O Dia do Empreendedor, celebrado em 5 de outubro, vai além de uma homenagem à criação do Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Representa um momento de reflexão sobre as conquistas e desafios enfrentados diariamente pelos empresários que se dedicam a manter seus negócios funcionando. Em um cenário econômico complexo, é necessário repensar ações que podem garantir a sobrevivência e o crescimento das empresas.
Com base na pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, realizada pelo Sebrae e Anegepe em 2023, há no Brasil cerca de 90 milhões de empresários e futuros empreendedores. Desses, 42 milhões já possuem algum negócio ou estão trabalhando para abrir um. Para garantir o sucesso, é fundamental implementar estratégias que ajudem a enfrentar questões como a alta carga tributária e as dificuldades na obtenção de crédito.
Empreender não é apenas lançar um produto ou serviço no mercado; trata-se, antes de tudo, de um processo de desenvolvimento pessoal. “Independentemente da motivação — seja por necessidade, complemento de renda ou desejo de enriquecimento — o ponto central é que, sem a segurança de um salário fixo ou garantias trabalhistas, o negócio precisa ser algo pelo qual você tenha muita paixão”, explica Renato Herrmann, especialista em diversidade, inclusão e saúde mental no trabalho.
Segundo ele, isso acontece, porque, ao longo da jornada, o empreendedor enfrenta muitos desafios, recebe muitos ‘nãos’ e lida com inúmeras frustrações. “Nesse caminho, a fé no que você acredita e no impacto que sua ideia pode causar no mundo é essencial”, acrescenta.
Para ele, é fundamental ter um forte senso de propósito e autoconhecimento, entendendo a importância do seu projeto. “Além disso, é necessário desenvolver uma alta tolerância à frustração, mais do que apenas resiliência, pois as dificuldades e críticas serão constantes. É essa força interior que irá sustentar o empreendedor diante dos desafios e permitir que ele siga em frente mesmo quando as coisas parecerem mais difíceis”, completa.
Em um mundo no qual a tecnologia avança mais rápido do que nunca, donos(as) de empresas precisam se reinventar e se adaptar às mudanças constantes do mercado. A seguir, especialistas compartilham dicas valiosas para otimizar negócios e alcançar novos patamares:
De acordo com Fellipe Guimarães, especialista em negócios digitais da Keyrus, consultoria internacional especialista em Inteligência de Dados e Transformação Digital, os negócios precisam adotar uma abordagem cada vez mais holística para conhecer seus clientes.
“A forma de vender está em constante transformação, impulsionada por avanços tecnológicos e mudanças no comportamento do público-alvo. Por isso, é essencial que as empresas e empreendedores não se limitem apenas ao monitoramento das ações dos usuários, mas também invistam em entender profundamente o que eles pensam, sentem e desejam. Somente assim é possível criar experiências verdadeiramente personalizadas e construir relacionamentos duradouros”, ressalta.
A transformação digital não é mais uma opção, mas uma necessidade. Companhias que não investem em tecnologia perdem competitividade. A implementação de soluções em automação, inteligência artificial e big data pode aumentar a eficiência operacional e criar novas oportunidades de mercado. Além disso, a tecnologia melhora a produtividade e a tomada de decisões estratégicas.
Para o especialista em inteligência artificial, professor de MBA na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e na Avado Learning, no Reino Unido, Kenneth Corrêa, “com os consumidores cada vez mais digitalizados, com novos dispositivos e passando cada vez mais tempo em realidades alternativas e imersivas como games, metaverso e redes sociais, por exemplo, é importante que a empresa esteja presente nestes espaços; caso contrário, perderá clientes”.
Antonio Muniz, especialista em carreira e tecnologia, autor do livro “Smart Skills – Descubra seus pontos fortes para uma carreira produtiva e feliz”, menciona que a evolução da carreira está intrinsecamente ligada ao domínio de novas tecnologias.
“O empreendedor precisa estar preparado para as inovações e buscar qualificação constante. A tecnologia tem o poder de transformar profissões, abrindo novas oportunidades e impulsionando o crescimento”, afirma. Ele recomenda que os empresários invistam em cursos que os mantenham atualizados com as tendências do mercado digital.
O empreendedorismo no Brasil tem se tornado cada vez mais inclusivo, com uma crescente participação de mulheres, jovens e pessoas de diversas origens sociais. De acordo com o estudo da GEM, 34% dos novos negócios no país são liderados por mulheres, refletindo o empoderamento feminino no cenário empresarial.
“O que os dados e os fatos comprovam é que ainda enfrentamos uma desigualdade nas atribuições sociais entre os gêneros, fator esse que evidencia o peso social que recai sobre os ombros femininos. Falar sobre gênero também é fundamental”, menciona a especialista no mercado imobiliário, idealizadora e fundadora do Instituto Mulheres do Imobiliário, Elisa Rosenthal.
Além disso, ela conta como serão as tendências desse novo universo corporativo: “O ‘mercado por elas’ vai obrigar os setores a pensarem de forma mais flexível, afinal nós entendemos de jornada híbrida. O trabalho remoto é praticado pelas mulheres há décadas, seja dentro das empresas ou em casa, gerindo e administrando os lares, organizando as múltiplas atividades inviabilizadas e não remuneradas”, afirma.
O compartilhamento de dados é um recurso cada vez mais valorizado no mundo dos negócios. Com a evolução da tecnologia e a adoção de sistemas, como o Open Banking e o Open Finance, as instituições podem ter acesso a uma ampla gama de informações capazes de otimizar suas operações.
Esses dados podem ser usados para melhorar o relacionamento com os clientes, personalizar ofertas e tomar decisões mais informadas. Além disso, a troca de informações entre parceiros e fornecedores gera possíveis insights para inovação e competitividade.
“Entender a importância do compartilhamento de dados e adotar práticas seguras pode trazer inúmeros benefícios, tanto para consumidores quanto para empresas, promovendo um ambiente digital mais seguro e eficiente”, pontua o especialista e CEO da Lina Open X, Alan Mareines.
A pesquisa E-Shopper Barometer revelou que, em 2023, 68% da população brasileira realizou compras na internet. Mais da metade dos consumidores entrevistados, 55% acreditam que conseguem comprar pela internet cerca de 100% dos produtos de que necessitam.
“Para sobreviver nesse ambiente, que avança ano a ano e já representa para uma significativa parcela da população do país o principal meio para adquirir bens, produtos e serviços, as organizações devem entender aquilo de que seu cliente necessita e oferecer soluções que atendam a essas expectativas”, ressalta o especialista e vice-presidente de estratégia e crescimento da Coretava, João Paulo Amadio.
Além disso, a experiência do cliente tornou-se um dos fatores mais críticos para garantir a fidelização em um mercado competitivo. Proporcionar uma jornada de compra agradável, personalizada e ágil, seja no ambiente físico ou digital, é essencial para criar uma conexão duradoura com o consumidor.
As pesquisas mostram que o capital humano deve ser priorizado para fomentar a criatividade e a inovação. A Harvard Business Review destaca que o networking permite que empreendedores descubram novas oportunidades de negócios, mercados e parcerias estratégicas que, de outra forma, não estariam acessíveis. A criação de uma rede ampla e diversificada aumenta as chances de encontrar oportunidades inovadoras.
“Networking vai além da troca de cartões de visita. Trata-se de criar conexões genuínas e colaborar com pessoas que possam agregar valor ao seu negócio. Participar de eventos, e grupos de discussão é uma excelente maneira de expandir sua rede de contatos”, diz o especialista em negócios e networking e CEO do Resenha Group, Gabriel Khawali.
Para ele, momentos despretensiosos podem resultar em relações profundas e duradouras. “A qualidade das relações é mais importante que a quantidade, e encontros descontraídos podem gerar oportunidades valiosas”, completa.
O Relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM) destaca que um bom networking pode aumentar a reputação e a credibilidade do empreendedor no mercado. Estar conectado com líderes respeitados e influentes do setor proporciona uma possível vantagem competitiva, bem como abre portas para novas colaborações.
Stefani Pereira, especialista em imagem e reputação e CEO da Temma, ressalta que fortalecer a marca pessoal ou da empresa em canais que proporcionem visibilidade e ampliem a mensagem para o público é uma parte essencial da estratégia de relacionamento.
“Como diz o ditado, ‘quem não é visto não é lembrado’. É crucial que o empreendedor compreenda que a propaganda continua sendo a alma do negócio. E por propaganda, refiro-me tanto ao marketing boca a boca e ao relacionamento quanto a ações mais estruturadas, como branding e imprensa, para expandir e fortalecer sua rede de contatos, seja por meio de veículos de comunicação ou redes sociais”, aponta.
Para a especialista, “as plataformas de redes sociais, como LinkedIn e Twitter, facilitam o networking para empreendedores, permitindo a construção de redes globais de maneira rápida e eficiente. Essas plataformas podem acelerar o processo de networking e conectar empreendedores a pessoas-chave fora de seu alcance físico”.
Brenda Lezie, especialista em redes sociais e CEO da Branding Digital, afirma que “as redes sociais oferecem oportunidades surpreendentes. Quando uma estratégia é bem planejada e executada com propósito, o empreendedor pode expandir em várias áreas, como seguidores, faturamento e credibilidade. É fundamental que o empreendedor compreenda que ele, seja como marca pessoal ou institucional, precisa explorar esse potencial para alcançar crescimento”, finaliza.
Por Letícia Carvalho