Iniciado nesta quarta-feira (9), o Seminário Internacional Desafios Curriculares do Ensino Médio, promovido pelo Instituto Unibanco e pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), traz o debate sobre as necessidades de uma transformação do Ensino Médio, assim como o papel das escolas da rede pública para implantação das melhorias.
De acordo com o diretor institucional do Consed, Antônio Neto, o debate sobre melhorias no Ensino Médio, principalmente sobre o currículo, foi originado em 2013 após um resultado negativo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Em seguida, foram aplicadas novas formas de gerir o debate sobre educação, com prioridade para o Ensino Médio. “Em 2015, nós começamos a olhar para o mundo e vemos que o Brasil estava defasado, inclusive pela desconexão do currículo com as expectativas da juventude”, afirmou Antônio Neto.
Para o diretor, a falta de relação entre a vida dos estudantes com a prática da escola e o currículo do Ensino Médio traz alguns problemas. Como início de uma possível solução, são previstas medidas como estrutura flexível da escola.
“A escola precisa romper com o que é hoje. O pensamento hoje é antiquado, precisamos de um pensamento crítico e acompanhar os jovens do século 21. Para isso, o currículo precisa embarcar na escola e a escola precisa estar preparada para essa alteração, considerando formação de professores, gestão de diretores, entre outros”, explicou.
Para contribuir com o debate, o Consed apresentou sugestões como pensamento em formação plural e possibilidades de formação, que deixem que ser únicas como são atualmente.
“O mais importante é pensar: qual é a expectativa da juventude? O Consed também aprofundou a discussão com a Base Nacional Comum. Como saber qual fazer primeiro: a base nacional comum ou a reforma do ensino médio? Sabemos que o Ensino Médio com 13 disciplinas obrigatórias e objetivos de aprendizagem estabelecidos não é suficiente”.
Segundo o diretor do Consed, é necessário que haja uma alteração do currículo voltado para competências e habilidades dos estudantes, assim como maior estrutura das escolas, organização das redes, com cadeias de professores, organização de currículo e da formação dos professores.
“Pensar o currículo é pensar toda a trajetória de implantação, com organização, horário, formação de professores, além de entender o quanto a juventude precisa de um currículo conectado com sua vida e o século 21”.
Em 15, 20 anos, os jovens de hoje serão os adultos que manterão o mercado de trabalho brasileiro. Diante disso, é real a necessidade de transformar o Ensino Médio para que esses jovens possam atuar corretamente no futuro.
“Se a escola não for o centro dessa revolução para o país, não conseguiremos enfrentar o século 21. A escola deve fazer a diferença no país daqui 20 anos”, concluiu Antônio Neto.
Em 2015, cerca de 14% do total de jovens brasileiros que fazem o Ensino Médio alcançaram o padrão de proficiência em Língua Portuguesa e 9%, em matemática. Nessa sequência, o nível de aprendizagem dos estudantes até 2015 era considerado abaixo do básico. Em 2016, está no nível básico.
Outro fator importante é a permanência dos jovens nas escolas. “Muitos não entram. Os que estão [na escola], não ficam. Dos que ficam, muitos não aprendem. O currículo deve ser atrativo e porque não, prazeroso”, ressalta o presidente do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques.
As convergências iniciais, segundo Ricardo, são a conexão com culturas, identidades e expectativas dos jovens; organização curricular; flexibilização. Dentro disso há a necessidade de incluir a participação dos jovens, reconhecer culturais juvenis, focar no modo de aprendizado e desenvolvimento; coerência e articulação do currículo; contextualização; disciplinas eletivas; disciplinas eletivas; etc.
Para a implementação de um novo currículo, as escolas deverão contar com financiamento e política de assistência técnica da União para os estados; evitar distorções; considerar áreas de baixa densidade demográfica; otimizar políticas públicas para estudantes; implantar práticas didáticas e focar na formação e locação de professores.
Também é necessário que haja uma nova forma de gestão nas escolas, com corresponsabilização; fortalecimento dos colegiados e método de gestão comprometida com resultados e permanência dos jovens nas escolas.