Aliados do presidente Michel Temer seguiram a linha de defesa adotada pelo Palácio do Planalto.
Nesta sexta-feira (19), peemedebistas desqualificaram o empresário Joesley Batista, dono da J&F, empresa que controla o frigorífico JBS.
“Criminoso”, “bandido” e “safado” foram alguns dos termos utilizados pelo deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) para qualificar Batista.
O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) foi na mesma linha.
“O presidente, logo no início da conversa, viu que estava diante de um charlatão. Não imaginava que seria um vendedor de gravações. Não imaginou que estava sendo gravado, mas viu que estava diante de um charlatão, de um bufão, um conversador fiado”, afirmou Marun.
Ambos negaram que Temer tenha cometido crime de prevaricação ao deixar de informar as autoridades policiais que Joesley Batista tinha relações com dois juízes e um procurador em Brasília com o objetivo de obstruir ações da Justiça.
O crime de prevaricação ocorre quando um funcionário público, por interesses ou sentimentos pessoais, deixa de praticar ato de ofício, isto é, aquilo que ele deveria fazer em decorrência dos seus deveres funcionais.
“Ele recebe um empresário, o maior empresário de carnes do mundo, não queria receber, é surpreendido e recebe na casa dele. O Michel não acreditava no que estava ouvindo. Queria que expulsasse [do Palácio do Jaburu]?”, disse Perondi.
“O presidente não entendeu que seria o caso para ele lançar uma suspeita que seria tida como obstrução da Lava Jato, lançar suspeita sobre um procurador”, afirmou Marun.
A conversa mantida entre o empresário Joesley Batista e o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu revela que o peemedebista tomou conhecimento de um plano para destituir um procurador da República que investigava a JBS, mas não reagiu de forma contrária à estratégia.
Também não há informação de que Temer tenha procurado a PGR (Procuradoria-Geral da República) ou outra autoridade de investigação para informar sobre o plano.
Os deputados também relativizaram o fato de partidos como PPS (9 deputados) e Podemos (ex-PTN) (13) terem anunciado saída da base.
O PHS (7) se reúne na terça-feira (23), mas deve seguir o mesmo caminho.
A cúpula do PSB (35), que já havia se afastado do governo ao fechar questão contra as reformas trabalhista e da Previdência, faz reunião neste sábado (20) para discutir a entrega de cargos.
Por enquanto, o único aliado a entregar o cargo foi Roberto Freire (PPS), que comandava o Ministério da Cultura.
“É óbvio que essa conspiração montada repercute sobre os deputados. Deputados são humanos. Mas está tudo sob controle. É normal, numa crise, onde foi maximizada uma informação que o áudio desmontou, líderes, que num primeiro momento se assustam e até se afastaram, agora veem que não é aquilo que foi batido durante 24 horas”, afirmou Perondi.
“Infelizmente alguns partidos, no calor dos acontecimentos, tomaram a decisão apressada de deixar a base. O somatório dos deputados desses partidos deve ser uns 20 ou 25 deputados. O que nós queremos? Que eles voltem. Eles são importantes na nossa base”, disse Carlos Marun. (Folhapress)