Segundo dados da ONG Criança Segura, todos os anos, cerca de 113 mil crianças e adolescentes de zero a 14 anos no Brasil são hospitalizados e cerca de 3,7 mil morrem devido a motivos acidentais, mas 90% desses casos poderiam ser evitados com medidas de segurança. E o período das férias é um dos mais preocupantes, tanto para pais como para profissionais de saúde, porque com as crianças em casa, ou em viagens, os riscos aumentam e é preciso redobrar o cuidado com elas.
Dados do Datasus de 2016 e 2017, mostram que o ranking de internação por acidentes com crianças de zero a nove anos no Brasil são provocados, principalmente, por quedas, queimaduras, trânsito, intoxicação, sufocação e afogamentos. “As quedas são muito comuns e de diversas formas, sejam quedas de própria altura ou de alturas acima de 2 metros. Quando o contato da cabeça é forte devem ser observados o estado neurológico da vítima, caso apresente qualquer alteração encaminhar para unidade hospitalar”, orienta a médica pediatra Lara Mariana França.
No caso de intoxicação, seja alimentar, alcoólica, por materiais de limpeza, remédio ou veneno, a médica orienta que não se deve tentar provocar o vômito. O correto é identificar o que causou a intoxicação e buscar ajuda médica para passar essa informação para equipe. Já no caso de pequenos cortes, os machucados devem ser estancados gaze, atadura ou pano limpo. “Caso o sangramento continue, jamais retirar o pano e colocar outro porquê o que já coagulou será retirado junto, portanto o correto é só adicionar um pano sobre o outro. E se tiver necessidade de pontos, busque atendimento”, destaca França.
Outro acidente doméstico comum é a ingestão de pequenos objetos, que podem causar sufocamento obstruindo a respiração. Um reflexo comum é colocar a mão na garganta e tentar tossir. Caso a criança consiga tossir é porque o ar ainda está passando e essa tosse deve ser estimulada para continuar. “Se o objeto não sair, é preciso pedir calma e observar se consegue ver e retirar o objeto, sem fazer buscas às cegas, para não empurrar mais. Se não tiver sucesso, é preciso realizar tapotagens entre as escápulas (costas), batendo com força considerável cinco vezes, direcionando o tronco da pessoa um pouco a frente.
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Se ainda assim o objeto não sair, é preciso realizar a manobra de Heimlich se posicionando atrás da pessoa com as duas mãos sobre o estômago e pressionando com movimentos em forma de C, forçando o diafragma a expulsar o objeto. Em último caso, se a obstrução continuar e a pessoa entrar em parada respiratória, é preciso realizar os procedimentos para a parada respiratória”, diz.
Em viagens com contato com a natureza, podem ocorrer contatos com animais e, segundo a médica, na dúvida é preciso considerar que todos os animais são peçonhentos. No caso de acidentes, é indicado tentar identificar através de foto ou vídeo, mas é muito perigoso tentar capturar o animal. Caso seja possível, o animal pode ser levado com a vítima para o hospital.
No caso dos afogamentos, a médica defende que a melhor maneira de prevenir é evitar entrar em águas mais profundas se não souber nadar. Além disso, é preciso evitar pular de ponta em águas escuras e/ou desconhecidas. Os adultos também não devem se aventurar quando usarem bebidas alcoólicas.
“Não deixar crianças sozinhas à beira de lagos, rios ou piscinas e lembrar sempre que uma criança não pode ser responsável por cuidar da outra. As boias de braço dão uma má sensação de segurança, por isso é mais indicado o uso de colete salva-vidas. Em caso de afogamento, a forma correta de ajudar é atirar algo que flutue para que a pessoa se agarre e não entrar na água para tentar ajudar, pois pode virar mais uma vítima”, ensina a pediatra Lara Mariana França.
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Sempre que possível, é importante ter em mãos um kit de primeiros socorros que pode ser composto por itens para conter sangramentos e realizar curativos (band-aid, gaze esterilizada, esparadrapo, água boricada, antisséptico, água oxigenada 10 volumes), um torniquete e o conhecimento para usá-lo, remédios de uso contínuo e medicamentos antialérgicos. “Também é sempre indicado memorizar os números do SAMU (192) e do Corpo de Bombeiros (193) para pedir atendimento de urgência em qualquer local do país”, finaliza a médica.