Após despedida de nove dias que mobilizou Cuba, Fidel Castro foi enterrado na manhã deste domingo (4) no cemitério Santa Ifigênia, em Santiago, no leste do país.
As cinzas de Fidel, que governou por 49 anos após implantar o comunismo em Cuba, foram depositadas ao lado do mausoléu do chamado herói nacional de Cuba, Jose Martí (1853-1895).
A cerimônia de enterro, de acesso restrito, não foi transmitida pela TV estatal cubana. Foram disparados 21 tiros para marcar o início da cerimônia.
À agência AFP, uma das convidadas estrangeiras, a número três do governo francês, Segolène Royal, disse que a cerimônia foi “sóbria”.
“Não houve discurso, foi muito sóbrio, só as cinzas foram enterradas ante a família, membros do governo e funcionários”, disse Royal, ministra da Ecologia da França.
Em formato de pedra e com cerca de 2 metros de altura, o túmulo estará aberto à visitação no início da tarde (hora local). Uma pequena multidão já se aglomerava diante do cemitério logo após o enterro.
Em discurso no sábado (3) à noite em Santiago, Raúl Castro, que substituiu Fidel no poder em 2006, disse que, por desejo do irmão, haverá uma lei proibindo estátuas e outras homenagens.
“O líder da revolução rechaçava qualquer manifestação de culto à personalidade e foi consequente com essa atitude até as últimas horas de vida”, disse, em discurso a alguns milhares de cubanos em Santiago.
Segundo Raúl, Fidel exigiu que que “seu nome e sua figura nunca fossem usados para denominar instituições, praças, parques, avenidas, ruas ou outros lugares públicos nem erigir em sua memória monumentos, bustos, estátuas e outras formas de tributo”.
Como havia ocorrido em Havana na segunda-feira (28), o ato teve a presença de vários convidados internacionais, entre os quais os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e o mandatário venezuelano, Nicolás Maduro. Os três foram abraçados por Raúl ao final do discurso.
Os restos de Fidel foram trazidos de Cuba a Santiago em uma procissão de 900 km, que atravessou 13 das 15 províncias do país. Por onde passava, as vias eram fechadas por várias horas, assim como a maioria das repartições públicas.
Perfilados pelo caminho, centenas de milhares de cubanos despediram de Fidel com choro, bandeirolas de Cuba e gritos de “Yo soy Fidel”, o lema oficial do luto.
O percurso incluiu lugares emblemáticos para a Revolução Cubana, como o mausoléu do guerrilheiro cubano-argentino Ernesto Che Guevara, em Santa Ana, e o quartel Moncada, em Santiago, onde Fidel liderou um ataque fracassado em 1953.
Durante os nove dias de luto, ficaram proibidos eventos esportivos, a venda de bebida alcoólica e até ouvir música em lugares públicos.
Folhapress