Um levantamento realizado pela Sodexo, multinacional francesa de alimentação, revelou que 90% dos brasileiros demonstram preferência por uma alimentação considerada saudável. No entanto, embora haja um discurso crescente sobre a busca por uma dieta perfeita, especialmente nas redes sociais, a busca intensa por um corpo ideal, saúde física e mental impecável, tem levado muitas pessoas a adotarem comportamentos de alerta, sem saberem como, quanto e o que comer.
Sabendo disso, a seguir, Maria Cláudia Hauschild, especialista em saúde da BurnUp, lista 5 comportamentos que, embora comuns, indicam que algo pode estar errado na sua relação com a alimentação saudável. Confira!
Segundo a especialista, pesquisar (e/ou salvar) receitas o tempo todo, sejam elas saudáveis ou não, ficar pensando o que comeu, o que deveria ou não ter comido, o que irá comer ou o que gostaria de ter comido, mesmo que você tenha acabado de fazer uma refeição, pode ser um indicativo de que você está com fome e/ou comendo menos do que deveria.
Ao fazer uma restrição alimentar, o corpo lança mão de uma série de mecanismos adaptativos para se defender dessa “falta de comida”, mesmo que essa restrição seja autoimposta. “Lembre-se, uma alimentação saudável inclui também comer comida em quantidade suficiente. Assim, quanto mais eu me restrinjo, mais meu corpo irá fazer com que eu busque comida e, normalmente, o desejo é por comida mais palatável, mais calórica”, explica a nutricionista.
De acordo Maria Cláudia Hauschild, as pessoas normalmente contam calorias buscando o déficit calórico e, consequentemente, o emagrecimento, mas isso não ajuda na busca pela alimentação saudável; muito pelo contrário, a preocupação excessiva com o que e quanto se come pode ser um indicativo de que a sua relação com a comida não está saudável. “Não somos uma máquina que se satisfaz apenas recebendo as ‘calorias’ necessárias. Somos seres humanos que tem vontades e é normal comer por outras razões, além das fisiológicas”, completa.
É fácil cair no comportamento de classificar os alimentos em certos ou errados, bons ou ruins, saudáveis e não. Normalmente, tal classificação acontece exclusivamente pelo seu valor nutricional (e calórico), não levando em consideração, por exemplo, o momento que o alimento foi consumido, quantidade, entre outros pontos.
Porém, de acordo com a profissional, essa dicotomia alimentar faz com que, muitas vezes, as pessoas deixem de comer alimentos que gostam ou, quando comem, sentem muita culpa, achando que fizeram algo errado. Por isso, é sempre muito importante lembrar que uma alimentação saudável envolve diferentes aspectos, além dos biológicos. É um agir que manifesta também valores culturais, sociais, afetivos e sensoriais.
Não é de hoje que, para muitas pessoas, a magreza é sinônimo de saúde, sucesso, beleza e até força de vontade. Por essa razão, algumas pessoas acabam buscando um controle muito rigoroso sobre o seu peso, avaliando o sucesso e saúde apenas pelo número que aparece na balança e se pesando diariamente.
“É importante saber que o peso do nosso corpo varia, essa variação de peso não quer dizer que a pessoa engordou ou emagreceu ‘x’ gramas. Trata-se apenas de uma variação normal do peso, que acontece ao longo do dia e semana e apenas diz se você está mais leve ou não”, reforça a nutricionista.
Quando falamos de alimentação e corpo ideal, os comportamentos compensatórios são realizados, normalmente, para evitar o ganho de peso. Eles aparecem de diferentes formas e, muitas vezes, são comportamentos comuns, mas podem ser altamente prejudiciais para a saúde mental e física. Entre alguns exemplos, estão:
Segundo Maria Cláudia Hauschild, os comportamentos compensatórios podem trazer prejuízos no funcionamento social, profissional e demais áreas da vida das pessoas. Além disso, podem prejudicar a relação com a comida e com o corpo, afetar a saúde mental, trazendo sentimento de culpa, vergonha e ansiedade, e fazer com que o indivíduo se desconecte com os sinais de fome e saciedade, podendo trazer danos físicos, como distúrbios gastrointestinais e cardiovasculares, desnutrição e problemas dentários. “É importante sempre lembrar que comer é um ato biopsicossociocultural e que a alimentação saudável deve levar em consideração mais do que sua composição nutricional”, finaliza a especialista.
Por Isabel Bergami