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Categorias: Leandro Mazzini
| Em 10 anos atrás

A herdeira de Jefferson

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Um episódio de campanha de 2010 contado por Roberto Jefferson a este repórter revela como o controlador do PTB evitou aos trancos e barrancos que o partido submergisse no cenário político-eleitoral no Brasil após denunciar o escândalo do Mensalão. Estava ao lado do então candidato ao Planalto José Serra (PSDB), num anúncio de coalizão, quando o tucano evitou pegar em sua mão para erguê-la junto aos outros ilustres enfileirados, para a famosa foto da ‘aliança’. Jefferson foi ao seus ouvidos: ‘Meu irmão, é agora ou nunca. Ou você me dá essa mão e a levanta ou saio desse palanque agora!’. Serra sorriu amarelo e ergueram, ambos sorridentes, as mãos unidas daquela chapa.

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Jefferson é um homem que não mede esforços políticos para conquistar o que deseja. Encarcerado, condenado no processo do Mensalão, da cela num presídio do Rio comandou um front que levou a filha, a vereadora carioca Cristiane Brasil, ao comando do PTB nacional, o sucedendo. Uma figura sem brilho no partido, Cristiane cresceu como herdeira do manda-chuva.

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Contribuiu também uma campanha forte que levou muito dinheiro. Incluiu mala-direta, reuniões, banquetes, e ligações por telefone com recados diretamente de Cristiane, falando em nome do pai, para delegados do PTB que posteriormente a elegeram na recente convenção. A campanha era tão intensa quanto desorganizada. Ligaram também para militantes que não estão mais filiados. Um advogado de Brasília, hoje no PSDB, recebeu telefonema de assessor de Cristiane pedindo apoio.

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Descerra-se a cortina e aparece no palco pouco iluminado do PTB uma velada disputa entre dois grupos – o de Jefferson, que desejava manter-se no Poder (e conseguiu) e o de parte da bancada de deputados e senadores que almejava renovação no comando da legenda, e manter a aliança com o governo do PT (inclui-se neste os senadores Gim Argello-DF e Fernando Collor-AL, aliados próximos da presidente Dilma).

Jefferson e Cristiane agora vão conduzir gradativamente o partido para os braços do PSDB até 2018, seja Aécio Neves ou não o candidato a presidente. O tucano presidenciável foi quem iniciou durante a campanha deste ano a aproximação com Jefferson, em diálogo aberto com emissários dele e a vereadora que se tornou presidente. Assim como Lula e a presidente Dilma, Aécio conhece o poderio eleitoral do PTB: são 25 deputados (ganhou 4 nesta eleição) e 3 senadores (perdeu 3).

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Não é um grande partido, mas passa longe de um pequeno. Mediano, consegue se valorizar. E negociar bem tanto com o PT quanto com o PSDB. 

Força x chineses

A Força Sindical começou a mobilizar as centrais CUT e CGT para investigar o consórcio que vai construir as linhas de transmissão da usina de Belo Monte do Xingu (PA) para Estreito (MG). Baseada na denúncia da Coluna de que a estatal chinesa State Grid pressiona o governo para burlar lei e contratar operários fora da CLT, o presidente da Força, Miguel Torres, acionou o deputado Paulo Pereira da Silva (SDD).

O Solidariedade vai apresentar requerimento na Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados para realizar audiência pública e convocar os executivos. O consórcio é liderado pela estatal chinesa (51%) e tem sócias Furnas (24,5%) e Eletronorte (24,5%). Os asiáticos querem que o governo aprove uma situação surreal para obras do PAC: que dois terços dos operários sejam chineses.

O governo tenta convencer os chineses de que a legislação brasileira exige a aplicação da CLT em todas Sociedades de Propósitos Específicos (SPE), como no caso dessa obra. Já os executivos asiáticos, em conversas com o governo, querem fazer do seu jeito – como em seu país – e alegam que aqui os custos trabalhistas seriam altíssimos, sem margem de lucro. A obra envolverá nada menos que 12 mil empregos diretos.

Protesto

Os grupos ‘Revoltados online’, ProVida DF e outros movimentos vão promover hoje, durante a posse da presidente Dilma, um protesto pacífico na Esplanada dos Ministérios. Pretendem reunir 300 manifestantes e vão distribuir centenas de adesivos com a frase “Não vamos nos dispersar”. Levarão também cartazes com os dizeres “Dilma, você não nos representa”. 

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