Anselmo Góis se viu sob holofotes da trupe dos Bolsonaro no último sábado (13/04). Em sua coluna no O Globo, o jornalista relacionou o envolvimento do senador pelo Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro (PSL) às milícias cariocas. “A milícia –que tem apoio em setores políticos, como mostrou o recente rolo do senador Flávio Bolsonaro– constrói prédios como esses que desabaram na Muzema, alguns até de oito andares, sem licença da prefeitura e com a conivência de setores da Justiça”, escreveu para o jornal.
No mesmo dia, Flávio foi ao Twitter dizer que o processaria por ter feito a relação: “Vai ter que provar no Judiciário, pois vou processá-lo cível e criminalmente”, escreveu.
O senador tentou minimizar o comentário de Ancelmo rememorando que o jornalista “idolatrava” o ex-governador Sérgio Cabral e o empresário Eike Batista em suas colunas. “Alguém poderia acusar Ancelmo de ter levado alguma vantagem para publicar em sua coluna tantas matérias favoráveis ao governo Cabral?”
Em um comentário mais contundente escreve: “Enfia meu nome no meio de um assunto que não tem absolutamente nada a ver comigo, no único intuito de atacar um Bolsonaro. Ignora a dor de familiares que perderam seus entes queridos para explorar politicamente a tragédia. Sempre apoiei e continuarei apoiando POLICIAIS!”
Flávio e as milicias
Apesar de negar o vínculo, o elo entre Flávio Bolsonaro e pessoas ligadas a milícia é forte. O senador empregou em seu gabinete Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega.
Segundo o jornal O Globo, Raimunda e Danielle são, respectivamente, mãe e mulher do capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, vulgo Gordinho, tido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como uma das lideranças do Escritório do Crime, um dos grupos milicianos mais poderosos do Rio de Janeiro. O grupo, inclusive, é tido como suspeito no envolvimento do assassinato da vereadora Mariele Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018. As duas foram lotadas no gabinete do então deputado estadual Flávio na Assembleia Legislativa do Rio, mas o filho do presidente diz não ter sido responsável pelas nomeações. Afora o parentesco, Raimunda também é mencionada no relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras como sendo responsável por parte dos depósitos feitos na conta do ex-motorista Fabrício Queiroz. Ela e Danielle foram exoneradas do gabinete de Flávio em 13 de novembro, segundo consta no Diário Oficial.
Adriano Magalhães, inclusive recebeu moção de louvor e congratulações de Flávio Bolsonaro, em 2003, por prestar “serviços à sociedade com absoluta presteza e excepcional comportamento nas suas atividades”.
Ciro Gomes “compra” o processo
Quem apareceu em meio a discussão do senador com o jornalista foi o candidato derrotado às eleições 2018, pelo PDT, Ciro Gomes. O ex-governador do Ceará compartilhou em seu perfil oficial no Facebook uma matéria que falava sobre o processo. Na reportagem do portal Poder 360, com o título “Flávio Bolsonaro diz que vai processar Ancelmo Gois por insinuar elo com milícias”. O ex-ministro escreve o seguinte comentário na legenda: “Então me processa também porque o vínculo é óbvio!”