Entre prêmios e encontros com as maiores lideranças políticas da Europa, o ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu também entrevistas à imprensa do Velho Mundo.
Ao El País, o petista disse que não descarta sair candidato na eleição presidencial de 2022 e que, em havendo o triunfo, ele fará um governo melhor que os seus dois mandatos.
“Se eu voltar para a presidência, não posso fazer menos do que fiz. Por isso tenho um temor: não posso voltar para fracassar. Tenho que voltar para fazer o Brasil recuperar o seu prestígio internacional e que o povo possa comer três vezes ao dia”, declarou o petista na entrevista que estampa a capa do jornal deste domingo (21).
Ainda de acordo com Lula, o fato de ele ainda não confirmar sua candidatura para 2022, isso ocorre devido à democracia que ele defende, assim tendo que discutir o assunto com outras pessoas também, portanto não seria apenas uma decisão dele.
“Não depende de uma vontade pessoal. Eu tenho que construir com outras pessoas e com outros partidos um programa para o Brasil. Tenho que fazer uma aliança, porque o importante não é apenas ganhar as eleições, é você governar”, apontou.
Ao jornal espanhol, o ex-presidente afirmou que sua responsabilidade é ainda maior devido aos bons resultados que o Brasil vivenciou durante a gestão Lula, por essa razão as decisões devem ser pensadas meticulosamente.
“Tenho uma responsabilidade dobrada. Porque todas as pesquisas mostram que o meu Governo é considerado o melhor Governo que já aconteceu no Brasil, foi o melhor momento de inclusão social, de inclusão nas universidades, de aumento de salário e geração de emprego. Os pobres e mais humildes também conquistaram a cidadania”, explicou.
Lula tratou também do perigo da extrema-direita que, para ele, ainda tem capilaridade política e pode surgir também nas eleições de 2022.
“O populismo, o radicalismo de direita e o fascismo não estão numa fase descendente. Estão cada vez mais agressivos e crescem em vários pontos”, afirmou.
O ex-presidente foi recebido com protocolos de chefe de estado na França, Alemanha e Espanha. O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, disse que tratou com Lula sobre os temas mais importantes para os dois países.
“Espanha e Brasil compartilham fortes laços estruturais e permanentes em diferentes áreas. Hoje, encontrei-me com o seu ex-presidente, @LulaOficial, para tratar de vários assuntos de interesse comum, como a situação da pandemia, as mudanças climáticas e a recuperação econômica”, disse Sánchez.
A imprensa internacional tratou a viagem de Lula à Europa como um dos assuntos mais importantes da política. O encontro de Lula com as lideranças europeias ocorrem concomitantemente à viagem do presidente Jair Bolsonaro aos Emirados Árabes, que acabou ficando um tanto ofuscada em razão do protagonismo de Lula na Europa.
Lula foi ainda aplaudido de pé no Parlamento Europeu, teve almoço com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo. Recebeu o prêmio Coragem Política, da revista Politique Internationale e recebeu diversas homenagens de estudantes da Europa.