O ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu demissão do cargo nesta sexta-feira (15), após apenas 28 dias no cargo. A saída ocorre em meio às frequentes discordâncias com o presidente Jair Bolsonaro, que defende o uso amplo da cloroquina no tratamento aos doentes da Covid-19 e a flexibilização das atividades econômicas.
Teich substituiu Luiz Henrique Mandetta, que também foi demitido após divergências com Bolsonaro durante a pandemia de coronavírus.
Nesta semana, as diferenças entre Teich e Bolsonaro ficaram mais nítidas. O presidente adicionou à lista de serviços essenciais salões de beleza, barbearias e academias sem consultar o ministro, que foi informado da decisão apenas pela imprensa, em entrevista coletiva.
Outra divergência profunda é sobre o uso da cloroquina. Seguindo estudos científicos, que apontam ineficácia da droga no tratamento da Covid-19, o ministro se pronunciou sobre a necessidade de ter muita cautela na utilização do medicamento, que pode causar severos efeitos colaterais. No dia seguinte, Bolsonaro defendeu o remédio, comumente usado contra a malária, e pediu que ela fosse ampliada para tratar doentes menos graves. Na ocasião, o presidente afirmou que precisava de ministros afinados com ele.
Por fim, o isolamento social, tão criticado por Bolsonaro é defendido pela atual equipe do Ministério da Saúde. Um plano com diretrizes para afrouxamento gradual das restrições seria apresentado na quarta-feira (13), mas foi cancelado após não haver consenso com secretários estaduais e municipais de Saúde. O presidente, por sua vez, reiterou que, por ele, a economia estaria funcionando normalmente.