Dois menores brasileiros mantidos há mais de um mês em um abrigo em Chicago estão sendo devolvidas aos pais nesta quinta-feira (12), perto do fim do prazo de 72 horas estabelecido por um juiz para que a reunião ocorresse.
A advogada Amy Maldonado, que atua no caso, informou que C.D.A., de 9 anos, foi reunido a seu pai e que ambos devem seguir para Berks, condado na Pensilvânia.
W.S.R., de 16 anos, está em processo de reunificação com o pai em El Paso, Texas. O pai do adolescente será liberado mediante uso de tornozeleira eletrônica, segundo Maldonado.
Ambos foram liberados faltando pouco tempo para terminar o prazo de 72 horas dado na segunda-feira (9) por um juiz da corte federal de Chicago para que a reunião ocorresse.
Na decisão de segunda, o juiz Edmond Chang afirmou que a “insistência” do governo em manter pais e filhos separados era “chocante para a consciência” e “arbitrária”.
Segundo o magistrado, os meninos, que estavam separados dos pais desde 25 de maio, sofreram dano mental “irreparável”.
Os pais de ambos foram flagrados tentando cruzar a fronteira entre Estados Unidos e México.
Segundo o jornal Chicago Tribune, eles não estavam com as crianças ao tentar entrar nos EUA. Ambos buscavam asilo no país, citando ameaças de violência de traficantes de drogas no Brasil.
Os dois foram processados por tentar entrar ilegalmente nos EUA, e, de acordo com a ordem do juiz, receberam a informação de que, em cinco dias, seriam reunidos com seus filhos, o que não aconteceu.
Na decisão, ele diz que o governo interferiu no direito dos meninos de serem reunidos a seus pais.
O juiz cita a piora do estado mental dos menores durante a detenção, afirmando que relatório de psicólogos indica que ambos sofriam de ansiedade severa e depressão, e que começaram a se machucar e também a ferir outras crianças.
Os dois meninos estavam no abrigo Heartland Alliance, o mesmo aonde foram levados Diogo, 9, e Diego, 10, filhos das brasileiras Lídia Karine Souza, 27, e Sirlei Silveira, 30.
Os dois meninos ficaram mais de um mês sem ver as mães, acusadas de tentar ilegalmente nos Estados Unidos.
Na última terça-feira, terminava o prazo dado por um juiz de San Diego, no sul do estado da Califórnia, para que a administração de Donald Trump reunisse pais e filhos menores de 5 anos.
Até agora, o governo reuniu 57 crianças imigrantes aos pais, pouco mais da metade do total de 103 menores.
Além disso, tem até 26 de julho para reunir outras 2.000 crianças separadas dos pais como resultado da política de tolerância zero do governo americano.
Na quinta-feira passada (5), o governo americano pediu mais prazo para reunir os menores, alegando necessidade de checar o parentesco através de testes de DNA e também que precisa confirmar que todas as crianças estão seguras.
A política de tolerância zero foi anunciada em abril pelo secretário de Justiça, Jeff Sessions, que determinou que todos os que atravessam ilegalmente a fronteira com o México deveriam ser denunciados e cumprir pena em prisões federais.
Seis semanas após a ordem ser emitida, 1.995 crianças haviam sido separadas dos pais, segundo dados da secretaria de Segurança Doméstica.
A comoção internacional provocada pela medida fez com que o presidente Donald Trump recuasse e assinasse, em 20 de junho, uma ordem executiva (espécie de decreto) para manter as famílias unidas. (Folhapress)