O jovem Lucas Luciano de Sousa Silva, assassino confesso da esposa, a estudante de pedagogia, Letícia Bruna Lopes de 19 anos, foi preso na noite desta quarta-feira (25). Ele confirmou que matou a mulher enforcada, motivado por ciúmes. A estudante desapareceu na madruga da última segunda-feira (24).
Em entrevista ao jornalista Altair Tavares, pela Rádio 730, o delegado responsável pelo caso, Diogo Barreira, deu detalhes da investigação.
Veja a entrevista:
Altair Tavares: O senhor Luciano, realmente está preso?
Delegado Diogo Barreira: Sim, ele foi autuado em flagrante ontem à noite. Ele havia feito um boletim de ocorrência na última segunda-feira (24), por volta das 16h, afirmando que sua esposa tinha desaparecido. Segundo ele, ele tinha levado ela às 5h30 no terminal do Garavelo, no entanto, nós começamos as investigações na terça-feira (25), no local do fato, procurando indícios, e encontramos o celular dela quebrado, na rua da casa dela, dentro de uma lata de lixo, sem o chip. Então, se fossem ladrões, certamente eles não iam pegar um celular, tirar o chip e jogar no lixo. Começamos a suspeitar a partir disso. Fomos ao terminal do Garavelo e nas imagens não tem registro dele levando ela lá. Então essa versão por ele apresentada era falsa, ele estava mentindo, podia ter participação nesse crime. Logo em seguida, a família encontrou o corpo, por volta de umas 17h, 18h, num matagal próximo a casa.
Altair Tavares: A família que encontrou?
Delegado Diogo Barreira: Foi, foi a família. Nós já tínhamos procurado, mas é muito, muito lote baldio. Eles voltaram no dia seguinte e encontraram em um matagal próximo a casa deles.
Altair Tavares: Ele enterrou o corpo dela a mais ou menos quantos metros de casa?
Delegado Diogo Barreira: Na mesma rua, praticamente.
Altair Tavares: Delegado, a polícia primeiro encontrou o celular dela.
Delegado Diogo Barreira: Exatamente, o celular estava quebrado, na rua da casa dela e sem o chip. Com isso, já suspeitamos que poderia não ser ladrões.
Altair Tavares: Estava na porta da casa?
Delegado Diogo Barreira: Na mesma rua. Uma quadra a frente, próximo a uma loja de móveis, em um lixo e sem o chip. Ladrão normalmente não faz isso, tirar o chip. Eles revendem, não tiram o chip e jogam lá na porta. Foi muito estranho isso ai, e juntou com a versão dele que tinha levado ela 5h30 no ponto de ônibus e no outro dia 7h achamos o celular. Vimos que ele realmente não estava falando a verdade. Inclusive, eu intimei ele aqui por volta das 15h30 de ontem (25) e ele não compareceu aqui na delegacia, o que reforçou ainda mais a nossa tese né, de que ele estava escondendo alguma coisa. Quando foi encontrado o corpo, ele não aguentou e confessou para a família. Trouxemos ele para a delegacia e fizemos o flagrante.
Altair Tavares: A RMTC forneceu imagens do terminal para a polícia?
Delegado Diogo Barreira: A gente foi lá na RMTC na hora e não conseguiu, nos dirigimos até lá no Centro para olhar as imagens, mas ainda não pegamos, só demos uma olhadas. Mas também tem as imagens das ruas próximas, de outras casas e não tinha nada dele, nem pelo horário.
Altair Tavares: Ele ia dar entrevista em qual televisão ontem à noite?
Delegado Diogo Barreira: Parece que ele ia dar entrevista na Record, no programa da Sylvie. Ele já tinha dado entrevista 12h, na Anhanguera, chorando, junto com a família, procurando o corpo, cobrando providências da delegacia, inclusive, foi assim que ele foi pego. A simulação dele era enorme. Ele foi frio, cobrando providências da polícia, da televisão.
Altair Tavares: Qual é o perfil desse indivíduo?
Delegado Diogo Barreira: Ele não tem antecedentes. A profissão dele, acho que é impressor, mexe com gráfica. É uma pessoa fria, não é do crime, por isso, no começo estávamos até com medo de acusá-lo sem nenhuma prova concreta, depois as coisas foram se esclarecendo, até quando não teve mais jeito e ele confessou o crime.
Altair Tavares: O senhor já fez o depoimento com ele?
Delegado Diogo Barreira: Sim, já fiz. Fizemos o interrogatório dele ontem à noite.
Altair Tavares: O que ele declarou?
Delegado Diogo Barreira: A motivação alegada por ele era ciúmes. Ele estava com ciúmes dela, porque ela estava estudando e ele não. Ele matou ela por esganadura, dentro de casa mesmo. Parece que foi na noite de domingo para segunda. Ai ele bolou toda essa história, levou o corpo para fora, para o lote baldio e inventou essa versão, ele só não contava que existiam câmeras né, na rua, no terminal do Garavelo, olhando todo o trajeto que ele seguiu, antes de fazer uma afirmação dessa.
Altair Tavares: Esse não é o primeiro caso que a polícia consegue elucidar com imagens do transporte coletivo. Ele tem dado um bom apoio.
Delegado Diogo Barreira: Sim, principalmente aqui nessa região do Anel Viário, a gente sempre pede imagens da RMTC, estamos trabalhando em conjunto com eles.
Altair Tavares: Nós tivemos uma informação de que o casamento seria forçado, arranjado, já que a moça tem apenas 19 anos.
Delegado Diogo Barreira: Não, nós não tivemos essa informação. A princípio, a informação é de que eles não brigavam, um casal evangélico, não tinham desavenças. Tinham três anos de casados, não tinha muito motivo.
Altair Tavares: Mas de certa forma, havia um machismo por parte dele?
Delegado Diogo Barreira: Exatamente, um machismo, não querer ver a mulher crescer, e ele ficar para trás porque não tinha estudado, ou não podia, eu não sei a realidade. Mas no começo ficamos muito preocupados, porque realmente ele levava ela no ponto de ônibus. Tem morador lá da rua que disse que era comum ele levar ela no ponto de ônibus e no terminal, não naquele dia. Parecia ser um marido participativo.