Uma mulher bonita, uma denúncia de desvio de dinheiro, uma crise nacional. Coisas velhas da política que, de repente, abalam a vida dos novos do PMDB. O que fazer? E quem respalda senão o velho Iris Rezende?
Esta é a crônica dos últimos dias que envolve o presidente do partido, deputado estadual Samuel Belchior, e duas jovens lideranças: os deputados Daniel Vilela (estadual) e Leandro Vilela (federal). A esperança de renovação não mais que de repente tem que explicar, se justificar, mostrar que nada é o que parece.
E renovação tem sido palavra-chave dentro PMDB nos últimos anos. Chegou quando da entrada na política de uma geração que prometia renovar tudo. Samuel, Daniel, Leandro, Bruno Peixoto e Francisco Júnior (deputados estaduais) e Thiago Peixoto (deputado federal).
Os novos na idade que surgiram como a modernização de uma legenda de líderes envelhecidos.
Foram saudados como os novos, os salvadores da pátria peemedebista.
Novos? Renovação?
Em 2011, Thiago e Francisco mudaram de lado, compondo com o governador Marconi Perillo, do inimigo PSDB. Hoje estão no marconista PSD.
Os dois, com Iris e os outros ainda no PMDB, tropeçaram na tentativa de afirmação de um oposicionismo que não convencia e continua não convencendo.
Assim que os novos, aos poucos, foram ficando pelo meio do caminho.
A juventude, que tanto cobrou renovação do PMDB, ocupou a cena desta terça-feira, 24, desta vez sem conseguir explicar o ‘batom na cueca’.
Com ou sem crime federal, o escândalo está feito. Flagrados ao lado de uma aliciadora de uma organização criminosa, os deputados peemedebistas colocaram em xeque a própria integridade, logo eles, vale a pena escrever de novo, representantes em Goiás da nova geração do partido.
Fracassaram?
Ofereceram aos governistas o prato cheio de oportunidades para enterrar mais fundo o ‘escândalo Cachoeira’ e partir para a exploração do terreno alheio. Foram pegos pelos excessos. Foram pegos – ainda que na versão dos fatos, essa massa de que é feita a política.
Sobrou para a velha guarda, criticada por exercer com mão de ferro o domínio do partido, cuidar do gerenciamento da crise provocada pela – já comprovada – ansiedade juvenil.
O que se avultou: na noite em que se esperava choro, foram fotografados sorrisos.
Peemedebistas que participaram do ato de filiação do cantor José Rico ao partido, viram o ex-governador Iris Rezende e o prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, puxar a animação da festa, e não o choro dos derrotados no que prometia ser um velório partidário.
Calejados na esfera pública e sorrisos no rosto, eles chegaram juntos e dispostos a comentar, com tranquilidade, a Operação Miqueias, deflagrada pela Polícia Federal. Júnior Friboi, pré-candidato ao governo, fez coro.
“Não comento sobre a vida pessoal do deputado Samuel Belchior. Sobre o homem público, porém, reafirmo a minha confiança. Conheço sua história, sua trajetória política e ele tem o meu respeito”, falou e disse Iris Rezende com a autoridade de quem não quer dar manchete ao gosto dos adversários.
Maguito, por seu lado, defendeu o filho Daniel e o sobrinho Leandro com firmeza: “Uma fotografia não prova nada contra ninguém. São homens públicos e é normal serem flagrados em companhia de diversas pessoas. Sei que eles não têm nada a temer e tudo isso vai acabar como um grande mal entendido.”
Confiantes. Incisivos. E sozinhos na liderança da combalida juventude.
Nem Samuel Belchior, nem Daniel Vilela, nem Leandro Vilela, nenhum deles apareceu no evento do partido.
Ainda na tarde da mesma terça-feira Daniel ousou uma explicação no Plenário da Assembleia Legislativa. Mostrou destreza. Foi habilidoso no discurso. Mas… A história continua.
Faltam peças neste quebra-cabeça. Falta a manifestação de Samuel Belchior, que terá de adquirir maturidade para equilibrar os problemas pessoais e políticos gerados com as últimas denúncias e honrar a presidência que ocupa. Falta maturidade à juventude. Falta mais Iris e menos hormônios.