Além de escolher o melhor revestimento para pisos e paredes, é fundamental prestar atenção à instalação das peças. O processo conhecido como paginação é responsável pela distribuição dos revestimentos no ambiente, definindo o padrão, o desenho e a estética final do projeto.
“Essa decisão não incorre apenas no visual, como também nos propicia outros efeitos importantes como o desejo de contar uma história, criar uma divisão de ambientes ou mesmo conquistar amplitude”, explica a arquiteta Isabella Nalon, à frente do seu escritório homônimo.
Assim, a paginação tanto estabelece o padrão como permite o cálculo para a compra dos materiais com exatidão. “É simplesmente uma dor de cabeça quando a decisão é tomada apenas na obra, pois, ao faltar material, além do atraso da obra e a pressa de sair para comprar, o cliente ainda é surpreendido com mais um gasto que não havia sido previsto”, adiciona.
Conforme abordado por Isabella Nalon, uma paginação bem-sucedida resulta em assertividade – tanto pelo gasto do morador, desperdício (ou a falta) quanto pela melhor utilização do revestimento escolhido. Ainda de acordo com ela, a decisão acontece ainda na etapa de projeto, quando são desenhadas a planta baixa e as elevações. “Todos esses pontos convergem para o planejamento, fundamental para que tudo ocorra como o esperado. Também deve-se considerar a contratação de mão de obra especializada e treinada”, alerta.
Abaixo, Isabella Nalon lista as aplicações mais adotadas. Veja!
As peças têm o mesmo tamanho e podem ser instaladas tanto na vertical ou horizontal. Trata-se da forma mais tradicional de paginação, originando em uma sensação de regularidade ao espaço sem muito ou movimento.
Nesse tipo de paginação, as peças ficam em um ângulo de 45 graus e entregam a percepção de quebra de padrão e movimento. Para a especialista, é recomendada para paredes que possuem algum tipo de imperfeição que precisa ser ocultada.
Instalada com transpasse e um ângulo de 90 graus que acompanha o sentido nas paredes. Essa paginação é muito adotada em pisos de madeira, mas ultimamente tem ganhado espaço em materiais como cerâmica, azulejos e porcelanatos, conferindo um visual mais sofisticado.
Mix de diagonal com transpasse, as peças formam um ângulo de 90 graus entre si. A diferença para a paginação espinha de peixe está na direção da instalação, já que ambos são formados por réguas do piso intercaladas.
Na instalação transpasse, as extremidades ficam desencontradas e, de acordo com cada produto, essa “discordância” é aleatória ou fruto de uma proporção, como 2/3. Ocorre com frequência em pisos com formatos de réguas
As peças são recortadas para que, no encaixe uma da outra, perceba-se um desenho. Essa espécie de “zigue-zague” ganhou visibilidade no mundo da moda, depois de um desfile da grife italiana Missoni, que repaginou o estilo nos idos da década de 1950. De lá para cá, fincou o pé também na arquitetura e no design de interiores.
Nessa paginação, as peças são colocadas lado a lado na vertical e horizontal, formando um quadrado similar ao tabuleiro de dama.
A paginação de piso e parede reflete em alguns benefícios para o imóvel, pois, além de valorizar os ambientes, quando bem executada, contribui para a amplitude do cômodo – artifício muito bem-vindo em projetos de imóveis pequenos.
E os estilos não se restringem a um único tipo de material. “As formas nos permitem atuar com uma grande variedade como porcelanatos, madeira, ladrilho hidráulico, cimentícios, monolíticos, granilite, fulget, tijolos, plaquetas, papel de parede, entre outros”, detalha Isabella.
A paginação não se restringe apenas ao piso e à parede e pode marcar presença no teto. A instalação é um pouco mais lenta, pois é fruto do escoramento conforme o desenrolar da instalação, realizada com uma argamassa específica para o local.
“Vale lembrar que existem materiais específicos para cada ocasião. Alguns podem ser utilizados apenas em parede, por não terem resistência para o tráfego, como os de piso, por exemplo. E cada material, seja piso, parede ou teto, tem sua argamassa específica”, conclui Isabella.
Por Danilo Costa