Estudo divulgado nesta segunda-feira (17) pelo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão mostra que brasileiros estão usando os recursos das contas inativas do FGTS para pagar dívidas.
Do total de R$ 41,8 bilhões sacados até a última sexta-feira, 36% foram para quitar contas atrasadas.
Os saques podem chegar a R$ 43,6 bilhões, já que último grupo de beneficiários tem até o dia 31 de julho para resgatar os recursos.
O resultado surpreendeu o governo, já que a expectativa inicial era de que apenas 70% dos saques fossem efetivados.
“Mas já estamos chegando aos 100%, cerca de R$ 43,6 bilhões”, diz o secretário da Seplan (Secretaria de Planejamento e Assuntos Econômicos), Marcos Ferrari.
Para o ministério, a medida atingiu seu objetivo inicial, que era de reduzir o endividamento das famílias.
“Os recursos das contas inativas desafogaram a renda das famílias e permitiu que elas retomassem o consumo. Aliada a atual redução das taxas de juros, a expectativa é de esses impactos se estendam também para os próximos meses”, comentou Ferrari.
Para embasar a tese de que houve redução no endividamento, o estudo compila dados de diversos órgãos e entidades. Entre eles, os das operações de crédito do SFN (Sistema Financeiro Nacional), divulgado pelo Banco Central.
Segundo o estudo do BC, após o início dos saques do FGTS, houve redução de 4,5% no uso de cheque especial, em abril, e de 15,7% do cartão de crédito, entre março e abril.
Contudo, a redução do endividamento ainda é tímida. Dados do BC mostram que o endividamento das famílias (série que exclui crédito habitacional) passou de 23,4% da renda disponível em fevereiro para 23,2% em abril.
A inadimplência passou de 6% em fevereiro para 5,9% do total de créditos com recursos livres em maio.
Por outro lado, os dados compilados pelo MP mostram que houve aumento da concessão de crédito para financiamento de veículos, passando de 12,1% em abril para 29,8% em maio.
O comércio varejista também sentiu o impacto positivo dos saques do FGTS, com crescimento de 2,4% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado.
As vendas de celulares tiveram alta média de 20% em março e maio/2017 frente a mesmo período do ano anterior. Já a comercialização de veículos subiu 18,9% em junho em relação a mesmo mês do ano passado.
“Uma inferência possível é a de que os recursos do FGTS tenham contribuído para pagamento da entrada do financiamento dos veículos, combinado com a redução de juros dessa linha de crédito no período”, diz o texto divulgado pelo ministério.
O estudo mostra ainda que parte dos recursos das contas inativas podem ter sido direcionados para a caderneta de poupança, já que houve aumento da captação líquida no mesmo período de liberação dos saques.
Conforme dados do BC, os saldos passaram de captação líquida negativa de R$ 5 bilhões em março para captação líquida positiva de R$ 6,1 bilhões em junho.
Por fim, o texto do Ministério do Planejamento afirma que “a entrada na economia dos recursos do saque das contas inativas do FGTS deram um alento à confiança dos consumidores e do comércio em geral”.
O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor, feito pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), cresceu 4,5% em março e 6,1% em abril. E o indicador de confiança do comércio, medido pela FGV, subiu cerca de 20% nos meses de março, abril e maio de 2017. (Folhapress)