Um em cada quatro consumidores que ganham até R$ 2.000 ao mês tem mais da metade da renda comprometida com o pagamento de empréstimos.
O dado faz parte de estudo da Serasa Experian que analisou informações relativas a 5 milhões de consumidores inscritos no cadastro positivo -banco de dados com informações sobre os produtos financeiros usados pelo consumidor e e histórico de pagamento.
Quando considerado o total de consumidores analisados, o comprometimento de mais da metade da renda com produtos financeiros é de 18%.
Entre os com ganhos mais elevados, acima de 10 mil, a taxa de alto comprometimento cai para 13%.
Os números são considerados preocupantes, em especial devido às taxas de juros altas dos bancos, segundo avaliação de Julio Guedes, diretor de Decision Analytics (análise de dados para tomada de decisão) da Serasa Experian.
“A qualquer momento esse consumidor com comprometimento de seus ganhos tão grande pode ter uma variação em seu rendimento e sofrer muito com isso.”
O estudo mostrou que o acesso ao crédito também varia conforme a renda do consumidor.
Dos que tem renda até R$ 2.000, 45% não tem nenhum comprometimento de renda com produtos bancários. Para os de renda acima de 10 mil, 39% não possuem comprometimentos do tipo.
Nos de renda acima de 10.000, os percentuais são de 51% e 18%, respectivamente.
Negativados
Do grupo analisado pela Serasa Experian, 41% está negativado.
Entre eles, a maior parte atrasou pagamentos bancários e de cartão de crédito (39%).
A seguir, a maioria dos atrasos foi em pagamentos a financeiras e leasing (13%), empresas de serviços (12%), varejo (9%), água, energia e gás (9%).
Outras empresas, categoria que inclui as de pequeno porte, respondem por 18% das negativações.
Quase metade dos brasileiros que possuem um empréstimo pessoal (49%) estão com dívidas em aberto (incluindo atrasos em outros produtos financeiros).
A segunda categoria em que os contratantes estão mais inadimplentes é a de empréstimo consignado (46%).
Em patamar inferior, os negativados com cartão de crédito são 35% e com cheque especial 34%.
Guedes explica que o número de negativados com cartão de crédito e cheque especial é menor do que de outros produtos, mesmo com juros altos cobrados nesses produtos, pelo fato de que provavelmente parte desses consumidores tenham perdido o acesso ao produto por estarem inadimplentes.
Os dados foram apresentados nesta terça-feira (9) durante o evento Recover Money, em São Paulo, que tratou da recuperação de crédito. (Folhapress)