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Política
| Em 2 anos atrás

Amauri Ribeiro recorre a Demóstenes Torres para se safar da prisão

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O deputado estadual Amauri Ribeiro (União Brasil) conhecido por seu chapéu e pelas polêmicas manifestações acerca dos atos antidemocráticos que insuflaram o Brasil no período pós-eleições contratou o ex-senador e advogado Demóstenes Torres para evitar o pedido de prisão da Polícia Federal. A defesa protocolou um habeas corpus preventivo nesta sexta-feira (09/06).

A informação de que a PF iria pedir a prisão do deputado estadual foi publicada pela primeira vez pelo jornalista Lauro Jardim, do O Globo. É a partir dela que a petição de Demóstenes embasa para originar o habeas corpus preventivo. O Diário de Goiás teve acesso ao documento com 326 páginas assinado pelo escritório de Demóstenes. 

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Entre outros argumentos, Torres alega que, de acordo com a Constituição Estadual, apenas os deputados estaduais podem viabilizar a prisão de um parlamentar em mandato. “Os deputados não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Neste caso, os autos serão remetidos dentro de vinte quatro horas à Assembleia Legislativa, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão”.

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Após breves explanações, Demóstenes pede ao ministro Alexandre de Moraes, que rejeite o eventual pedido de prisão preventiva contra o deputado estadual Amauri Ribeiro, “porquanto incabível e desnecessária”.

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Relembre o caso: Amauri Ribeiro reitera financiamento a acampamentos antidemocráticos

Na tribuna da Assembleia Legislativa em sessão plenária na última terça-feira (06/06), Amauri Ribeiro travou um duro embate com o deputado estadual Mauro Rubem (PT).  O parlamentar petista defendia mais dureza na punição dos financiadores dos acampamentos antidemocráticos que insuflaram o Brasil após o segundo turno das eleições e que culminaram na invasão a Praça dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro.

Amauri Ribeiro não gostou da forma como Mauro discursou ao colocar todos os manifestantes como ‘vândalos, golpistas e terroristas’. Entre um discurso e outro, o deputado estadual Major Araújo não entrou no embate entre a dupla, mas lamentou o fato do tenente Benito Franco e ex-comandante das Rondas Ostensivas Tática Metropolitana, da Polícia Militar (ROTAM) estar preso por ter insuflado atos antidemocráticos. Para o parlamentar, era um absurdo a prisão do militar no dia em que a ROTAM fazia aniversário.

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Próximo a fazer discurso, Amauri Ribeiro pontuou que, se Benito Franco estava preso, ele também deveria estar. Contexto: o tenente-coronel está há dois meses preso, alvo da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal. “A prisão do Coronel Franco é um tapa na cara de cada cidadão de bem neste estado. Foi preso sem motivo algum, sem ter feito nada”, introduziu o discurso.

Amauri, sempre com o seu chapéu continuou e disse que se Franco estava preso, ele também deveria estar, afinal, fez a mesma coisa. “Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha na visão de vocês. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro. Eu acompanhei lá e também fiquei na porta porque sou patriota”, disparou. 

Direcionando as palavras a Mauro Rubem Amauri Ribeiro completou. “Respondendo sua pergunta, o dinheiro não veio de fora. Veio de gente que acredita nesta nação e que defende este país mas não concorda com o governo corrupto e bandido”.

Amauri Ribeiro confirmou dinheiro a acampados, mas disse que imprensa distorceu sua fala

No dia seguinte à repercussão, a Rádio Bandeirantes abriu espaço para que Amauri Ribeiro pudesse “dar sua versão”. Entre a defesa, o parlamentar preferiu atacar à imprensa chamando-a de “canalha”. Em tom efusivo, disse que não seria “burro” nem “idiota” em financiar os atos dos dia 8 de janeiro. “Parte da imprensa podre e suja que gosta de vender notícia ruim e que não tá preocupado com a família”, disparou. “Infelizmente, grande parte da mídia e da imprensa do nosso país não vende notícia boa”, disse em outro momento.

Por dezenas de vezes, subi na Tribuna e repudiei o que aconteceu em Brasília no oito de janeiro. Uma vergonha porque nós ficamos durante quase dois meses acampados na porta dos quartéis num processo pacífico e democráticos. Sem nenhuma quebradeira e a lei nos dá esse direito. Inclusive, o próprio Exército Brasileiro divulgou uma nota dizendo que o que estava acontecendo era democrático. Não cometemos nenhum crime

Amauri Ribeiro continua dando detalhes de como era seu relacionamento com os acampados. De acordo com ele, o ‘financiamento’ era feito por meio do famoso ‘chapéu’, onde várias pessoas faziam suas vaquinhas para ajudar a comprar suprimentos e alimentação.

Eu me referia ali quando eles disseram que tinha de ir pra cadeia todos que participaram eu também disse que também teria de ser preso. Porque eu participei, fui pras portas dos quartéis, ajudei com comida e água porque as pessoas que estavam ali não tinha condição. Famílias inteiras ficaram dois meses acampadas ali em barracas. Tinha criança que não tinha leite para beber. Ali nós passamos o chapéu como se diz e ajudamos um pouquinho para poder alimentar as pessoas que estavam ali. Isso é crime? Eu cometi algum crime?

E completou voltando a condenar os atos do dia 8 de janeiro. “O que aconteceu em Brasília no 8 de janeiro é repudiado por todos os patriotas que ficaram assim como eu, na porta dos quartéis. Eu não seria idiota. Não é porque eu uso chapéu e botina que eu sou tão burro assim quanto eles acharam. Eu não seria idiota em falar um absurdo desses…”, disparou em tom irônico.

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.