O reencontro do Corinthians com seu torcedor na Neo Química Arena terminou em festa. O time de Sylvinho derrotou o Bahia, de virada, por 3 a 1, na noite desta terça-feira, ampliou para dez jogos a série invicta no Brasileirão e subiu para o quarto lugar, com 37 pontos. O resultado, conquistado com um bom futebol, especialmente no segundo tempo, deixou alegres os 10 624 torcedores que estiveram na arena corintiana depois de 586 dias longe do time do coração. O jogo foi válido pela 24ª rodada e não sairá tão cedo da memória do corintiano.
No primeiro tempo, Gilberto abriu o placar de pênalti para os baianos, mas os anfitriões empataram com Roger Guedes, também em cobrança de penalidade, aproveitaram a expulsão de Lucas Araújo e chegaram à virada na etapa final com gols de Cantillo e Jô. O time de Sylvinho teve dificuldade para superar o ferrolho do rival quando ambos tinham 11 de cada lado, mas não encontrou problemas para dominar o adversário depois que ficou com um a mais.
O jogo fluiu e os gols saíram naturalmente, para o delírio da Fiel, que comemorou de perto um triunfo no estádio depois de mais de um ano e sete meses. O último jogo com público na Neo Química Arena havia sido o empate com o Santo André, pelo Paulistão, em 26 de fevereiro de 2020. O Bahia permanece na zona de rebaixamento, com 23 pontos. É o primeiro do grupo do descenso e não consegue se livrar do perigo da queda.
A partida que marca a volta parcial da torcida para a Neo Química Arena pôde receber até 14.600 torcedores, respeitando 30% da capacidade do estádio, mas quase 11 mil foram à arena. O ingresso mais barato custou R$ 40 (setores norte e sul) e o mais caro, R$ 650 (camarote), gerando renda de R$ 520.529,90.
O torcedor que foi à arena viu um primeiro tempo razoável do Corinthians. O time de Sylvinho, escalado com o que tem de melhor, exceto Fábio Santos, preservado por desgaste, dominou as ações, criou algumas chances, mas foi pouco incisivo. Encontrou problemas diante de um Bahia bastante recuado. Foram dez finalizações dos anfitriões contra duas dos visitantes e um gol para cada lado, ambos de pênalti, frutos de erros individuais nas duas ocasiões.
O Corinthians conseguiu algumas boas triangulações, pressionou na base do talento do seu quinteto ofensivo, mas quem abriu o placar foi o Bahia. Após levantamento na área, Gilberto caiu reclamando ter sido puxado por Lucas Piton, que não jogava há três meses. O árbitro alagoano Denis da Silva Ribeiro Serafim foi ao monitor do VAR e deu razão ao atacante. Marcou a penalidade que o próprio Gilberto converteu aos 32 minutos, deslocando Cássio. Foi o nono gol do jogador, agora artilheiro do Brasileirão ao lado de Edenílson, do Inter, e Bruno Henrique, do Flamengo.
Como costuma fazer, a torcida corintiana aumentou o volume logo após o gol sofrido, ainda durante a comemoração dos baianos. Sabia da importância para o time e isso ajudou os donos da casa a conseguir o gol de empate, também de pênalti.
No lance, Giuliano chutou em direção ao gol e Lucas Araújo colocou a mão na bola para bloquear a finalização. O juiz apontou a marca da cal sem pensar e expulsou o volante, que recebeu o vermelho cinco minutos depois de levar o amarelo. Na cobrança, Roger Guedes deslocou Mateus Claus e empatou o jogo. Foi o quarto gol em cinco partidas do atacante, que tem sido o mais decisivo dos quatro reforços de peso contratados para fortalecer a equipe a ponto de brigar entre os líderes do Brasileirão.
Na saída do gramado, Guedes falou em “arrumar erros bobos” e “entrar ligado” no segundo tempo. E foi o que o time alvinegro fez. Com uma mudança – Jô na vaga de Willian, que foi descansar devido à sobrecarga muscular – e superioridade numérica, os anfitriões voltaram melhor, mais concentrados e conseguiram a virada cedo, aos seis minutos.
Fagner cruzou a bola na primeira trave, onde estava Cantillo. O colombiano desviou de cabeça no canto oposto de Mateus Claus para marcar seu primeiro gol pelo Corinthians e consumar a virada. Superior tecnicamente, numericamente e psicologicamente, o Corinthians fez o que dele se esperava. Colocou a bola no chão e envolveu o combalido Bahia. Foram boas triangulações que quase resultaram em gol. Giuliano parou em Mateus Claus, Jô não alcançou cruzamento de Renato Augusto e o jovem Gabriel Pereira quase fez uma pintura depois de enfileirar marcadores e bater em cima do goleiro.
As chances perdidas não fizeram falta porque saiu mais um gol aos 23. Jô balançou as redes pela 28ª vez na casa corintiana e se isolou como o maior artilheiro do estádio. No lance, ele aproveitou o rebote de Mateus Claus após chute de Gabriel Pereira e mandou para as redes. O bandeira assinalou o impedimento inicialmente, mas o VAR confirmou o tento após rápida análise. Depois disso, os donos da casa administraram a vantagem até o apito final.
FICHA TÉCNICA
CORINTHIANS 3 X 1 BAHIA
CORINTHIANS – Cássio; Fagner, João Victor, Gil e Lucas Piton; Cantillo (Gabriel), Giuliano, Renato Augusto (Luan), Gabriel Pereira (Gustavo Silva) e Willian (Jô); Róger Guedes (Adson). Técnico: Sylvinho.
BAHIA – Mateus Claus; Nino Paraíba, Gustavo Henrique, Luiz Otávio e Juninho Capixaba; Lucas Araújo, Patrick de Lucca, Lucas Mugni (Edson) e Daniel (Luizão); Thonny Anderson (Óscar Ruíz) e Gilberto (Ronaldo César). Técnico: Diego Dabove.
GOLS – Gilberto (pênalti), aos 32, e Roger Guedes (pênalti), aos 49 minutos do primeiro tempo; Cantillo, aos seis, e Jô, aos 23 do segundo.
ÁRBITRO – Denis da Silva Ribeiro Serafim (AL).
CARTÃO VERMELHO – Lucas Araújo (Bahia).
PÚBLICO – 10.470 pagantes (10.624 total).
RENDA – R$ 520.529,90.
LOCAL – Neo Química Arena, em São Paulo.
(Conteúdo Estadão)