Dono da J&F e delator, Joesley Batista fará um anexo complementar sobre o jantar realizado com o governador do Rio Grande do Norte, Robson Faria (PSD), e o filho dele, o deputado Fábio Faria (PSD-RN), em que teria se tratado de suposta propina relacionada às campanhas de ambos em 2014.
Segundo envolvidos nas negociações, o empresário confirmará que, na ocasião, eles trataram de pagamento de propina, mas deixará claro que isso aconteceu longe das esposas.
A complementação será feita depois que veio a público um áudio gravado pela mulher de Joesley, a apresentadora Ticiana Villas Boas, negando que o assunto tenha sido discutido no evento.
“É… aquele jantar, imagina só, não tem nada a ver… do que falaram, foi um jantar normal, eu não vi nada de, de, de, dinheiro, de… de nada que beirasse ser ilícito”, disse Ticiana em áudio enviado à Patrícia Abravanel, mulher do Fábio Faria que, segundo Saud, estava presente.
Até este momento, o suposto pagamento de propina ao governador e a seu filho só foi abordado nos depoimentos de Ricardo Saud, ex-diretor de J&F que atuava como lobista da empresa no Congresso Nacional.
Em seu acordo, o executivo falou que Robson e Fábio Faria foram beneficiários de dinheiro ilícito e, em troca, prometeram favorecer a empresa em negócios no Rio Grande do Norte. Disse ainda que acertos de propina teriam acontecido em jantar realizado com as mulheres na casa de Joesley.
“Foi um jantar muito elegante. Foi o Fábio Faria com a noiva dele, Patrícia Abravanel, filha do Silvio Santos, o Robson Faria com a esposa dele, nós todos com as nossas esposas para tratarmos de propina”, disse. “Até bacana, né? Todo mundo com as esposas juntos”, afirmou ironicamente.
Segundo ele, os pagamentos ilícitos estavam ligados às campanhas de 2014.
Joesley e os demais delatores da J&F tiveram seus acordos homologados em maio, mas têm até o início de setembro para detalhar temas que já foram abordados por eles com os procuradores.
O advogado de Fábio Faria, José Luís de Oliveira Lima, nega que o cliente tenha se beneficiado de repasses ilícitos e afirma que usará o áudio de Ticiana para entrar com um pedido no STF (Supremo Tribunal Federal) de anulação da delação de Saud.
Em nota, tanto Saud quanto Joesley reafirmaram que trataram de propina no jantar, mas destacam que as mulheres não estavam presentes no momento em que o assunto foi citado.
Ticiana disse, também por meio de nota, que em vários momentos do jantar os convidados se dividiram em grupo de homens e mulheres e que ela gravou o áudio para prestar solidariedade à amiga Patrícia Abravanel. (Folhapress)