O Haiti realizará neste domingo (20) eleições presidenciais depois de longa espera e cancelamento, no ano passado. A esperança é a de retomada da economia após um devastador furacão e de mais de um ano de instabilidade política.
O pleito realizado em outubro de 2015 foi anulado após alegações de fraude, e a nova data foi adiada depois que o furacão Matthew passou pelo país, matando mais de mil pessoas e deixando 1,4 milhão à mercê de ajuda humanitária.
Casas, escolas e fazendas no sudoeste do país ainda trazem as cicatrizes do fenômeno, que piorou a situação do Haiti, que tem mais de 10 milhões de habitantes e ainda se recuperava do terremoto de 2010.
“Quero que as pessoas se unam, que o país seja reconstruído”, afirmou a estudante de enfermagem Judeline Hubert, 23, da cidade de Les Cayes.
Funcionários do governo afirmaram que os efeitos do furacão e a previsão de mau tempo para domingo podem diminuir a presença dos cidadãos no pleito no país mais pobre do hemisfério ocidental, onde a participação já é historicamente baixa.
O baixo comparecimento pode minar a legitimidade da votação, que conta com mais de duas dúzias de candidatos para suceder o presidente Michel Martelly, que deixou o cargo em fevereiro. Desde então, tem um mandatário interino.
Apenas 4 mil cartões de identificação foram produzidos para substituir aqueles que foram perdidos no furacão, segundo Wilson Fievre, diretor do Gabinete de Identificação Nacional.
“O povo haitiano precisa de um líder que tenha escolhido”, afirma Louis St-Germain, o representante de Les Cayes. “Estão cansados da instabilidade”.
Pesquisas de opinião não são confiáveis no país, segundo grupos civis. Porém, uma pesquisa recente da BRIDES apontou o empresário Jovenel Moise como o favorito para levar a presidência já no primeiro turno.
Entre os principais candidatos estão o antigo chefe de uma empresa de construção, Jude Celestin, o ex-senador Moise Jean-Charles e Maryse Narcisse, médico apoiado pelo ex-presidente Jean-Bertrand Aristide.
Se nenhum dos candidatos conseguir 50% dos votos ou liderança de pelo menos 25%, um segundo turno será convocado, provavelmente em 29 de janeiro. O vencedor assume o cargo em fevereiro.
Para garantir a integridade do processo, cerca de 13 mil policiais e representantes da ONU (Organização das Nações Unidas) serão mobilizados.
“Mesmo que os itens necessários cheguem aos pontos de votação, ainda não se sabe se as pessoas se importarão o suficiente para ir votar”, afirma Jake Johnston, especialista em Haiti do Centro de Pesquisa Econômica e Política, think-tank baseado em Washington.
(FOLHA PRESS)
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