O deputado estadual Alysson Lima (PSB) protocolou um requerimento em que solicita aos pares a proibição da liberação da barragem do João Leite para lazer e turismo e consequentemente a suspensão dos debates em torno do assunto. O texto tem caráter de urgência e deve ser apreciado em plenário. “Apresentei para poder estancar esse discurso no momento. É algo completamente incabível”, destacou o parlamentar ao Diário de Goiás.
O parlamentar pontuou que o objetivo do requerimento é “evitar os imensuráveis danos ambientais e sanitários, assim como o desabastecimento da cidade de Goiânia e Região Metropolitana”. Lima também argumenta que a liberação do Ribeirão João Leite é “equivocada” e que pode ocasionar a “falta de abastecimento da população goiana”. Agora, os parlamentares irão apreciar o documento.
OAB-GO fará estudos e avalia judicializar a questão
Não é só o parlamentar que demonstra preocupação em relação ao projeto. A Comissão de Direito Ambiental irá se debruçar sobre o projeto que permite o uso recreativo dos lagos Parques Altamira Pacheco e Ribeirão João Leite na região Metropolitana de Goiânia. A princípio, os membros veem com preocupação o projeto do Governo de Goiás e avaliam que se houverem ilegalidades, não vão medir esforços para entrar com as medidas judiciais cabíveis, de acordo com o presidente do colegiado, o advogado Eduardo Moura em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta quarta-feira (20/04).
“Nós vamos tomar qualquer medida necessária, desde que vejamos a partir dos estudos e se houver ilegalidade, com certeza tomaremos todas as medidas possíveis, legais, judiciais e administrativas”, destacou em entrevista ao editor-chefe do Diário de Goiás e apresentador do Manhã Bandeirantes, Altair Tavares.
Empresários reclamam que não foram convidados para o debate
Empresários e donos de imobiliárias em Goiânia reclamam não terem sido convidados para o debate e ainda dizem que veem com apreensão o debate promovido pelo Governo de Goiás. O presidente do Sindicato dos Condomínios e Imobiliárias de Goiás (SecoviGoiás), Antônio Carlos Costa, disse, ao Diário de Goiás na última terça-feira (19) que o sindicato ficou sabendo pela imprensa.
“O Secovi-Go não conhece nenhuma proposta daquilo que está sendo desenvolvido. A gente precisaria olhar a proposta para interpretar e saber como se posicionar perante essa nova proposta de ocupação ou não ocupação da barragem”, destaca. De qualquer forma, Costa diz que no momento vê com certa apreensão o debate. “Nós vemos com preocupação usar nosso reservatório como lazer. Pessoalmente e até como Secovi já discutimos, temos um pouco de receio. Mas a gente tem que ouvir a proposta de quem está com as ideias”, pontua.
Por outro lado, Costa defende ferramentas de preservação que caminhe junto com o estímulo aos produtores de água. “O Secovi sempre defendeu a questão de desenvolver algo que preserve e nunca deixar uma questão de que não pode nada. Onde nada pode, tudo pode. Eu sou um defensor ferrenho do produtor de água, precisamos pegar os produtores rurais da região e desenvolver uma silvicultura de fato pagando o produtor de água, agricultura orgânica pagando com produtor de água para que desenvolvam atividades econômicas que preserve”, pontuou.
O João Leite é responsável por dois terços da produção da água distribuída em Goiânia e na Região Metropolitana. Para Antônio Carlos, é preciso lembrar sempre que o rio é ”nossa caixa d’água”.
O lago do João Leite, contudo, foi criado para abastecimento público de água na Grande Goiânia. Desde então, o acesso recreativo é proibido com a finalidade de garantir a qualidade da água que abastece os moradores da capital goiana. A ideia do projeto é transformar o rio em uma opção para práticas esportivas que não envolvam veículos aquáticos motorizados.