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Notícias do Estado
| Em 4 anos atrás

87 anos de um golpe? Origem de Goiânia tem conflitos políticos e decisão autoritária de Pedro Ludovico

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Quando Pedro Ludovico Teixeira foi nomeado interventor do Estado de Goiás por Getúlio Vargas, após o Golpe de 1930 recebeu a missão de escolher uma nova cidade que seria a capital do Estado de Goiás. Dissidente do grupo liderado por Antônio Ramos Caiado, também conhecido como Totó, Pedro queria migrar para uma região sem uma forte liderança política relevante para poder chamar de ‘seu’. 

A capital de Goiás teria tudo para ser Silvânia e quase foi. Mas Pedro Ludovico parece não ter achado a ideia de tão interessante assim. Ele também não gostou da ideia de que o centro administrativo do Estado se chamasse Petrônia. Já imaginou seu gentílico ser petroniense? Mas é assim que nasce uma nova capital: cheio de interesses políticos, egos inflados e algumas pitadas de autoritarismo.

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Para conhecer melhor sobre como Goiânia foi fundada, o Diário de Goiás conversou com o promotor de Justiça do Estado de Goiás e doutor em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG) Jales Guedes Coelho Mendonça. Autoridade quando se fala na construção da capital goianiense ele é autor do livro A Invenção de Goiânia: O outro lado da mudança.

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DG relembra histórias sobre os origens de Goiânia


Jales explica que Ludovico montou uma comissão com oito pessoas que na visão do interventor estavam preparados e tinham capacidade técnica para escolher a cidade que seria a nova capital do Estado. Pedro tinha boa parte desse grupo em suas mãoo. Eram pessoas de sua inteira confiança e outras duas que foram convidadas de maneira estratégica: O arcebispo da Igreja Católica no Estado e o chefe do 6º Batalhão do Exército de Goiás. “Ele usou a credibilidade dessas duas instituições: a Igreja Católica e o Exército, inclusive o bispo era o presidente da comissão incumbida de escolher a capital. Essa comissão por sua vez, tirou três pessoas que ela chamou de sub-comissão para visitar quatro áreas e produzir um relatório conclusivo. Eles visitaram as quatro áreas e ao final a subcomissão entendeu por bem, levando em conta questões de água, solo, custo, localização porque era Goiás e Tocantins juntos, imagina a dimensão disso.” explica Jales. 

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A comissão apresentou quatro cidades como opções para a capital: Bonfim, que hoje se tornou Silvânia, Pires do Rio, Campinas e Ubatã que atualmente é distrito de Orizona.

Campinas em 1930 era uma cidade que não tinha tantos recursos e dentro do contorno do Estado de Goiás era considerada uma cidade pobre. Sequer havia uma liderança política relevante naquela região em níveis estaduais. Silvânia já parecia ser mais desenvolvida e chamou à atenção da comissão que Pedro havia designado. Dom Dom Emanuel chegou à conseguir levar trilhos de trem para a cidade, bem como Escolas e toda uma infraestrutura que marcaram seu nome por lá. 

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A capital de Goiás teria tudo para ser Silvânia. Goiânia sequer tinha trilhos de trem o que encareceria substancialmente o valor em termos logísticos para a construção da capital. E a comissão entendeu isso. Ao apresentar o relatório, Pedro Ludovico achou o máximo a opção de ir para Silvânia, mas por algum motivo que se desconhece, pediu para os seus assessorados ‘riscarem’ Silvânia e optarem por Goiânia. E assim se sucedeu.

O pesquisador Jales Mendonça conversa com o editor do Diário de Goiás sobre as origens de capital. Ele é autor do livro: A Invenção de Goiânia. A entrevista na íntegra você poderá assistir ao final deste texto.

“Na versão oficial só saiu o relatório que concluía por Campinas que foi ao final aceito pela subcomissão que foi homologado e levou ao Pedro que em 1933 baixou um decreto que a capital seria construída em Campinas. Esse município de Goiânia hoje chamava-se Campinas e Campinas dentro do contorno do Estado de Goiás era um município pobre e sem uma grande liderança política estadual”, explica Mendonça.

O bispo que era presidente da comissão, Dom Emanuel, parece não ter ficado nada feliz com a opção do interventor. Sequer participou da missa da Pedra Fundamental em Goiânia no dia 24 de outubro de 1933.

Os motivos que fizeram Pedro ir de encontro ao relatório apresentado pela comissão parecem ter sido meramente políticos. Campinas sequer ficava ao centro do estado de Goiás, haja vista que a região do que hoje é o Tocantins sequer havia sido desmembrada. “Se o objetivo fosse a centralidade do Estado a região teria de ser Minaçu, Uruaçu, mais ao Norte, para você dar essa dimensão de aspecto central para uma capital”, pontua o pesquisador.

O jornalista Altair Tavares entrevistou Jales Mendonça e a conversa na íntegra você pode assistir no vídeo abaixo:

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Domingos Ketelbey

Jornalista e editor do Diário de Goiás. Escreve sobre tudo e também sobre mobilidade urbana, cultura e política. Apaixonado por jornalismo literário, cafés e conversas de botequim.