BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (10) a 36ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Dragão.
Estão sendo cumpridas 18 ordens judiciais, sendo duas de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão nos Estados do Ceará, São Paulo e Paraná.
Segundo a força-tarefa de Curitiba, os mandados têm o objetivo de apreender provas relacionadas à atuação criminosa de Adir Assad e Rodrigo Tacla Duran, apontados como operadores financeiros especializados na lavagem de dinheiro de empreiteiras envolvidas na Lava Jato.
Ambos são alvos de mandados de prisão preventiva expedidos pelo juiz Sergio Moro. Assad já está preso em Curitiba, e Duran ainda não foi detido, segundo a PF.
Os procuradores afirmaram em nota que provas coletadas em fases anteriores, somadas à análise de informações obtidas por meio de afastamentos de sigilo bancário, fiscal e telemático e por meio de depoimentos de acordos de colaboração permitiram identificar Assad e Duran como operadores financeiros ativos do esquema criminoso. As investigações mostram que Duran “foi responsável por lavar dezenas de milhões de reais por intermédio de pessoas jurídicas por ele controladas”. Entre os envolvidos no caso que usaram seus serviços para gerar recursos para realizar pagamentos de propina estão as empreiteiras UTC Engenharia e a Mendes Júnior.
Os procuradores afirmam que essas empresas repassaram, respectivamente, R$ 9,1 milhão e R$ 25,5 milhões a Duran entre 2011 e 2013. No mesmo período, outras empresas com contratos públicos também fizeram depósitos de mais de R$ 18 milhões com o mesmo destino, segundo a força-tarefa.
Sobre Assad, os investigadores constataram que ele repassou R$ 24,3 milhões a Duran por meio de transferências de suas empresas. Os procuradores afirmam também que empresas ligadas a outro operador vinculado a Duran, Ivan Orefice Carratu, receberam de Assad R$ 2,9 milhões.
Também estão sendo feitas buscas na concessionária Econorte, em Londrina (PR), e na construtora Triunfo, na capital paranaense.
O nome da operação é uma referência aos registros na contabilidade de um dos investigados que chamava de “operação dragão” os negócios fechados com parte do grupo criminoso para disponibilizar recursos ilegais no Brasil a partir de pagamentos realizados no exterior.
TRÊS OPERAÇÕES
Assad foi preso pela primeira vez na Lava Jato em março de 2015, na décima fase da operação. No final do ano, porém, foi para a prisão domiciliar em São Paulo por uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Em agosto deste ano, Moro determinou que ele voltasse à prisão. O operador foi condenado na Lava Jato a 9 anos e 10 meses de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Assad foi alvo de outras operações da PF nos últimos meses, como a Saqueador, relacionada ao empresário Carlinhos Cachoeira e a construtora Delta, e a Pripyat, sobre suposta propina Eletronuclear.
No início do ano, o então senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), cassado em maio, disse, em acordo de delação, que Assad gerenciava o caixa dois na campanha de Dilma Rousseff à Presidência em 2010, o que ela nega.
O Ministério Público paulista também o denunciou neste ano sob suspeita de participação em desvios em obras do governo do Estado, administrado pelo PSDB.
OFFSHORES
Também não é a primeira vez que Rodrigo Duran aparece na Lava Jato. Advogado, ele é apontado nas investigações como um dos operadores das offshores criadas pelo departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, que cuidava do pagamento de propina da empresa.
Duran foi citado na delação de Vinicius Veiga Borin, que trabalhou nos bancos Antigua Overseas Bank e Mein Bank, como um dos responsáveis por um grupo de offshores que operacionalizava pagamentos do setor de propina do grupo baiano.
OUTRO LADO
O advogado de Adir Assad, Miguel Pereira Neto, disse que vai tomar conhecimento dos fatos para saber quais medidas adotará em relação a mais esse pedido de prisão.