Economistas elevaram suas projeções para a inflação em 2018, diante da perspectiva de um dólar mais alto no fim do ano, de acordo com pesquisa Focus, do Banco Central, divulgada nesta segunda-feira (27).
A expectativa para a taxa de câmbio em 2018 passou de R$ 3,70 para R$ 3,75. Para o próximo ano, foi mantida em R$ 3,70.
Na sexta-feira (24), o dólar fechou na maior alta semanal desde novembro de 2016, após ultrapassar a barreira dos R$ 4 no fechamento de terça (21), algo que não acontecia há cerca de dois anos e meio.
Com maior pressão no câmbio, especialistas reviram também as perspectivas para o IPCA, inflação oficial do país, calculado agora em 4,17%, contra 4,15% na semana passada. Há um mês, a expectativa era de 4,11%.
O centro da meta inflacionário do governo para 2018 é de 4,50% e de 4,25% no próximo ano. Ambos têm uma margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
No acumulado de 2018 até julho, o IPCA avançava 2,94%. Mas, em 12 meses, a alta já está em 4,48%.
Apesar da aceleração do câmbio e uma eventual pressão no IPCA, o nível ainda baixo da inflação fez especialistas manterem a projeção de uma Selic (taxa básica de juros) estável na mínima histórica de 6,50% até o fim do ano. Para 2019, a previsão também prevalece em 8%.
A magnitude do impacto do câmbio na inflação divide economistas.
Para André Perfeito, economista-chefe da Spinelli Corretora, a alta do dólar vai impactar os preços e ameaça levar a inflação para cima do centro da meta estabelecida pelo governo.
“O dólar vai bater na inflação. Eu vejo um IGP-M [índice de preços usado como base para reajuste dos principais contratos de locação] em 8% ao ano, em parte pelo câmbio também”, afirma.
Segundo ele, a aceleração da moeda americana tende a forçar o BC a aumentar os juros na reunião logo após o segundo turno das eleições, nos dias 30 e 31 de outubro.
Na conta de Alessandra Ribeiro, sócia e diretora da área de macroeconomia e política da consultoria Tendências, uma depreciação cambial de 10% eleva em 0,4 ponto percentual a inflação e o repasse costuma acontecer um trimestre após a alta.
“Mas, como a economia está fraca e a recuperação, moderada, o repasse tem se mostrado mais limitado. As empresas preferem reduzir margem do que passar isso para o preço final. E mesmo que haja um repasse um pouco maior, a inflação bateria 4,25%, ou seja, dentro da meta”, afirma.
Em relação ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para o ano, houve ajuste no Focus para baixo, de 1,49% para 1,47%. A expectativa de expansão de 2,50% em 2019 foi mantida.
O PIB do segundo trimestre será divulgado nesta sexta-feira (27). Analistas ouvidos pela agência Bloomberg projetam um avanço de 0,1% na comparação trimestral. (Folhapress)
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