A administração do presidente americano Donald Trump representa um risco para a economia internacional e para as dívidas soberanas no mundo, segundo relatório divulgado pela agência de classificação de risco Fitch, nesta sexta-feira (10).
O comunicado da agência avalia que “a previsibilidade das políticas norte-americanas diminuiu com o abandono dos canais internacionais de comunicação” por parte do governo Trump, o que eleva as perspectivas de mudanças inesperadas nas políticas dos Estados Unidos, com potenciais implicações globais.
“Os principais riscos para as dívidas soberanas são a possibilidade de mudanças súbitas nas relações comerciais, a redução no fluxo de capital internacional, as limitações à imigração que impactem as remessas e os confrontos entre dirigentes políticos que contribuam para aumentar ou prolongar a volatilidade da moeda e dos mercados financeiros”, diz o documento da Fitch.
Se esses riscos se materializarem, isso poderá provocar um cenário desfavorável para o crescimento econômico e pressionar finanças públicas, com implicações sobre o rating das dívidas públicas.
“Aumentos de custos ou reduções no acesso a financiamentos externos também podem afetar os ratings, especialmente se vierem acompanhados de uma depreciação da moeda.”
A Fitch ressalva que alguns elementos da agenda econômica de Trump podem ser positivos, como as promessas de reaquecer a economia com mais investimentos em infraestrutura, e de promover o maior corte de impostos desde a administração Ronald Reagan, apesar do deficit orçamentário do governo dos EUA.
Mas o atual balanço dos riscos aponta para um cenário pouco favorável, segundo a agência. Ela lista como preocupantes alguns posicionamentos da administração Trump, que abandonou o TTP (Tratado Transpacífico), repreendeu companhias americanas que investem no exterior, com ameaças de punições financeiras e também acusou diversos países de manipular suas taxas de câmbio para prejudicar os Estados Unidos.
Os países mais vulneráveis às adversidades impostas por Trump são aqueles que possuem laços econômicos e financeiros mais fortes com os EUA, como Canadá, China, Alemanha, Japão e México. Mas essa lista pode aumentar por um efeito cascata.
A Fitch já havia revisado a perspectiva da nota da dívida soberana do México de estável para negativa em dezembro, atribuindo o ajuste ao risco Trump, entre outros motivos.
Estão em risco de ser atingidos por medidas comerciais punitivas os países que tenham recebido investimento direto americano, com financiamento a indústrias exportadoras voltadas aos EUA. Brasil e Reino Unido são alguns deles.
Folhapress