Após ter se indisposto com o senador Renan Calheiros (MDB-AL) na disputa à sucessão do Senado, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse nesta terça-feira (5) que buscará diálogo com a bancada do MDB.
Em entrevista à Rádio CBN, ele afirmou que combinou uma conversa com os senadores Fernando Bezerra (PE) e Eduardo Braga (AM), ambos filiados à sigla e aliados de Renan, e ressaltou que o MDB tem uma “história muito importante” no país.
“É importante a gente ter um dialogo com o MDB, por tudo o que fez na história do país. Na Câmara e no Senado, em dezembro e janeiro, tive boas conversas com líderes da sigla”, disse. “O governo tem uma postura de absoluto diálogo e a gente não entrou na questão do bate-boca”, acrescentou.
O ministro disse ainda não ter dúvidas de que o “MDB do bem” irá ajudar o governo em propostas de interesse do país. Ele não explicou, contudo, quem faria parte desse grupo.
“Não tenho dúvida de que o MDB do bem, vamos dizer assim, vai ajudar para que o país se reencontre com o seu futuro”, ressaltou.
Apesar do aceno à bancada da sigla, o ministro fez críticas a Renan, ressaltando que ele deve a sua reeleição no ano passado ao PT. Segundo ele, o último plano petista era fazer da mesa do Senado uma espécie de resistência ao novo governo.
“Durante muito tempo, nos últimos 24 anos, foi o mesmo grupo politico, de [José] Sarney e do adversário do Davi [Alcolumbre], que comandaram a Casa”, disse.
O ministro se envolveu pessoalmente na candidatura de Davi Alcolumbre (DEM-AP), adversário de Renan e que acabou sendo eleito presidente do Senado. O episódio irritou boa parte da bancada do MDB, a maior da Casa.
Em seu quarto mandato como senador, Renan tem interlocução tanto com a direita quanto com a esquerda e é avaliado como um articulador hábil.
Para auxiliares de Bolsonaro, é preocupante tê-lo como adversário, sobretudo no momento em que o governo elegeu a reforma previdenciária como sua prioridade em início de gestão.
Alguns assessores governistas calculam que Alcolumbre não terá condições de entregar com a mesma velocidade que Renan a aprovação de projetos considerados prioritários por ter pouca experiência em articulação.
A preocupação deles é que, caso as pontes com Renan não sejam refeitas, ele se torne o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e dificulte a tramitação de pautas de interesse do governo. (GUSTAVO URIBE, BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)