Mulheres de policiais continuam acampadas em frente a batalhões em Vitória, no Espírito Santo, mesmo depois das 7h, prazo para os PMs voltarem às atividades sem punição.
O governo estadual não atendeu ao pedido de reajuste salarial, mas ficou de apresentar uma proposta no fim de abril deste ano.
Mulheres ouvidas pela reportagem disseram que vão resistir para tentar forçar a paralisação, já que policiais militares são proibidos de fazer greve pela Constituição.
Durante a madrugada, o presidente da Associação de Cabos e Soldados do Espírito Santo, Renato Martins, afirmou que não se considera mais dirigente da entidade.
“Eu não estou legitimado para negociar em nome da categoria, e a categoria não me reconhece como representante dela. Eu não estou legitimado para lidar com essa situação”, afirmou.
Após ter assinado um acordo com o governo para colocar fim ao motim da PM no Estado, Martins foi tentar convencer policiais da Rotam a voltar ao trabalho.
“Não fomos compreendidos e, pelo contrario, a tropa nos viu como pessoas que traíram a categoria e que não deveriam ter assinado a proposta que o governo nos fez”, disse.
“Saí da Rotam com gritos de ‘vergonha, vergonha’. Eu não consigo enxergar possibilidade de continuar à frente da Associação de Cabos e Soldados. […] Eu sinceramente entendi que nós tínhamos encontrado uma boa solução para essa situação, mas eu já percebi que eu fracassei.”
Policiais militares à paisana e mulheres em torno do Quartel do Comando-Geral da PM, do Batalhão de Missões Especiais e do 1º Batalhão afirmam que nenhuma viatura saiu durante a madrugada.
O motim permanece da mesma forma, segundo dizem.
No pátio do 1º Batalhão, as viaturas estavam estacionadas após o prazo dado pelo governo.
Em frente ao quartel, por volta das 7h40, uma fila de carros particulares com policiais fardados se posicionou diante do portão.
Houve uma tentativa de convencer as mulheres a liberar a saída, mas elas se agarraram ao portão, fazendo orações e cantando o hino nacional.
Os policiais que não retomaram as atividades estão sujeitos a indiciamento pelo crime militar de revolta, que leva a expulsão do militar e prevê pena de 8 a 20 anos de prisão.
Também poderão ser alvos de processos administrativos internos, que igualmente podem levar à expulsão e são mais céleres que os processos criminais.
Um total de 703 policiais já foram indiciados por revolta até sexta (10).
(FOLHA PRESS)
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