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Categorias: Mundo
| Em 5 anos atrás

África terá maioria dos falantes do português até o fim do século

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Com cerca de 210 milhões de habitantes e a maior população entre os países-membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), o Brasil é hoje, de longe, a nação com o maior número de falantes do idioma. Mais de oito em cada 10 pessoas que falam português no mundo atualmente são brasileiros.

“No entanto, a partir de 2050, essa realidade começará a mudar e o crescimento demográfico de Angola e Moçambique, somado a uma redução da população no Brasil, puxará o pêndulo da língua portuguesa para o continente africano”. A afirmação é do ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, para quem, até o final deste século, a maioria dos falantes do português estará na África.

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Plasticidade e dinamismo

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“Quando olho para os números e para os mapas, o que eu vejo é isso: há, neste momento, no mundo, mais de 250 milhões de falantes do português como língua materna ou segunda língua – quatro quintos dos quais são brasileiros. E, quando olho para o futuro, ao longo deste século, o que vai acontecer? O número de falantes vai chegar a 500 milhões e a maioria vai passar a ser de africanos”, afirma Santos Silva.

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Ele chama a atenção para a grande plasticidade da língua, que “começou por ser europeia, a língua de Camões. Depois, passou a ser brasileira. A língua portuguesa hoje é, sobretudo, uma língua brasileira. É a língua do Chico Buarque ou da Clarice Lispector. E, ao longo deste século, vai passar a ser uma língua africana. Uma língua de angolanos, moçambicanos, a língua de Mia Couto, a língua do Luandino Vieira ou do Pepetela. É uma língua extremamente dinâmica.”

Em crescimento

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Em entrevista recente na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, o ministro português dos Negócios Estrangeiros disse que está otimista com a expansão do idioma lusitano. “A Unesco diz que é uma das três línguas do mundo que mais vai crescer e que mais está a crescer. Isso nos dá uma enorme responsabilidade,” afirmou.

Merece especial destaque na preservação e difusão da língua a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), integrada por Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Seis dos nove membros da CPLP são países africanos.

Segundo o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, “a partir dos três pilares da CPLP – a concertação político-diplomática, a cooperação em todos os domínios e a promoção e difusão da língua portuguesa –, surgem iniciativas concretas de cooperação e apoio em casos de crise e estreita coordenação dos nove países nos foros multilaterais”.

Instituto Guimarães Rosa

Dentro do espírito de difusão da língua, Araújo anunciou recentemente o lançamento de um instituto brasileiro para ensino do idioma, nos moldes do Instituto Camões, de Portugal. Trata-se do Instituto Guimarães Rosa, que homenageia o grande escritor e diplomata brasileiro.

“Estamos criando um novo instituto para promoção da cultura brasileira no exterior, que permitirá uma presença mais estruturada do Brasil na área da cooperação cultural e onde um destaque muito especial caberá à nossa cooperação com a África”, frisou Araújo, durante discurso em Brasília, em maio, por ocasião da celebração do Dia da África.

A iniciativa brasileira é celebrada pelo chanceler português Santos Silva, para quem o novo instituto “vai dar mais, digamos assim, artilharia, no sentido bom do termo, à promoção internacional da língua portuguesa”.

Além disso, o ministro português deu três exemplos recentes da expansão da língua portuguesa no mundo. “Primeiro, o sucesso que foi, este ano, o início de aulas de português na Escola de Línguas das Nações Unidas com patrocínio luso-brasileiro. Segundo, o fato de, neste mês de outubro, ser anunciada a primeira escola bilíngue em português e inglês em Londres. Terceiro, um protocolo que firmamos com a Universidade de Sevilha, na Espanha, para ensino da língua portuguesa e que já conta com 130 inscrições.”

Diásporas Lusófonas

Falado no Brasil, em Portugal, no Timor-Leste e em seis países africanos, o português tem ainda milhões de falantes em países como Estados Unidos, França e África do Sul, que concentram grandes diásporas lusófonas.

Segundo o Instituto Camões e o Instituto Português no Oriente, o interesse pelo aprendizado do idioma na China, principalmente na Região Administrativa Especial de Macau, tem aumentado.

O interesse do país asiático pela língua portuguesa está ligado ainda às relações comerciais da China com o Fórum Macau, uma plataforma de cooperação econômica com os países de língua portuguesa, que foi fundada em 2003.

Origens e expansão do idioma

O português foi desenvolvido a partir do latim e está intimamente relacionado ao espanhol moderno. O nome vem de Portugal que, por sua vez, vem do Porto, a segunda maior cidade do país.

A difusão internacional da língua lusa se deu a partir do século XV, com a expansão marítima do império português, que já se estendeu da América do Sul ao Sudeste Asiático, passando pela África e pela Índia. Atualmente, o português é língua oficial em nove países, assim como no território chinês de Macau.

Embora os rankings internacionais difiram, o português está hoje entre as 10 línguas mais faladas do mundo, variando entre a 6ª e a 9ª posição, a depender do enfoque adotado.

*Com informações da ONU News.

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.