Os dados foram obtidos em pesquisa elaborada pelo Núcleo de Novas Arquiteturas Pedagógicas da Universidade de São Paulo (NAP/USP) em parceria com o Instituto iungo. A análise, baseada em dois estudos: “Desejos e Projetos de vida docentes” e “A escola pública dos sonhos para os educadores brasileiros”, constatou que, mesmo com os agravantes da pandemia, a maioria dos professores pretendem seguir atuando na educação pública e acham que o ensino púlico precisa de modificações.
O primeiro estudo, “Desejos e Projetos de vida docentes”, foi realizado com 2 mil professores, no qual 83% respondeu que em seus projetos de vida a Educação ocupa papel central. Mesmo com as pesquisas tendo sido feitas em 2021, cenário em que as aulas presenciais ainda estavam suspensas devido à pandemia, com grande impacto na educação e maior ambiente de estresse para os docentes, os dados foram surpreendentemente positivos. Os depoimentos do professores variaram entre intenção de compromisso com a educação como um projeto pessoal de vida e busca por maior qualidade de ensino para os alunos.
O segundo estudo, “A escola pública dos sonhos para os educadores brasileiros”, constatou que, dos 1500 docentes ouvidos, 97% acreditam que a escola ideal seria diferente da atual. Segundo relatos dos professores, os ambientes escolares necessitam de melhores infraestruturas, mais metodologias ativas para o processo de aprendizagem mais adequado, relações mais democráticas dentro das instituições e currículos escolares mais conectados com a formação cidadã.
Para o diretor do Instituto iungo o desejo de uma escola pública diferente pode ser compreendido como um sintoma de que a educação ainda é vista como um aspecto central na vida dos professores. “Ter um projeto de vida é o que nos move a olhar criticamente para o nosso entorno, desejar e buscar ferramentas para tornar o nosso sonho, o mais real possível. O estudo nos mostra que, apesar dos conhecidos desafios da docência, agravados pela pandemia, os professores acreditam no poder transformador da Educação e têm ideias muito concretas sobre como melhorar a escola pública”, conclui o diretor.
Ambas as pesquisas foram feitas com professores de todas as regiões do Brasil, em que os participantes responderam questionários abertos, de forma espontânea e dissertativa. As análises ponderaram o número de integrantes por região do país, de forma que ficasse proporcional à distribuição geográfica dos professores de educação pública no Brasil, de acordo com os dados do Censo Escolar 2018.