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| Em 4 anos atrás

Após crítica de Marconi, presidente da Iquego diz que Caiado recebeu empresa sucateada: “100 milhões em dívidas”

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Uma herança de mais de 100 milhões de reais em dívidas herdado pela gestão do governador Ronaldo Caiado e do atual presidente da Indústria Química do Estado de Goiás (Iquego), Denis Pereira, praticamente inviabiliza a atividade econômica da empresa. “A Iquego como o resto do estado de Goiás foi sucateada nos últimos 20 anos de governo”, destaca Pereira em entrevista ao Diário de Goiás, desta quinta-feira (29/04).

A reação de Pereira é em resposta a afirmação do ex-governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) que ontem (28/04) foi as redes sociais dizer que a Iquego poderia contribuir com a fabricação de vacinas contra a Covid-19. “No entanto, Ronaldo Caiado menospreza o povo goiano ao confirmar sua falta de interesse no povo goiano”, escreveu o tucano.

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Denes explica que a Iquego sequer teria um parque laboratorial à disposição para a fabricação da vacina. “Temos técnicos preparados, homens e mulheres, mas em nenhum momento a Iquego tem nenhum tipo de planta para estar pronta para fabricar a vacina. Ela nunca teve essa vocação e nunca fabricou vacinas em nenhum momento de sua história”, destacou reforçando que a o cenário poderia ser outro, caso o tucano não tivesse deixado a empresa numa situação de ‘calamidade’.

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“Porém, se o ex-governador não tivesse feito o que fez com essa empresa, não tivesse deixado essa empresa numa situação de calamidade como ele deixou nós poderiamos sim trabalhar para que a gente possa começar um projeto dessa magnitude”, disparou. Denis pontua que o ex-governador ‘brinca’ com os servidores e técnicos da Iquego, além de agir com bravata. “O governador quis fazer média com todos os funcionários públicos do Estado de Goiás e tentou fazer média com nossos técnicos”, destacou.

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Tentativa de liquidação da Iquego

Para o presidente da Iquego, as palavras do ex-governador são recebidas até com aresd e surpresa. “A gente vê com muita perplexidade. Às vezes a gente imagina que o cidadão precisa de muito oléo de peroba para passar na cara”, disparou. Isso porque, em 2016, o então governador Marconi Perillo baixou um decreto que liquidaria a empresa, mesmo tendo contratos de execução de serviços com o Ministério da Saúde. 

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“Isso foi uma das coisas desastrosas da empresa. No ano de 2016, o ex-governador com um decreto de liquidação, a empresa com pré-contrato com o Ministério da Saúde para fornecimento de medicação, ele simplesmente baixa um decreto na empresa de liquidação e arrebenta com todos os negócios e novos negócios que por ventura a empresa poderia acontecer. Esse é o legado que o ex-governador deixa numa empresa séria como é a Iquego”, disparou. A tentativa de liquidação da empresa foi revogada por um outro decreto em março de 2017. 

Dívidas que inviabilizam 

Denes destaca que as dívidas herdadas pela gestão tucana frente à Iquego chegam a mais de 100 milhões de reais. Tamanha é a cifra, que a atual diretoria trabalha para corrigir os erros administrativos do passado para tentar dar um norte econômico e viabilizar a empresa para o futuro. “A Iquego não tem condição de estar produzindo o medicamento e a vacina como ele tá dizendo porque a Iquego tem uma dívida deixada pelo ex-governador Marconi Perillo de mais de 100 milhões de reais. São dívidas trabalhistas, dívidas com processos de empresas que não foram pagos aos fornecedores… Dívidas tributárias, dívidas de todas as formas que o goiano possa imaginar. Isso inviabilizou a Indústria Química do Estado de Goiás”, explicou.

O cenário encontrado ao assumir a gestão foi caótico. “Nós encontramos a empresa sem produzir um medicamento. Atolada em dívidas, com uma série de dificuldades, inclusive com convênios do Ministério da Saúde com a pasta solicitando devolução de mais de 14 milhões porque foram convênios que foram recebidos porém não foram alcançados seus objetivos”, destacou. 

Pereira explica que a atuação tanto dele como do governador Ronaldo Caiado tem sido preponderantes neste período de recuperação da Indústria. “Com a gestão do governador Ronaldo Caiado e da Iquego temos trabalhado para mitigar isso em mais de 80%, tirando das costas do goiano uma dívida que não é do goiano e sim de gestões desastrosas anteriores e nós estamos preparando a empresa para ter novos horizontes e novos negócios para que ela possa contribuir com o Estado de Goiás e com o Brasil. Mas não é com bravata, não é com conversa fiada do ex-governador que isso vai acontecer. É com trabalho sério.”

Irresponsabilidade administrativa

A Iquego era uma empresa forte e que fornecia medicamentos para todo o Brasil. Com contratos com o Ministério da Saúde, era dificil imaginar que a situação que hoje se encontra. Até a pandemia do novo coronavírus ser decretada, a empresa não produzia mais nenhum insumo há sete anos. Voltou para produzir alcool em gel. 

Para Denes, a situação chegou como está hoje graças a ‘bagunça’ e ‘irresponsabilidade administrativa’ dos últimos 20 anos. “A empresa foi muito forte. Uma empresa que atendeu o Ministério da Saúde na área de anti-retrovirais, o famoso coquetel para Aids, a empresa atendeu muito o estado de Goiás. A gente se lembra que tinhamos vários postos de saúde que encontrávamos o soro de medicação da Iquego e outros medicamentos que a Iquego fabricava. Mas infelizmente, o desgoverno e a bagunça administrativa levou a empresa na situação que estava. Não só da Iquego. São 20 anos de bagunça administrativa e de irresponsabilidade na administração. Se tem 20 anos de irresponsabilidade como estamos citando não seria do dia para noite que resolvemos o problema”, destacou. 

Por fim, dispara: “O que o ex-governador deixou na Iquego é questão de calamidade pública e de polícia”.

O que diz Perillo

Veja a postagem na íntegra do ex-governador Marconi Perillo: 

O menosprezo e a falta de interesse de Caiado pelos goianos e por Goiás são descabidos e escancarados. Mais uma prova disso é a Iquego, que tem um parque industrial muito bem estruturado, corpo técnico de primeiríssimo nível, criada no governo de Mauro Borges e que poderia muito bem estar servindo ao povo nesse momento de angústia, tristeza e preocupações.

Passou da hora de se mexer, Caiado! O povo está morrendo!

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.