O pedido de habeas corpus preventivo que a equipe do advogado Demóstenes Torres protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) em defesa ao deputado estadual Amauri Ribeiro, nesta sexta-feira (09/06) diz que sua eventual prisão é “incabível e desnecessária”. A hipótese preocupou o parlamentar que disse, em tom irônico, na última terça-feira (06) merecer estar preso por ter financiado acampamentos antidemocráticos. O documento tem 326 páginas e é direcionada ao ministro Alexandre de Moraes.
A defesa do deputado até reconhece que Amauri Ribeiro contribuiu com a manutenção de alguns acampamentos, levando suprimentos, mas que condenava os ataques que ocorreram em Brasília no dia 8 de janeiro. ‘Por questões humanitárias levei água e alimentos para os mais carente que lá estavam; considero vândalos, bandidos e delinquentes os que participaram das depredações ocorridas em 8 de janeiro desse ano”, escreve em primeira pessoa”,
Entre outros argumentos, Torres alega que, de acordo com a Constituição Estadual, apenas os deputados estaduais podem viabilizar a prisão de um parlamentar em mandato. “Os deputados não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Neste caso, os autos serão remetidos dentro de vinte quatro horas à Assembleia Legislativa, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão”.
Após breves explanações, Demóstenes pede ao ministro Alexandre de Moraes, que rejeite o eventual pedido de prisão preventiva contra o deputado estadual Amauri Ribeiro, “porquanto incabível e desnecessária”.
Na tribuna da Assembleia Legislativa em sessão plenária na última terça-feira (06/06), Amauri Ribeiro travou um duro embate com o deputado estadual Mauro Rubem (PT). O parlamentar petista defendia mais dureza na punição dos financiadores dos acampamentos antidemocráticos que insuflaram o Brasil após o segundo turno das eleições e que culminaram na invasão a Praça dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro.
Amauri Ribeiro não gostou da forma como Mauro discursou ao colocar todos os manifestantes como ‘vândalos, golpistas e terroristas’. Entre um discurso e outro, o deputado estadual Major Araújo não entrou no embate entre a dupla, mas lamentou o fato do tenente Benito Franco e ex-comandante das Rondas Ostensivas Tática Metropolitana, da Polícia Militar (ROTAM) estar preso por ter insuflado atos antidemocráticos. Para o parlamentar, era um absurdo a prisão do militar no dia em que a ROTAM fazia aniversário.
Próximo a fazer discurso, Amauri Ribeiro pontuou que, se Benito Franco estava preso, ele também deveria estar. Contexto: o tenente-coronel está há dois meses preso, alvo da Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal. “A prisão do Coronel Franco é um tapa na cara de cada cidadão de bem neste estado. Foi preso sem motivo algum, sem ter feito nada”, introduziu o discurso.
Amauri, sempre com o seu chapéu continuou e disse que se Franco estava preso, ele também deveria estar, afinal, fez a mesma coisa. “Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha na visão de vocês. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro. Eu acompanhei lá e também fiquei na porta porque sou patriota”, disparou.
Direcionando as palavras a Mauro Rubem Amauri Ribeiro completou. “Respondendo sua pergunta, o dinheiro não veio de fora. Veio de gente que acredita nesta nação e que defende este país mas não concorda com o governo corrupto e bandido”.
No dia seguinte à repercussão, a Rádio Bandeirantes abriu espaço para que Amauri Ribeiro pudesse “dar sua versão”. Entre a defesa, o parlamentar preferiu atacar à imprensa chamando-a de “canalha”. Em tom efusivo, disse que não seria “burro” nem “idiota” em financiar os atos dos dia 8 de janeiro. “Parte da imprensa podre e suja que gosta de vender notícia ruim e que não tá preocupado com a família”, disparou. “Infelizmente, grande parte da mídia e da imprensa do nosso país não vende notícia boa”, disse em outro momento.
Amauri Ribeiro continua dando detalhes de como era seu relacionamento com os acampados. De acordo com ele, o ‘financiamento’ era feito por meio do famoso ‘chapéu’, onde várias pessoas faziam suas vaquinhas para ajudar a comprar suprimentos e alimentação.
E completou voltando a condenar os atos do dia 8 de janeiro. “O que aconteceu em Brasília no 8 de janeiro é repudiado por todos os patriotas que ficaram assim como eu, na porta dos quartéis. Eu não seria idiota. Não é porque eu uso chapéu e botina que eu sou tão burro assim quanto eles acharam. Eu não seria idiota em falar um absurdo desses…”, disparou em tom irônico.