SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Monique Alfradique vai encarar sua primeira protagonista na TV. Em 15 de novembro, ela estreia em “A Secretária do Presidente” (Multishow) como Ilde, uma “menina de pouco estudo, mas esperta por natureza” que deixa o interior do Rio de Janeiro para tentar a sorte na capital federal.
Para o papel, a atriz escureceu o cabelo e viajou a Brasília, onde “sentiu o clima” da produção. “É uma cidade imponente, toda projetada, organizada. Foi fundamental para compreender o olhar de admiração e anseios da personagem.”
Com o passar do tempo, Ilde se torna maliciosa e “dona de seus próprios desejos”. Para Monique, a secretária “amadurece, fica mais astuta e deixa de ser uma menina ingênua para ser uma mulher ativa nos seus desejos. Ela usa a sensualidade a seu favor”.
A sinopse do seriado foi alvo de protesto na internet. Um texto publicado pela secretária Nayara Bermudez no Linkedin, a maior rede social para profissionais do mundo, acusa a atração de reforçar estereótipos sobre a profissão.
“Em quase 20 anos de século 21 as profissionais do Secretariado ainda lutam para rasgar os rótulos de ornamento de escritório, aquela que serve o café, a amante do chefe. Não bastando ter que lidar com estas ofensivas na vida real, temos o desprazer de ver a televisão endossar esse conceito distorcido”, diz.
O artigo de Nayara afirma que a série “vincula a personagem ao ambiente da Presidência da República, aludindo ao envolvimento extra-profissional entre secretária e chefe, que certamente será o ápice” do enredo.
Procurada para comentar as acusações, a emissora respondeu por meio de sua assessoria que a figura do presidente aparece apenas no título da atração e que o personagem não existe na história.
Questionada se a personagem seria retratada a partir de clichês considerados machistas, Monique é categórica: “Não. Ela vai passar por mudanças na vida pessoal que vão guiá-la para ter uma postura mais forte e confiante no mundo machista da política”.
A reportagem pediu para a atriz comentar o texto “Digo não à série ‘A Secretária do Presidente’, do Multishow”, mas ela não ainda não havia respondido até a manhã desta segunda (31).
Em conversa anterior, porém, disse defender o “direito da mulher sobre seu corpo e o respeito a suas escolhas”. Contou, também, ter participado das manifestações contra estupro e violência de gênero, em junho, quando uma adolescente de 16 anos foi violentada por 33 homens. “Acredito que é preciso uma mudança cultural ampla sobre os direitos da mulher.”
O Congresso brasileiro serve apenas de pano de fundo para o seriado de Emilio Boechat com direção de Julia Jordão. “Estrear em um momento de efervescência política é pura coincidência”, garante a atriz, que prefere não se posicionar sobre o tema.
“O que sei é que estamos numa situação que ainda está ruim para todos, mas acredito no Brasil. Acho que os cidadãos estão menos tolerantes e mais ativos. As manifestações fazem parte da democracia e todo mundo quer o melhor”, opina.
TEATRO
Monique também está em cartaz com a peça “Qualquer Gato Vira-Lata Tem Uma Vida Sexual Mais Sadia Que a Nossa”. Para ela, o texto de Juca de Oliveira, há 18 anos em cartaz, não perde a atualidade porque trata de um assunto universal, a paixão.
Com direção de Bibi Ferreira, a nova montagem passou pelo Rio em 2013 e estreou em São Paulo na última semana. Na história, a atriz vive Tati, uma estudante que acaba de romper com seu quase namorado Marcelo (Emiliano D’Avila).
A jovem vai chorar as pitangas no auditório da faculdade, quando acaba interessada pela teoria do professor Conrado (Marcos Nauer), para quem as desilusões amorosas podem ser explicadas a partir da teoria evolucionista de Darwin.