, ACESSE O LINK DA VAQUINHA CLICANDO AQUI.

Diagnóstico e tratamento delicado

Quando Renato recebeu alta do Hcamp em Goiânia no dia 16 de julho, quase três meses após sua internação, a família conseguiu levá-lo ao Centro de Reabilitação Henrique Santillo (CRER) e lá conheceram a realidade. “Sabíamos que ele tinha ficado com sequelas, mas ainda não compreendemos porque não tínhamos o laudo final. No CRER ficamos sabendo da real situação dele”, conta Thays.

Médico neurologista, Sávio Benys considera o quadro de Renato delicado. Uma vida normal como antes da Covid-19 seria impossível. “O prognóstico é muito reservado. A lesão foi muito extensa no cérebro. A capacidade de andar e falar plenamente é praticamente zero”, explica. O que pode promover um retorno mínimo às movimentações e a fala é a fisioterapia constante. Um tratamento com células-tronco pode fazer com que o comerciante recupere alguns movimentos. Pelo menos em pé, ele poderia conseguir ficar. “A terapia de células tronco seria algo que poderia ajudar a repor as células que foram danificadas pela doença. Então, só assim que a gente consegue fazer com que o paciente tenha algum grau de movimentação”, pontua.

O problema é que o tratamento ainda não é regulamentado no Brasil. Há grandes centros de referência em outros países como a Tailândia, mas o custo é muito alto. O próximo passo da família é conseguir juntar aproximadamente R$ 180 mil para tentar o tratamento. “Essa é a única forma do paciente conseguir uma qualidade melhor de vida”, avalia Benys. “Na conjuntura atual é muito difícil fazer a movimentação [física e motora] plena novamente”, conclui.

A ajuda então é mais que necessária, conta Thays. “Só ele trabalhava, a família está vivendo com doações e nossa ajuda. Eles mudaram para Itauçu, porque aqui podemos ajudar eles”, pontua. A vaquinha pode ser acessada por este link. A família também tem contado como tem sido a luta de Renato para se recuperar das sequelas da Covid-19 por meio do Instagram @juntospelorenato.

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.