A queda de cabelo é um processo natural e essencial para a renovação capilar. Todos os dias, perdemos uma quantidade de fios como parte do ciclo de crescimento do cabelo, que envolve três fases: crescimento, repouso e queda. Esse ciclo é necessário para que novos fios possam nascer e substituir os antigos, garantindo que o cabelo se mantenha saudável e forte.
“No entanto, quando a queda é excessiva, pode ser um sinal de um problema de saúde. A queda de cabelo pode ser causada por vários fatores, incluindo: fatores genéticos, alterações hormonais, doenças como a anemia e problemas na tireoide. Além disso, também podem causar queda de cabelo: medicamentos como os citostáticos (antitumorais) e os anticoagulantes, uma dieta pobre [em nutrientes] e o estresse físico e mental”, explica o Dr. Danilo S. Talarico, médico pós-graduado em Tricologia Médica e Cirurgia Capilar.
Abaixo, confira algumas das principais causas da queda de cabelo!
A calvície hereditária (alopecia androgenética) é uma manifestação fisiológica cuja herança genética pode vir do lado paterno ou materno. “A alopecia androgenética é resultado da estimulação dos folículos pilosos (estrutura presente na pele capaz de produzir um pelo) por hormônios masculinos que começam a ser produzidos na adolescência (testosterona)”, explica a dermatologista Dra. Claudia Marçal.
Conforme a médica, em pacientes com tendência genética para a calvície, a testosterona sofre a ação de uma enzima chamada 5-alfa-redutase, sendo transformada em di-hidrotestosterona (DHT). “É a DHT que vai agir sobre os folículos pilosos promovendo a sua diminuição progressiva a cada ciclo de crescimento dos cabelos, que vão se tornando menores e mais finos. O resultado deste processo de diminuição e afinamento dos fios de cabelo é a calvície”, afirma.
Segundo a dermatologista Dra. Lilian Brasileiro, as dietas de emagrecimento sempre podem desencadear a queda de cabelo. “O simples fato da depressão calórica, necessária ao emagrecimento, pode ser um insulto ao folículo capilar. Temos visto muito isso, pois estamos na era de injeções de analogia da GLP 1 para perda de peso rápida e intensa e, por fim, as bariátricas, as desnutrições propriamente ditas como as de vitaminas e minerais, como ferro e zinco mais comumente”, explica
Ou seja, a alimentação também está relacionada com a queda de cabelo. “A ingestão insuficiente de proteínas, ácidos graxos essenciais, vitaminas e minerais, causada por dietas restritivas, erros inatos do metabolismo ou modificações anatômicas dos sítios de absorção levam a anormalidades estruturais, de pigmentação ou até mesmo à perda do fio”, complementa a nutróloga Dra. Marcella Garcez.
Dessa maneira, é essencial ficar atento com a alimentação. “Portanto, uma dieta equilibrada variada e o mais natural possível, com aporte proteico adequado e suficiente, além de carboidratos complexos e gorduras de boa qualidade e, ainda, com bons níveis de minerais e vitaminas, garantem a formação, o metabolismo e a manutenção dos fios de cabelo”, acrescenta a Dra. Marcella Garcez.
Alterações hormonais podem causar queda de cabelo temporária ou permanente, de acordo com a Dra. Lilian Brasileiro. “Isso também pode ocorrer durante a gravidez e após o parto (eflúvio telógeno pós-parto)”, diz a médica.
Conforme o Dr. Danilo S. Talarico, após o parto, a queda de cabelo intensa acontece após a última fase do ciclo capilar. “Isso acontece em aproximadamente 40 a 50% das gestações. A grande preocupação do eflúvio pós-parto é com as mulheres que já têm algum quadro de doença no couro cabeludo, pois essas terão uma exuberância no aspecto estético após essa fase”, afirma. Por isso, segundo ele, o cuidado preventivo é fundamental para as mães após o parto.
Além disso, segundo a Dra. Claudia Marçal, a alteração hormonal na glândula hipófise e suprarrenal, mudanças no climatério, com diminuição dos hormônios femininos, ovários policísticos e endometriose também são condições que afetam a saúde do cabelo, mudando sua estrutura proteica, densidade, resistência e crescimento.
As emoções também podem desencadear a queda de cabelo. Conforme a Dra. Lilian Brasileiro, o estresse emocional, por exemplo, aumenta o cortisol e, consequentemente, consome uma proteína de ancoragem do fio dentro do folículo.
“Os receptores hormonais presentes no cabelo são estimulados e sensibilizados pelas alterações provocadas por taxas e concentrações alteradas destes hormônios, que vão modificar a estrutura do ciclo de crescimento dos cabelos”, explica a Dra. Claudia Marçal.
Dengue, COVID-19 e até mesmo a gripe são infecções virais que desencadeiam uma resposta inflamatória sistêmica no organismo, que pode afetar negativamente o ciclo de crescimento capilar, de acordo com a Dra. Lilian Brasileiro.
“Durante a fase aguda da doença, o sistema imunológico é ativado para combater o vírus, o que pode resultar em uma resposta exagerada, causando desequilíbrios hormonais e metabólicos. Esses desequilíbrios podem afetar diretamente os folículos pilosos, acelerando a transição dos fios da fase anágena (crescimento) para a fase telógena (repouso), levando à queda prematura dos cabelos”, explica a dermatologista.
Além disso, conforme a médica, o estresse físico, as possíveis deficiências nutricionais associadas à perda de apetite e a desidratação durante a dengue também podem agravar a queda do cabelo.
Todas as condições que favorecem um estresse metabólico no corpo, como pós-cirurgia, pós-parto, uso de medicações indutoras, como alguns antidepressivos e antidiabéticos, remédios para tratar colesterol, anticoagulante, entre outros, podem favorecer a queda capilar por meio do eflúvio telógeno.
De acordo com a Dra. Lilian Brasileiro, é importante ressaltar que a queda de cabelo não ocorre repentinamente, pois os fios crescem em ciclos, podendo levar até três meses para que o cabelo comece a cair.
“Sendo assim, é importante que, ao notar a queda excessiva dos fios, você não se desespere. O ideal é acompanhar este processo e consultar um médico sempre que houver a suspeita de uma queda aumentada”, diz. Por meio da avaliação, o especialista poderá diagnosticar o que está realmente causando a queda e indicar o melhor tratamento.
Por Maria Claudia Amoroso