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| Em 4 anos atrás

Após decisão de Fachin, Lula concede entrevista coletiva à imprensa: “Fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos”

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O ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conce entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (10/03) para comentar a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin. A entrevista está sendo transmitida ao vivo no canal oficial do político e terá retransmissão feita pelo Diário de Goiás. “Fui vitima da maior mentira jurídica contada em 500 anos”, disparou.

Não faltou diretas e indiretas à Força Tarefa da Lava-Jato com Lula reiterando diversas vezes  sua inocência, mas teve de esperar mais de cinco anos para que pudesse comemorar sua inocência. Nem o presidente da República, Jair Bolsonaro foi perdoado. 

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“O presidente da República não é eleito para falar bobagem na fake news. Ele não é eleito para incentivar a compra de armas como se tivéssemos necessitando de armas. Quem está necessitando de armas são as nossas Forças Armadas, quem está precisando de armas é a nossa Polícia, que muitas vezes saem às ruas para combater a violência com um 38 velho todo enferrujado”, destacou.

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Sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal, Lula comemorou. “Eu tinha certeza que esse dia chegaria e esse dia chegou com o voto do Fachin. De reconhecer que nunca teve crime cometido por mim e nunca teve envolvimento meu com a Petrobrás e todo o sofrimento que eu passei acabou”, disparou. Disse que nomomento, apesar dos processos continuarem, está tranquilo. 

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Quer lutar para que o ex-juiz Sérgio Moro seja considerado suspeito do caso que julgou. “Eu tô muito tranquilo, o processo vai continuar, eu já fui absolvido por todos os processos fora de Curitiba, mas nós vamos continuar brigando para que o Moro seja considerado suspeito, porque ele não tem o direito de se transformar no maior mentiroso da história do Brasil e ser considerado herói por aqueles que queriam me culpar”, disse.

Mas também mencionou que mesmo diante de tantas críticas, ele sabe que a população brasileira tem sofrido muito mais. Vidas estão sendo perdidas durante a pandemia. O problema da fome tem se acentuado. Muita gente sofre.

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“É essa dor que a sociedade brasileira está sentindo agora, que me faz dizer para vocês: a dor que eu sinto não é nada, diante da dor que sofrem milhões e milhões de pessoas… É muito menor do que a dor que sofrem quase 270 mil pessoas que viram os seus entes queridos morrerem. Seus pais, avós, sua mãe, mulher, marido, filho… E sequer puderam se despedir dessa gente na hora que a gente sempre considera sagrado a última visita e olhada na cara das pessoas que a gente ama. E muito mais gente está sofrendo… E por isso eu quero prestar minha solidariedade nesta entrevista: as vítimas do coronavírus”, destacou.

O ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concede entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (10/03) para comentar a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin. A entrevista foi transmitida ao vivo no canal oficial do político e teve retransmissão realizada pelo Diário de Goiás. “Fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos”, disparou em seu discurso

Não faltou diretas e indiretas à Força Tarefa da Lava-Jato com Lula reiterando diversas vezes  sua inocência, mas teve de esperar mais de cinco anos para que pudesse comemorar sua inocência. Nem o presidente da República, Jair Bolsonaro foi perdoado. 

“O presidente da República não é eleito para falar bobagem na fake news. Ele não é eleito para incentivar a compra de armas como se tivéssemos necessitando de armas. Quem está necessitando de armas são as nossas Forças Armadas, quem está precisando de armas é a nossa Polícia, que muitas vezes saem às ruas para combater a violência com um 38 velho todo enferrujado”, destacou.

Sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal, Lula comemorou. “Eu tinha certeza que esse dia chegaria e esse dia chegou com o voto do Fachin. De reconhecer que nunca teve crime cometido por mim e nunca teve envolvimento meu com a Petrobrás e todo o sofrimento que eu passei acabou”, disparou. Disse que nomomento, apesar dos processos continuarem, está tranquilo. 

Quer lutar para que o ex-juiz Sérgio Moro seja considerado suspeito do caso que julgou. “Eu tô muito tranquilo, o processo vai continuar, eu já fui absolvido por todos os processos fora de Curitiba, mas nós vamos continuar brigando para que o Moro seja considerado suspeito, porque ele não tem o direito de se transformar no maior mentiroso da história do Brasil e ser considerado herói por aqueles que queriam me culpar”, disse.

Mas também mencionou que mesmo diante de tantas críticas, ele sabe que a população brasileira tem sofrido muito mais. Vidas estão sendo perdidas durante a pandemia. O problema da fome tem se acentuado. Muita gente sofre.

“É essa dor que a sociedade brasileira está sentindo agora, que me faz dizer para vocês: a dor que eu sinto não é nada, diante da dor que sofrem milhões e milhões de pessoas… É muito menor do que a dor que sofrem quase 270 mil pessoas que viram os seus entes queridos morrerem. Seus pais, avós, sua mãe, mulher, marido, filho… E sequer puderam se despedir dessa gente na hora que a gente sempre considera sagrado a última visita e olhada na cara das pessoas que a gente ama. E muito mais gente está sofrendo… E por isso eu quero prestar minha solidariedade nesta entrevista: as vítimas do coronavírus”, destacou.

Agradecimento à Alberto Fernandez

Eu não poderia deixar de agradecer ao presidente Alberto Fernandez da Argentina que teve a decência de enquanto candidato a presidente da República do seu país, contra a extrema-direita, ele teve a coragem de ir à Polícia Federal de Curitiba me visitar. E mais ainda: eu até pedi para ele não dar entrevista, para não ser prejudicado pela direita na Argentina e ele me disse: “Lula, eu não tenho nenhum problema com o que a direita vai falar. O meu problema é o que eu vim fazer aqui. Eu vim aqui ser solidário a você porque eu acredito que você está sendo vítima da maior mentira política já vista na América Latina”. Ao presidente Alberto Fernandez, a primeira pessoa a me ligar depois da decisão do Fachin. Ao presidente, Alberto Fernandez e ao solidário povo argentino, meus agradecimentos.

Agradecimentos ao Papa

Meus agradecimentos ao nosso querido Papa Francisco… Não só porque ele mandou uma pessoa me visitar em Curitiba e me entregar uma carta que a Polícia Federal não deixou ele entrar porque achou que ele era um embusteiro e não era o representante do Papa, e ele era o representante do Papa. E depois… eu recebi uma carta do Papa além dos belos pronunciamentos do Papa em vários momentos, e… O fato do Papa ter a coragem de me receber no Vaticano e termos uma longa conversa não sobre o meu caso, mas sobre a luta contra a desigualdade que é o maior mal que hoje paira no Planeta Terra, um planeta que é redondo! Não é retangular, nem quadrado… E o Bolsonaro não sabe disso.

Deboche à Bolsonaro: A terra não seria redonda?

É importante sempre reiterar quem puder: o planeta ele é redondo! Ele tem um astronauta no governo. O Ministro Pontes da Ciências e Tecnologia sobrevoou num foguete russo quando eu era presidente. Se ele não dormiu, ele viu que o planeta era redondo… Então, ele poderia dizer para o presidente dele não falar mais essa bobagem e não acreditar no tal do Olavo de Carvalho. Eu sou grato porque o papa Francisco é inegavelmente o religioso mais importante que nós temos neste momento. Quero neste momento, as pessoas, companheiro Aloizio Mercadante, do Grupo de Puebla,  líderes da América Latina inteira que foram solidários e confiaram na minha inocência. Quero agradecer ao Foro de São Paulo que é uma organização da esquerda latino-americana e quero agradecer a muitos líderes políticos.

Críticas ao “jornalismo lava-jatista”

No meu caso, eles nunca pediram autorização, era até engraçado porque muitas vezes eu ia fazer o inquérito e a maior preocupação do delegado que ia fazer o inquérito não era com a pergunta, era com o vazamento e o vazamento era selecionado. Tinha um jornalista na Folha, no Estadão.. Jornalista específico na Época, Veja, Istoé, em vários canais de televisão. E todo o mundo se lembra… Quantas e quantas matérias no principal da televisão. Aparecia um oléo duto um gasoduto saindo dinheiro para falar vinte ou trinta minutos das denúncias dos Procuradores sem nenhuma prova. Contra o Lula não precisava provar que o documento tinha seriedade. Era preciso destruir. Afinal das contas, um torneiro mecânico sem dedo já tinha feito demais por esse país. Era preciso evitar que esse cidadão pensasse em voltar a governar esse país. Porque a América Latina nunca trabalhou em 500 anos com políticas de inclusão social. Inclusão social era para 35% da sociedade… quem pode ir a teatro é uma parte pequena da sociedade, quem vai ao cinema, restaurante, aos parques bonitos, as exposições é uma parte pequena… A maioria, fique no seu lugar, afinal de contas, o papel do trabalhador é trabalhar. E o papel do pobre é esperar as políticas de ajuda de um governo quando ela vem… 

Elogios à Globo

Ontem eu acho que nós tivemos, um Jornal Nacional ético. Ontem eu acho que quem assistiu televisão, não estava acreditando no que estava vendo. Pela primeira vez, a verdade prevaleceu. Dita não por alguém do PT, dita pelo presidente da Segunda Turma do STF num discurso do Gilmar Mendes, dito pelo Ricardo Lewandowski, dito até pela Cármen Lúcia que nunca tinha visto nada igual aquilo. E eu fiquei feliz com a verdade porque é para isso que os meios de comunicação. Jornalista não existe para sair para rua para cumprir a ordem do editor, vocês não sabem, mas aqui nessa sala, não tem ninguém que tenha lidado com a imprensa 10% do que eu lidei. Desde de 1975 eu lido com a imprensa e com muita imprensa e eu sempre disse que o papel da imprensa quando o jornalista sai para a rua, sai com o compromisso de dizer a verdade. Nua e crua. Não tem importância que seja contra o PT, PCdoB, PSOL, PMDB, a verdade nua e crua e é para isso que precisamos de imprensa livre. Não é a imprensa que divulga aquilo que politicamente e ideologicamente ela quer. A ideologia da notícia, do jornal, da televisão ou da revista deve ser colocado no cantinho num editorial, como pensamento daquilo que o veículo pensa, mas o jornalista precisa ser livre e o compromisso de vocês deve ser aquilo que vocês viram. E não o que o editor quer que vocês escrevam. Eu fiquei feliz porque eu espero que a verdade, versada pela Globo ontem, seja o novo padrão de comportamento da Globo com a verdade. A Globo não tem que gostar ou não gostar de presidente ou de partido. Isso ela decide na hora de votar. Na hora de informar ela tem de informar a verdade e apenas somente a verdade. E ontem eu fiquei feliz porque eu vi a verdade proferida na íntegra por dois ministros da Suprema Corte. Porque antes, o Gilmar também não aparecia. Não aparecia o Lewandowski. Aparecia os acusadores durante meia hora e as vezes o Gilmar e o Lewandowski que votava contra os procuradores tinha 30 segundos. Os meus advogados eu nem falo… Porque o esforço para que meus advogados aparecessem em 30 segundos era monumental e nem sempre aparecia. Mesmo assim, eu continuo dizendo que a liberdade de imprensa é uma das razões maiores pela manutenção da democracia em qualquer país do mundo, em qualquer lugar do planeta terra. 

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.