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Apesar de clichês, Trump pode renovar a ‘marca EUA’, dizem pesquisadores

Eleito presidente dos Estados Unidos prometendo colocar o país em “primeiro lugar”, Donald Trump fez duras declarações sobre outras nações e assustou mercados e diplomatas pelo mundo. Em vários países, manifestantes foram às ruas protestar contra ele, e especialistas em relações internacionais já apontam que o novo governo pode reduzir a credibilidade do país e desferir um golpe em seu soft power, o poder de persuasão. Mas pesquisadores de “nation branding”, voltados a entender a reputação global de países, dizem que o impacto do presidente Trump pode ser positivo para a “marca EUA”.

“Trump vai ser a maior renovação da marca dos EUA em décadas. Sua presidência vai impulsionar tremendamente a posição do país no mundo”, disse à Folha o economista Jeremy Hildreth, especialista em marketing e marcas, coautor do livro “Brand America”, sobre a imagem internacional dos Estados Unidos.

Para ele, com Trump, os EUA vão reforçar alguns dos seus estereótipos internacionais, já que as pessoas do mundo vão ver é a “versão do país que elas gostam e respeitam: um país forte com um toque de jeito de caubói e presença de palco de uma estrela de cinema, mas que também é benigna cooperativa e não manipuladora em assuntos internacionais”, explicou.

Otimista, Hildreth critica a imprensa pelo que chama de “demonização” do presidente eleito, e diz que as visões negativas sobre como ele é como pessoa e como líder não vão sobreviver. “Acredito que Trump vai se tornar muito querido em todo o mundo e que os Estados Unidos vão se tornar ainda mais populares do que foram em muito tempo.”

IMAGEM VOLÁTIL

Segundo Simon Anholt, consultor britânico, criador do projeto Good Country e da plataforma Global Vote, é impossível prever exatamente como a opinião pública internacional vai reagir a Trump. Ainda assim, exemplos históricos mostram que eleições podem, sim, ter efeito sobre a reputação de uma nação.

Um dos primeiros pesquisadores a analisar a imagem internacional de países como se fossem marcas, Anholt é o criador do Nation Brands Index (NBI), um ranking internacional de países com a melhor reputação internacional. Segundo ele, o caso dos Estados Unidos é diferente de outros países. Por ser a maior potência mundial, trata-se de um país sobre o qual as pessoas pensam com frequência, portanto sua imagem fica muito mais volátil e sujeita a mudanças.

“Quando George W. Bush foi reeleito presidente em 2005, a imagem dos Estados Unidos desabou da primeira para a sétima posição no NBI, e voltou ao primeiro lugar quando Obama foi eleito”, contou em entrevista à Folha.

A variação é relevante porque estudos sobre imagem internacional de países mostram a reputação de uma nação costuma ser estável, e não mudar muito em períodos curtos ou por causa de uma ou outra notícia. O Brasil, por exemplo, costuma variar uma posição, entre a 20ª e a 21ª ao longo de quase uma década de NBI, seja em momento positivos (como o crescimento econômico e estabilidade no ano 2010), seja em momentos mais difíceis (como na crise econômica atual).

PAÍS BOM E PAÍS MAU

Para além da imagem internacional dos Estados Unidos, Anholt diz que o maior problema vai ser o efeito de Trump para o projeto “Good Country”, uma avaliação sobre a contribuição de cada nação para além das suas fronteiras, aliado a propostas de que o mundo deve ser pensado como um todo, e não como nações isoladas.

“A visão de Trump para os Estados Unidos é exatamente o oposto do que chamo de “país bom”: um país que leva suas responsabilidades internacionais tão a sério quanto as domésticas e que trata o planeta com tanto respeito quanto seu próprio território. Não há dúvida de que a decisão dos EUA de não ser um ‘país bom’ tem consequências bem mais sérias para a humanidade do que qualquer outro país.”

Essa postura de Trump pode ajudar a explicar o resultado da eleição na votação simbólica do site Global Vote. Mais de 100 mil pessoas de 130 países votaram de forma simbólica nas eleições presidenciais norte-americanas. Hillary Clinton venceu esta votação com 52% dos votos. Trump teve apenas 14%, menos do que Jill Stein, que recebeu 19%.

O problema, diz Anholt, é que os países precisam pensar o planeta mais de forma colaborativa, e menos em termos de competição, e ao usar o slogan “America First”, Trump indica que pretende aumentar a competição para derrotar os outros países.

“Quando você se torna um chefe de Estado, você se torna parte de um time que governa o planeta. Você adquire obrigações em relação a todos os homens, mulheres, crianças e animais no planeta: não apenas seus próprios eleitores. Se você não quer a responsabilidade de ajudar a governar o mundo, você não deve governar um país”, explica.

Sem tratar exatamente de imagem, o historiador Thomas Bender, professor da Universidade de Nova York e autor de “A Nation Among Nations”, diz que o governo Trump pode mudar totalmente o lugar dos EUA no mundo.

“Absolutamente. O alcance do que ele pode fazer é assustador porque ele vai ter apoio do Congresso e possivelmente uma Suprema corte Conservadora. Ele pode mudar as relações dos EUA com outros países”, disse, pessimista sobre este impacto.

(FOLHA PRESS)

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