Cada tipo de madeira atende a diferentes demandas estéticas e funcionais, seja em pisos, portas ou decks externos, exigindo decisões bem fundamentadas e levando em consideração o impacto ambiental. Segundo Frederico Sabella, arquiteto à frente do escritório Sabella Arquitetura, a escolha varia em função de cada demanda, acompanhada por uma análise criteriosa das condições e especificidades do material.
Nessa avaliação, o profissional considera aspectos como resistência ao desgaste, variações climáticas e fatores estéticos como determinantes para assegurar a conservação e o bom desempenho de cada peça. “Sem dúvidas, a execução correta é capaz de valorizar o projeto arquitetônico, além de proporcionar ambientes duradouros, agradáveis e em harmonia com a natureza”, revela.
Desde as civilizações antigas, a madeira é um dos materiais preferidos pela humanidade para construção e decoração. No entanto, Frederico Sabella reforça que o manejo exige comprometimento com cultivos sustentáveis. “Por questões éticas e de consciência ambiental, trabalhamos apenas com certificadas, fruto de práticas de reflorestamento e oriundas do Brasil”, explica.
O arquiteto ainda acrescenta que as madeiras ecológicas, como também são conhecidas, reduzem o desmatamento por meio do manejo controlado e sustentável, evitando que o setor contribua para o agravamento das mudanças climáticas, tema central a ser enfrentado em todo o planeta.
Abaixo, confira algumas recomendações e acerte na escolha!
De acordo com Frederico Sabella, a avaliação do piso de madeira leva em conta critérios como o estilo da arquitetura previsto para o projeto, a resistência conforme a necessidade do local e o fator custo x benefício. Entre as tipologias, ele discorre sobre o cumaru, com sua tonalidade escurecida, o carvalho e a sucupira, ambos com variações mais claras. “Considero que as três apresentam um preço intermediário”, discorre.
Entre as tipologias “nobres”, o jatobá, árvore conhecida pela capacidade de viver por cerca de cem anos, é aclamada por sua matiz quente e brilho natural. “Porém, esses aspectos refletem no preço elevado da madeira”, ressalta o arquiteto.
Outra possibilidade elencada é a madeira de demolição, que, apesar de não dispor da mesma resistência em comparação às opções anteriores, figura como uma alternativa interessante para pisos devido ao seu caráter sustentável e custo mais atrativo.
Os painéis de madeira são frequentemente contemplados em revestimentos de paredes, armários e divisórias, trazendo textura e elegância. Entre as possibilidades, estão o freijó, conhecido por sua cor clara e suave que resulta em um visual moderno, enquanto o cedro, em uma variação mais quente.
“Podemos considerar também o MDF”, diz Frederico Sabella, que sugere atenção com relação à estabilidade dimensional das peças utilizadas em projeto, pois variações de temperatura e umidade podem causar dilatação.
A madeira ripada, bastante utilizada em fechamentos, internos ou externos, trata-se de um espaçamento entre as peças, resultando em um ritmo vertical que complementa, por exemplo, uma sequência de planos de vidro. Geralmente é empregada no piso e no teto e sem montantes intermediários.
“Além de adicionar textura ao conjunto arquitetônico, os ripados contrastam com revestimentos lisos como pisos e pedras. Quanto à tonalidade, buscamos harmonizar o conjunto com a utilização de madeiras mais quentes para equilibrar a aparência sisuda do concreto aparente”, completa.
Para que as portas disponham de resistência mecânica, bem com aspectos consonantes ao projeto de arquitetura, madeiras como mogno, com seu tom avermelhado e propriedades que atendem às variações climáticas; o cumaru, reconhecido pela sua resistência, e a peroba rosa são escolhas certeiras.
Pensando nos espaços internos, cedro, freijó e tauari são mais populares, especialmente em acabamentos lisos ou entalhes que delineiam traços sofisticados. “Nosso parecer técnico leva em conta questões particulares como o isolamento acústico”, relata Frederico Sabella.
Para projetos de alto padrão, o especialista sempre considera a madeira maciça derivada do plantio de reflorestamento, ainda que essa escolha impute um valor mais elevado. No entanto, também é viável selecionar modelos com excelente resultado estético alcançado pelo MDF com lâmina natural ou laminados que imitam a aparência da madeira maciça. “Embora com durabilidade inferior, seu preço é mais competitivo quando precisamos combinar qualidade dentro de um orçamento mais enxuto”, complementa.
Para um deck externo, a madeira deve ser, impreterivelmente, resistente à umidade e às variações resultantes das intempéries da natureza. Para tanto, ipê, cumaru e garapa são as tipologias populares.
Todavia, a equipe de projetos do escritório Sabella Arquitetura aponta a preferência pela teca, espécie naval utilizada na construção de barcos devido à alta densidade e resistência. Para a sua construção, as réguas costumam apresentar espessura entre 22 e 45 mm e uma paginação de peças com largura de 5 a 7 cm para um resultado mais elegante e delicado.
Por Leonardo Sandoval