Desde o começo das articulações políticas que antecederam o primeiro turno das eleições 2022, grandes movimentos artísticos se espalharam pelo país. O cenário político brasileiro vive hoje um dos maiores embates se tratando das eleições presidenciais. De um lado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta retornar ao Palácio do Planalto, enquanto Jair Bolsonaro (PL), corre para se reeleger novamente presidente.
Junto a esse movimento político, artistas, famosos, celebridades e subcelebridades começaram a expor seus apoios e ideologias. Personalidades consideradas importantes que não tinham declarado votos para presidente, começaram a se posicionar como por exemplo o cantor sertanejo Leonardo, que nesta segunda-feira (17), junto com Gusttavo Lima, Zezé Di Camargo e demais artistas, declaram apoio à reeleição de Bolsonaro, formando assim uma espécie de ”ala bolsonarista”.
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De outro lado, desde a corrida eleitoral antes mesmo do primeiro turno, artistas como Pabllo Vittar, Caetano Veloso, Anitta, Xuxa e Fátima Bernardes seguem se posicionando nas redes sociais em prol do petista. A cantora Ivette Sangalo é a mais nova apoiadora de Lula neste segundo turno, durante um show ela pediu que o público fizesse o famoso ”L”.
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Portanto, o que se discute aqui além do apoio artístico, é o peso que isso representa nas urnas. Afinal, esse tipo de influência determina voto? Para entendermos um pouco mais sobre o assunto, o Diário de Goiás conversou com cientistas políticos acerca do tema. Para o historiador da UFG e cientista político David Maciel, o impacto dessa adesão de artistas é menor do que possa se imaginar. Segundo ele, os artistas não tem capacidade de determinar o voto do eleitor, o apoio deles é apenas um prestígio ao candidato.
”Para um candidato ter o apoio de um artista, de uma celebridade, de um esportista é um fator de prestígio. Mas ao meu ver o voto passa muito para uma escolha racional do eleitor, ele vai votar no candidato que ele acha que vai resolver o problema dele da melhor maneira”, destaca David Maciel.
Atualmente o cenário político brasileiro ganhou uma maior adesão de artistas, para David Maciel o motivo de tamanho engajamento de famosos é porque vivemos uma situação de crise. ”A tendência é os artistas se posicionarem de maneira mais clara porque há uma demanda por respostas, todo mundo está querendo saber de que lado esse famoso está, e isso é uma crise não tem nada normal”, afirma.
Portanto, para Maciel o posicionamento de artistas conta como um ponto positivo. ”A arte é política, toda arte é política. Não necessariamente ela se manifesta partidariamente, mas política ela é”, afirma.
Pedro Célio, Drº em Sociologia e professor aposentado na Faculdade de Ciências Sociais da UFG, aponta que esse movimento é um processo que vem dos dois lados, tanto de artistas quanto de políticos. Ele explica que os artistas se veem como cidadãos e em momento de eleição nacional, principalmente essa de 2022 onde vimos a radicalização na política brasileira, eles se envolvem mais do que o normal.
Já no âmbito político, Pedro explica que candidatos e partidos buscam se aproximar daquelas pessoas que conseguem se tornar influenciadores junto ao grande público.
”Os artistas vivem em um mundo midiático. Em um mundo que tem conexão direta com a atenção do grande público. Ou seja, os políticos buscam e os artistas também sentem que isso faz parte do país e que a sua participação é importante como cidadão, como eleitor”, afirma.
Para Pedro a participação de artistas em um embate político como está acontecendo nestas eleições, acaba influenciando na imagem política do candidato. ”Para uma campanha que está em andamento, qualquer apoio de uma pessoa conhecida que seja respeitada em determinado segmento, significa uma melhoria e construção de imagem positiva, e isso facilita para pedir o voto”, destaca.