Nove entre dez trabalhadores poderão sacar até R$ 3.500 de contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), segundo estudo do banco Santander, realizado sobre números oficiais do fundo. O calendário de saques ainda não foi divulgado pelo governo.
A autorização para saque vai valer para contas do Fundo de Garantia de empregos dos quais o trabalhador saiu até 31 de dezembro de 2015 e que ainda possuem saldo.
Mas dentro desse numeroso grupo -são cerca de 10,1 milhões de trabalhadores donos de 18,6 milhões de contas-, a maior parte daqueles que possuem algum dinheiro para ser resgatado encontrará um saldo médio de R$ 730.
Esse é o valor que deverá estar disponível em 5,4 milhões de contas inativas que pertencem a 3 milhões de pessoas, segundo cálculo realizado a pedido da reportagem pela economista do Santander Adriana Dupita.
Uma parte ainda relativamente grande do total de cotistas -cerca de 700 mil donos de 1,3 milhão de contas inativas- encontrarão saldo médio de R$ 6.500.
Considerando que o valor disponível para a maioria é baixo, a expectativa é que os trabalhadores utilizem esse dinheiro como renda extra ou para pagar dívidas, analisa Adriana. “Será uma ajuda para pagar dívidas com bancos, cartões de crédito, conta de água ou energia que podem estar em atraso ou mesmo em gastos do dia a dia.”
O total de contas sem nenhum dinheiro é de 10,7 milhões. Isso pode significar que mais da metade dos trabalhadores que possuem contas inativas no fundo não receberá nem sequer um centavo.
O total liberado será de R$ 41 bilhões, dos quais R$ 20 bilhões irão para 1% dos cotistas; R$ 15 bilhões para 5% e R$ 7 bilhões para os outros 94%.
MENOS QUE A INFLAÇÃO
O governo Michel Temer (PMDB) e a Caixa Econômica Federal prometem divulgar ainda neste mês o calendário de saque do saldo do FGTS. O dinheiro das contas sem movimentação até 31 de dezembro de 2015 será liberada entre março e julho deste ano, mas falta dizer quais trabalhadores poderão sacar a cada mês.
A distribuição deve ser similar ao pagamento do abono do PIS que varia de acordo com a data de nascimento do trabalhador. Para quem tem dinheiro no fundo, o saque será vantajoso até mesmo se o trabalhador colocar a bolada na poupança. O rendimento do FGTS é muito baixo, pois considera somente a TR (Taxa Referencial) mais 3% de juros ao ano, fazendo com que o fundo sempre perca para a inflação.
Quem está endividado também pode levar vantagem, pois permitirá ao trabalhador se livrar de juros altos, por exemplo. É importante ter em mente que o FGTS é uma proteção do trabalhador, para ser usado em situações como desemprego ou aposentadoria, quando ficará mais vulnerável financeiramente.
(FOLHAPRESS)