Com 35 votos favoráveis e nenhum contrário, Anselmo Pereira (PSDB) foi eleito o novo presidente da Câmara Municipal de Goiânia para o biênio 2015-2016. Compõe a nova mesa diretora do legislativo, Tayrone Di Martino (PT) na 1ª vice-presidência e Rogério Cruz (PRB) será o 2º vice-presidente. Zander Fábio será (PSL) será o 1º secretário, Geovani Antônio (PSDB) o 2º, Pedro Azulão Júnior (PSB) será o 3º e Mizair Lemes Júnior (PMDB) o 4º secretário.
O vereador assume a presidência no dia 1º de janeiro, mas de fato começará a exercer o cargo somente a partir do dia 18 de fevereiro, quando foi marcado o início dos trabalhos legislativos de 2015. O novo presidente destacou que não pretende fazer oposição ao prefeito de Goiânia, Paulo Garcia.
“ Uma relação extremamente diplomática, convergente, observando os problemas da cidade, mas colocando sempre a Câmara como autônoma. Vamos ter a mesa alinhada com os assuntos da cidade, sempre tentando o benefício para a cidade”, destaca.
De acordo com o presidente eleito, não há relação da vitória dele com a votação do projeto de aumento do IPTU, numa possível tentativa de trocas de apoio.
Articulações e Fragilidade na base
A eleição de Anselmo escancarou a fragilidade da base do prefeito Paulo Garcia na Câmara. Antes da votação, a oposição, aliada ao Bloco Moderado e a dissidentes da base contava com 23 votos, conforme adiantado pelo Diário de Goiás.
Antes da sessão especial de eleição, ocorreu a última sessão ordinária de 2014. Durante o processo, vários parlamentares deste grupo estiveram reunidos em gabinetes e salas da Câmara, para evitar pressões. Os vereadores somente voltaram em peso, quando foi iniciada a sessão de eleição. Os integrantes da base reclamaram dos oposicionistas que não estavam em plenário para votar projetos.
Alguns secretários estiveram presentes na Câmara, entre eles, o de Governo, Osmar Magalhães e o Controlador Geral do Município, Edilberto Dias. O propósito foi tentar convencer os dissidentes a mudarem de ideia. Mas os esforços foram em vão. A base tentava articular uma chapa, várias reuniões foram realizadas, mas não havia consenso.
Durante o início da votação da Mesa Diretora, o vereador Deivison Costa (PT do B) ainda tentou emplacar o nome dele para a disputa. Anunciou uma chapa, mas os componentes quase que na totalidade pediram a retirada dos nomes alegando que não participaram de nenhuma articulação que não fosse a da chapa oposicionista.
Desta forma, Costa foi obrigado a retirar a chapa. Logo em seguida, o vereador Denício Trindade (PMDB) destacou que o mais honroso seria reconhecer a derrota e todos votarem no vereador Anselmo Pereira.
“Eu enquanto membro da base do prefeito, acho que nesta Casa não tem perdedor e nem vencedor. Temos que ter a grandeza de reconhecer que não fomos felizes na nossa articulação e reconhecer que a vitória não é de A, B ou C, mas é desta Casa. Temos que reconhecer a unanimidade da chapa”, declarou Trindade.
O líder do Bloco Moderado, Zander Fábio (PSL) reclama que o prefeito Paulo Garcia demorou a agir. Ele informou que procurou o prefeito no início das discussões, mas não houve resposta.
“Nós tentamos um entendimento com a prefeitura. Não foi possível. Acho que esperaram muito. Não temos nenhuma vontade de colocar esta mesa contra o prefeito, o vereador Anselmo Pereira teve a sabedoria de fazer as articulações”, destaca Zander que foi eleito 1º secretário e foi o único que não foi unânime. A vereadora Cida Garcez não votou no parlamentar do PSL e se absteve.
Para o vereador Elias Vaz (PSB), a fragilidade da base do prefeito facilitou o trabalho da oposição.
“Acho que o fundamental foi a quantidade de erros da administração do prefeito Paulo Garcia. Há um descontentamento muito grande por parte dos vereadores. Muitos vereadores têm questionado as ações do prefeito, o relacionamento dele com a base, isso favoreceu muito para que o prefeito fosse derrotado aqui”, ressalta.
Articulações da Oposição
Vários vereadores passaram a noite em um hotel fazenda localizado na região de Anápolis. O intuito era de evitar pressões externas. O grupo estava tranquilo. Contava com a maioria: 23 vereadores.
Na Câmara, os parlamentares apenas aguardavam o momento certo para eleger Anselmo Pereira. Várias articulações ocorreram. De acordo com o vereador Zander Fábio, o fundamental foi que vaidades foram retiradas e vários vereadores abriram mão de disputar a presidência, inclusive ele.
Durante todo o processo de articulação da eleição da mesa diretora, muito se falou a respeito de uma possível interferência do governador Marconi Perillo (PSDB) e do presidente da Agetop Jayme Rincón.
Anselmo Pereira foi questionado pelo Diário de Goiás sobre o assunto. Ele respondeu durante entrevista, mas foi usando a Tribuna que fez questão de explicar em detalhes qual foi a participação de Perillo e Rincón na construção da chapa.
“ Em nenhum momento o governador interviu diretamente na formação desta chapa. Eu só fiz uma ligação a ele para agradecê-lo e fortalecer o movimento destes 23 companheiros. Quero agradecer também Jayme Rincón, pois tem uma relação com muitos companheiros em suas bases, seja na construção de tantos benefícios na cidade de Goiânia”, argumenta.
De acordo com Anselmo Pereira a interferência foi apenas administrativa, em virtude das realizações do governo do estado e não política.
Comissões
Para a escolha das Comissões, o atual presidente da Câmara, Clécio Alves (PMDB) convocou uma reunião para as 8 h próxima segunda-feira (15) com os vereadores para que ocorra a definição dos nomes, levando em consideração a representatividade de cada partido. As 9h será realizada uma sessão extraordinária para oficializar os responsáveis pelas comissões, sendo um total de 16.
Destas as principais são: Mista e de Constituição e Justiça (CCJ). Para a primeira, o nome acordado foi o de Thiago Albernaz (PSDB) e para a CCJ Elias Vaz (PSB).
Nos bastidores, alguns vereadores da base do prefeito colocam que ele terá dificuldades de governabilidade, por conta da nova formação nestas duas comissões.
(Foto: Leoiran)