Em dia de ajuste na Bolsa brasileira e correção no mercado de câmbio, as ações da JBS recuperaram parte da desvalorização de mais de 30% sofrida na sessão anterior e lideraram os ganhos do Ibovespa nesta terça-feira (23).
As ações da empresa chegaram a cair 12,2% e entraram em leilão algumas vezes ao longo do pregão, mas fecharam com alta de 9,53%, a R$ 6,55. No entanto, os papéis ainda acumulam desvalorização de 42,3% no ano, após sucessivas operações da Polícia Federal e com a delação do empresário Joesley Batista, dono da empresa.
O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa brasileira, fechou com alta de 1,60%, para 62.662 pontos.
No mercado cambial, o dólar comercial fechou o dia com desvalorização de 0,30%, para R$ 3,268. O dólar à vista, que encerra os negócios mais cedo, recuou 0,42%, para R$ 3,279.
No exterior, a moeda americana se fortaleceu ante 20 das 31 principais divisas mundiais.
Apesar do aparente alívio no cenário doméstico, a instabilidade política ainda está no radar dos investidores. A avaliação é de que Bolsa e dólar devem continuar com forte instabilidade enquanto não houver um horizonte mais claro envolvendo o governo e a capacidade do presidente Michel Temer aprovar as reformas da Previdência e trabalhista, consideradas pelo mercado fundamentais para equilibrar as contas do país.
“O mercado entrou em compasso de espera até 6 de junho, se não explodir nenhuma bomba até lá. O investidor é de curto prazo, então se a Bolsa subir um pouco ele vende, se cair muito ele compra”, afirma Pedro Galdi, analista da Upside Investor.
No dia 6 de junho está marcado o julgamento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) da chapa Dilma-Temer. Na visão de analistas, seria uma forma de resolver a questão política mais rapidamente.
“Eu acho que o Temer não tem mais condições de tocar isso, e ele falou que não vai renunciar. Enquanto não houver clareza e os nomes que poderiam substitui-lo não forem apontados, o mercado vai continuar nervoso”, ressalta.
Camila Abdelmalack, economista da CM Capital Markets, também projeta instabilidade nos mercados até uma definição do cenário político. “O mercado prefere uma saída para o Temer via TSE. O impeachment é visto como muito demorado. A eleição direta é difícil de acontecer, e a indireta demoraria muito. Então o TSE seria uma saída mais factível”, afirma.
Nesta terça-feira, o Banco Central fez o último dos três leilões de novos contratos de swaps cambiais (que equivalem à venda de dólares no mercado futuro). Com a atuação, o BC tenta reduzir a volatilidade no mercado cambial, após o dólar disparar 8% na quinta-feira (18) como reflexo da crise política que atingiu o presidente Michel Temer. O BC vendeu 40 mil contratos em cada um dos três leilões, no total de US$ 6 bilhões.
Além disso, manteve a intervenção diária e vendeu 8.000 contratos de swaps para rolagem dos contratos que vencem em junho. Dos US$ 4,435 bilhões, ainda falta o BC rolar US$ US$ 2,035 bilhões.
O CDS (credit default swap), medida de risco-país, recuou 2,45%, para 242,5 pontos.
Além das ações da JBS, o dia também foi de ganho para outras 54 ações do Ibovespa. Só quatro encerraram o dia em queda.
Os papéis mais negociados da Petrobras subiram 0,67%, para R$ 13,49. As ações da estatal que dão direito a voto se valorizaram 0,77%, para R$ 14,42.
O dia foi de alta também para as ações da mineradora Vale. Os papéis preferenciais da empresa subiram 0,64%, para R$ 26,58. As ações ordinárias avançaram 1,22%, para R$ 28,26.
“A China mostra resiliência, apesar de especulações envolvendo o mercado de crédito no país. Os números de produção e de atividade econômica chineses ratificam a manutenção da máquina deles rodando, o que ajuda na recuperação do próprio minério de ferro”, avalia Aldo Moniz, analista-chefe da Um Investimentos.
No setor financeiro, papéis de bancos fecharam no azul nesta terça. As ações do Itaú Unibanco avançaram 1,58%. Os papéis preferenciais do Bradesco subiram 0,67% e os ordinários, 1,02%. As ações do Banco do Brasil se valorizaram 1,65%. As units -conjunto de ações- do Santander Brasil tiveram ganho de 2,28%.
As exportadoras, que subiram na segunda-feira na contramão do mercado por causa da valorização do dólar, fecharam em baixa nesta terça. Os papéis da Embraer caíram 1,42%. As ações da Fibria perderam 0,40% e as da Suzano recuaram 0,87%. (Folhapress)