25 de junho de 2025
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Virgínia se cala na CPI das Bets, não diz o quanto ganhou, mas nega “cláusula da desgraça”

Influenciadora goiana Virgínia Fonseca foi com o cantor Zé Felipe na CPI das Bets no Senado e garantiu que não ganhou com perdas dos apostadores
Influenciadora Vigínia Fonseca prestou esclarecimentos na CPI das Bets como convidada - Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado
Influenciadora Vigínia Fonseca prestou esclarecimentos na CPI das Bets como convidada - Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado

A influenciadora digital Virgínia Fonseca, de 26 anos, com 53 milhões de seguidores no Instagram, que depôs na CPI das Bets, usou o direito de silenciar em dois momentos e assim evitou, por exemplo, informar o quanto ganhou com a divulgação das empresas de jogos nas redes dela. A CPI começou às 11h30 e terminou às 14h. Virgínia compareceu com o marido, o cantor Zé Felipe.

Por outro lado, a goiana disse desconhecer a chamada “cláusula da desgraça” que atrela o percentual de lucro dos promotores dos jogos de azar, ao tamanho do prejuízo dos apostadores.

Segundo ela, o que foi acertado no contrato que deu alusão a essa versão da cláusula, é que “se eu dobrasse o lucro deles, receberia 30% a mais da empresa. Em momento algum [o contrato relacionou] a perdas [de apostas] dos meus seguidores”. Segundo ela, esse valor previsto no contrato de publicidade por 18 meses não foi atingido e, portanto, não foi pago a mais do que o fixado. A CPI pediu que ela envie uma cópia do contrato.

A influenciadora disse que deixa claro nas publicações que se trata de um jogo, “que pode ganhar e pode perder”. Virgínia também afirmou que a Comissão deveria cobrar, como está fazendo com ela, em relação a anúncios de bets promovidos em emissoras de televisão e times de futebol. “Se realmente faz tão mal à população, então proíbe tudo”, apontou, completando que não aceitou fazer publicidade para casas de apostas que não fossem regulamentadas.

Contas são reais, disse Virgínia na CPI das Bets

Além disso, ela também garantiu que utiliza contas reais ao participar de jogos nas plataformas que divulga. A declaração foi uma resposta a questionamento da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), relatora da CPI, sobre a autenticidade das contas exibidas nos vídeos promocionais. “Os vídeos em que a senhora aparece jogando foram gravados com essa conta real?”, perguntou a senadora.

Na resposta, Virgínia explica que a casa de apostas envia o login e senha de sua conta para divulgação. Ao ser novamente questionada pela parlamentar, afirmou que a plataforma divulgada é a mesma utilizada por seus seguidores.

Foi Thronicke quem também pediu para a influenciadora citar valores ganhos com as publicidades, mas Virgínia usou o direito de não responder.

A influenciadora compareceu na condição de testemunha, e não de investigada. Uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, permitiu que a influenciadora não respondesse perguntas que poderiam incriminá-la. Antes do início do depoimento, ao comentar a concessão a jornalistas, Thronicke alertou: “O silêncio tem consequências”.

Pulso firme, há duas semanas a senadora deu voz de prisão ao empresário Daniel Pardim Tavares Lima, que acabou preso em flagrante durante depoimento à CPI das Bets. Ele foi acusado de falso testemunho após negar conhecer a ex-BBB e advogada Adélia Soares, ligada a outra convidada da CPI, a também advogada e influenciadora Deolane Bezerra. Segundo os senadores, Daniel negou informações importantes. O pedido de prisão foi feito por Soraya Thronicke, e confirmado pelo presidente da CPI, senador Dr. Hiran (PP-RR). 

Condução coercitiva nesta quarta

Desde o ano passado, a CPI já convidou para testemunhar o influenciador Felipe Neto, e convocou o cantor sertanejo Gusttavo Lima, os influenciadores Rico Melquíades, a ex-BBB Adélia Soares, a advogada Deolane Bezerra (que obteve aval do STF para não comparecer), o influenciador Gilliard Vidal dos Santos, conhecido como Chefinho, além dos cantores Wesley Safadão e Jojô Todynho, mais o humorista Tirulipa e pessoas ligadas à administração das casas de aposta. Nem todos compareceram.

No caso de Adélia Soares, que se ausentou em uma dessas audiências, ela deve ser conduzida coercitivamente nesta quarta-feira (14) para depor na CPI, conforme autorizou a Justiça Federal. A advogada deveria ter comparecido no dia 29 de abril, citou o portal Congresso em Foco.


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