O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que vai protocolar ainda neste sábado (1º) duas petições no STF (Supremo Tribunal Federal) para pedir acesso à delação de Benedicto Junior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, e solicitar que o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na corte, apure o vazamento do conteúdo de colaborações de empresários com a força-tarefa.
Em coletiva de imprensa realizada em Brasília, Aécio se disse “vítima de ataques e incompreensões” e afirmou que é “falsa, criminosa e irresponsável” a informação de que recebeu propina da Odebrecht em uma conta bancária em Nova York operada por sua irmã Andrea Neves, como publicou nesta sexta-feira (31) a revista “Veja”.
A revista afirma ter tido acesso ao conteúdo da delação de Benedicto Junior, que foi homologada pelo STF, e que o ex-executivo disse que os pagamentos a Aécio foram “contrapartida” ao atendimento de interesse da empreiteira em obras como a da Cidade Administrativa, em Minas, e da usina de Santo Antônio, em Rondônia, onde a Cemig (estatal mineira) integrou um consórcio.
“Estou peticionando hoje ainda ao ilustre ministro Edson Fachin, do STF, para que ele me permita acesso imediato à delação desse cidadão, o senhor Benedicto Junior, para que nós possamos saber o que ali consta e eu possa exercer meu direito constitucional à defesa. Da mesma forma, estou peticionando ainda hoje ao ministro para que determine apuração rigorosa dos vazamentos sucessivos e direcionados que vêm ocorrendo nos últimos meses no país”, disse Aécio.
Ao lado de seus advogados, o ex-presidente do STF Carlos Velloso e o ex-procurador-geral da República Aristides Junqueira, o senador tucano se disse “indignado” com a publicação da reportagem e que afirmou a revista não respondeu quando ele solicitou o nome do banco em que estaria a suposta conta operada por sua irmã, oferecendo-se, inclusive, para franquear uma procuração para que o repórter tivesse acesso aos dados bancários.
“Mas a resposta não veio. Não existe conta nem em Nova York nem em nenhum outro lugar dos Estados Unidos e do mundo. É difícil se defender de uma coisa genérica”, disse Aécio.
O senador afirmou ainda que conhecia BJ, como era chamado o ex-executivo da Odebrecht, mas que sua relação com ele era “formal, sem nenhuma intimidade”.
ADVOGADOS
Ex-presidente do STF e advogado de Aécio, Carlos Velloso leu uma nota em que outro advogado do tucano, Alberto Toron, diz que telefonou para Alexandre Wünderlich, que defende BJ, e que ele disse não haver na delação do ex-executivo “qualquer referência à irmã de Aécio, tampouco a qualquer conta por ela operada em Nova York”.
Segundo Toron, o advogado de BJ disse que, em razão da cláusula de confidencialidade, não poderia “falar com a imprensa ou mandar qualquer mensagem” para documentar o que tinham falado por telefone.
Velloso disse ainda que ficou “estupefato” com a notícia publicada na “Veja” e que esse tipo de vazamento “representa um atentado às instituições”.
“Se persistirem esses vazamentos, no caso desse, falso, vamos ter uma banalização das delações premiadas. É importantemente que o chefe do Ministério Público mande apurar com rigor esses vazamento e, principalmente, esses que não correspondem à realidade dos fatos”.
Ex-PGR, Aristides Junqueira, também advogado de Aécio, afirmou que é preciso “cumprir a lei em sua integralidade” e que, se uma delação é sigilosa, é necessário que se cumpra o sigilo.
“Se violado, é obrigação do Ministério Público apurar a autoria e denunciar na Justiça”, finalizou Junqueira.
(FOLHA PRESS)
Leia mais
Odebrecht depositou propina para Aécio em Nova York, diz revista