Embora o governador Marconi Perillo (PSDB) faça um discurso que tenta deixar dúvidas sobre sua disposição de encarar outra disputa eleitoral ao governo em 2014, sua base de sustentação mostra tranquilidade e bastante confiança de que o tucano será o nome da situação na corrida sucessória. Mesmo o governador afirmando que não irá ser candidato e que dentro do seu bloco é preciso um novo nome, como ressaltou em entrevista à Tribuna, na semana passada, os governistas não se mostram tensos. Eles, inclusive, têm até dificuldade em apontar uma opção ao governador. Para a base aliada, o único nome viável do grupo é Marconi Perillo.
Na semana passada, o governador, em visita à Tribuna, afirmou que estuda a possibilidade de não ser candidato. “Estarei com o dever cumprido até o final do ano que vem, e tenho muita consciência disso. A vontade pessoal e da minha família é de eu não ser candidato”, disse o governador, que mais adiante a reforçou essa ideia: “Espero convencer a todos de que é hora de termos uma candidatura nova no nosso bloco”.
Para os líderes da base aliada, no entanto, está claro que Marconi é o candidato natural e que seu posicionamento atual, ao colocar dúvida sobre sua postulação, é para que seu foco de trabalho fique na gestão do Estado e, assim, ele possa fazer uma administração com resultados que sejam percebidos pela população. Depois de dois anos difíceis, o tucano tenta alavancar o governo neste terceiro ano de gestão e, assim, recuperar a imagem perdida na primeira metade de seu governo.
Essa visão de que Marconi será mesmo o candidato em 2014 está clara na forma que ele vem trabalhando, intensificando a agenda de viagens ao interior do Estado. Em agosto, foram cerca de 30 cidades visitadas e para setembro, como anunciou durante encontro com os prefeitos, Marconi irá visitar 80 municípios para entrega de serviços, benefícios e inauguração de obras. E a capital não fica de fora das ações do governo. Há construções de viadutos, hospitais, duplicação de rodovias em todas as saídas de Goiânia.
Na região noroeste, a mais populosa de Goiânia, o governo viabiliza a entrega de escrituras para regularizar a moradia de milhares de pessoas. Além disso, desde a segunda metade do primeiro semestre, o governo intensificou à realização das edições do programa Governo Junto de Você, ou antigo Governo Itinerante, que está passando por várias regiões. O programa leva todos os serviços do Estado para um único local, onde toda população é atendida.
São essas ações que têm dado aos apoiadores de Marconi tranquilidade e, acima de tudo, a certeza de que o tucano será mesmo o candidato. Entre os parlamentares da base há um discurso de consenso de que as afirmações do governador não passam de uma estratégia para se precaver de ataques adversários, demanda de aliados e ganhar força para tocar a gestão.
Sem dúvida
Na entrevista à Tribuna, na semana passada, ao mesmo tempo em que o governador falou claramente que não pretende ser candidato, também deixou nas entrelinhas que, se precisar, não se furtará em encarar o pleito pela quarta vez em sua carreira. Em alguns momentos, inclusive, o governador parece se contradizer: “Não fujo de disputa, e nunca corri de nenhuma. Aliás, se tem uma coisa que me faz às vezes ser mais determinado nas minhas coisas é quando me desafiam. Espero não ser desafiado para não precisar ser candidato”, pontuou.
A chance de que pode haver um ‘blefe’ nas atuais afirmações é ressaltado quando o governador é questionado se pode sair candidato a outro cargo, que não seja o de governador. “Vou ficar no governo até o final do mandato. Isso significa que só terei duas alternativas: ser candidato à reeleição ou não ser”, filosofa.
O secretário-chefe da Casa Civil, Vilmar Rocha (PSD), diz que a base aliada não tem plano B e que todo capital político da base será empregado somente em Marconi, “único nome plausível” para disputar as eleições. “O objetivo dele em não se declarar é tático, não antecipar a corrida eleitoral para agora”, explica. Para o deputado estadual Fábio Sousa (PSDB), os sinais de que o governador será candidato são claros: “O Marconi começou um projeto bem sucedido e somente ele pode fechar esse trabalho de três governos com mais um quarto mandato”.
Ainda na avaliação de Sousa o chefe do Executivo é a maior liderança da base aliada e, assim, não é possível fazer discurso contra Marconi. “O governo tem trabalhado para demonstrar resultados. Por exemplo, as estradas estão sendo reconstruídas e no quesito segurança os índices têm demonstrado tendência de baixa. Esses pontos positivos só fazem minar qualquer dúvida de que o governador não será candidato”, explica.
A afirmação de Fábio Sousa faz ressonância no discurso do deputado Francisco Júnior (PSD), que diz que Marconi neste momento não precisa antecipar discussões e se colocar como candidato. “O governador está focado na sua gestão. Ele está terminando de superar uma fase de dois anos de governo difícil e tem de se preocupar na administração. O governo, com suas diversas atuações, está ganhando força e no final o governador não terá como não ser candidato. Ele vai ficar refém do seu sucesso”, ressalta Francisco Júnior.
Outros dois nomes dentro PSDB também acreditam que o posicionamento de Marconi de não ser candidato é apenas temporário: o presidente regional do PSDB, Paulo de Jesus, e o deputado estadual Túlio Isac (PSDB). “Hoje que ele não é candidato. Sua ação é de governador, mas ele não deixa de ser político”, analisa Jesus. O presidente ainda diz que o partido e a base quer muito a candidatura de Marconi.
Já Túlio Isac, líder do PSDB na Assembleia Legislativa e defensor de primeira hora do governador, acredita que o ritmo do governo mostra a intenção real do tucano. “A quantidade de ações e a forma que o governador vem trabalhando nos deixa muito tranquilos, apesar de não sabermos o que se passa na sua cabeça”, diz.
Imagem
Integrante da base aliada de Marconi, o deputado Talles Barreto (PTB) é outro que confia veementemente na candidatura de Marconi e diz que o governador está muito confortável em sua situação política, colhendo os frutos dos primeiros anos de governo.
Mesmo o governo não estando bem em pesquisas de avaliação – o Serpes, por exemplo, em seu último levantamento mostra que somente 30,4% da população aprova o governo – e atualmente ter desconfiança por parte do funcionalismo público devido ao parcelamento do pagamento da data-base aos servidores, o petebista diz que Marconi não só será candidato, como também irá ser reconduzido ao cargo e com o apoio do PTB. “Por enquanto, ele não pode criar uma imagem de candidato, ele é governador”, sublinha.
Há algumas semanas, o presidente regional do PTB, deputado federal Jovair Arantes, disse ao jornal O Popular que caso Marconi não seja candidato à reeleição, seu partido estaria livre para procurar outro caminho. Este poderia ser, inclusive, o PT do prefeito de Anápolis Antônio Gomide, amigo pessoal de Jovair. Com Marconi candidato, porém, o partido é aliado certo.
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“Estarei com o dever cumprido até o final do ano que vem, e tenho muita consciência disso. A vontade pessoal e da minha família é de eu não ser candidato”
Marconi Perillo (PSDB), governador
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“O partido tem três opções: Marconi, Marconi e Marconi”
Fábio Sousa (PSDB), deputado estadual
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“O objetivo dele em não se declarar é tático, não antecipar a corrida eleitoral para agora”.
Vilmar Rocha (PSD), secretário-chefe da Casa Civil
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“O governador está focado na sua gestão. O governo está ganhando força e no final o governador vai ficar refém do seu sucesso”
Francisco Júnior (PSD), deputado estadual
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“A quantidade de ações e a forma que o governador vem trabalhando nos deixa tranquilos, apesar de não sabermos o que se passa na sua cabeça”
Túlio Isac (PSDB), deputado estadual
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Base não tem alternativa ao governador
Na hipótese do governador Marconi Perillo estiver falando sério e desistir da reeleição, quem seria a melhor opção para substituí-lo e ser candidato em 2014? Esta pergunta ainda não tem resposta dentre os aliados do tucano. Poucos dentro da base arriscam a sugerir outro nome que não o de Marconi para concorrer ao governo em 2014. “O partido tem três opções: Marconi, Marconi e Marconi”, analisa o deputado Fábio Sousa.
Esta é a visão de muitos de seus partidários no PSDB e na base. Túlio Isac avalia que neste momento só o governador pode ser o escolhido para enfrentar uma disputa contra o PMDB. “Acredito que não tem como ele não ser candidato. É o nome mais forte e a maior liderança dentro partido”, diz o deputado. Ele ainda defende que o atual governador é o único que pode vencer a oposição. “O Iris será candidato e já está trabalhando para isso. Só o Marconi pode disputar e ganhar uma eleição pelo partido”, mostra.
Vice-governador
Um dos poucos partidários que se arriscou a citar algum nome como alternativa a Marconi foi o deputado estadual Francisco Júnior que lembrou o vice-governador José Eliton (PP). “Ele seria a hipótese mais natural”. A justificativa é que Eliton tem um bom histórico no campo político, mas a dúvida que fica é se ele teria o poder de articulação e aglutinação que Marconi tem. “Hoje não vejo nome na base com credibilidade e experiência do Marconi. Acredito que esse novo candidato que o governador cita deva ser trabalhado durante o seu quarto mandato”, explica Talles Barreto.
José Eliton ocupa na vice-governadoria o seu primeiro cargo eletivo. Desde que assumiu o posto, o pepista nunca escondeu a sua intenção de alçar voos maiores na política. Para isso, toca uma forte agenda de visitas ao interior, inclusive fazendo a coordenação da base política, quando necessário. Um exemplo disso é que Eliton tem organizado os encontros dos partidos da base aliada, que teve a sua primeira edição a algumas semanas, em Trindade.
Se o governador renunciasse ao seu mandato até o fim de março de 2014 para se candidatar a outro cargo – no caso seria uma corrida ao Senado ou para deputado federal -, José Eliton assumiria o comando do Estado e teria tudo para ser candidato à reeleição. Como Marconi descartou tal ação, a única opção que o vice teria de ser candidato ao governo seria se Marconi decidisse não ser candidato e o escolhesse para a sua sucessão.
Sobre as declarações de Marconi a Tribuna, Eliton disse na terça, 27, em entrevista à Vinha FM, que o fato do governador ficar até o final de seu mandato não muda em nada o seu projeto político. “Eu tenho trabalhado com muita tranquilidade para garantir a repetição da chapa em 2014. Caso o governador Marconi não for o candidato, nós vamos discutir a questão com os outros partidos da base”, revelou.
Outro nome
O secretário estadual de Articulação Institucional, Joaquim de Castro (PSD), ao contrário das outras lideranças, diz que não acredita em estratégia do governador ao falar que não é candidato. “Se ele está falando é porque este é o seu sentimento agora e se isto persistir até o ano que vem, o partido tem condições de escolher outro nome”, diz Castro, que afirma que tempo não será um problema, haja visto, que em 1998, quando o próprio Marconi foi escolhido de última hora, já em cima das convenções, ele foi um nome que aglutinou e teve força para desbancar o PMDB na época.
O presidente do PSDB, Paulo de Jesus, diz que por enquanto não são discutidos nomes e que na remota hipótese de Marconi não ser candidato a sigla tem outros nomes, mas ele preferiu não citar e esperar o ano que vem para que as discussões de nomes sejam melhores definidas. “Acredito que o Marconi, pelo trabalho que faz, ele ainda é o novo”, ressalta. (M.T.)