O Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) se tornou alvo de uma onda de críticas nas redes sociais após a divulgação de um vídeo pelo The Intercept Brasil, que denuncia a postura do deputado estadual Amauri Ribeiro (União Brasil-GO) e questiona a decisão do tribunal de rejeitar uma denúncia de violência política de gênero contra ele. Publicado na segunda-feira (30), o vídeo viralizou rapidamente: acumulou quase 1 milhão de visualizações, mais de 66 mil curtidas e cerca de 15 mil comentários até a manhã desta terça-feira (1).
As imagens expõem falas ofensivas de Amauri contra a deputada estadual Bia de Lima (PT), proferidas na tribuna da Assembleia Legislativa entre março de 2023 e agosto de 2024. Em uma das declarações, o deputado afirma: “Eu não vou falar o que eu tenho vontade de falar com a senhora. É porque mulher não pode falar, né? Tadinha da senhora. A senhora é submissa, né?”. Segundo o Ministério Público, essas e outras falas configuram violência política de gênero, mas no dia 13 de maio, o TRE-GO entendeu que não havia elementos suficientes para caracterizar o crime e rejeitou a denúncia.
A repercussão nacional foi impulsionada pela nova declaração de Amauri, feita após a decisão do TRE-GO, em que ele insinua que a deputada Bia de Lima seria pedófila, distorcendo uma fala dela sobre preferências amorosas: “A senhora disse em uma entrevista que gosta de novinho. Novinho é termo usado por pedófilo”.
Não é a primeira vez que o deputado é acusado de agressões verbais contra mulheres. Em setembro de 2023, atacou a deputada Rosângela Rezende (Agir) por defender Bia de Lima. Em outro momento, ao discutir com a deputada Eusébia de Lima, ironizou: “Nesse momento eu me sinto uma mulher. Então estou discutindo de mulher para mulher. Pode?”.
Os casos mais graves remontam a 2021, quando Amauri afirmou que uma vereadora de Goiânia merecia “um tiro na cara”. Em 2023, voltou a polemizar ao dizer que mulheres comissionadas na Assembleia estariam ali “só para servir os deputados”.
Apesar do histórico de ataques, o parlamentar nunca foi punido pelo Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de Goiás. “Eu sou isso aqui. Não vou mudar”, declarou Amauri ao justificar seu comportamento.
O Ministério Público Eleitoral já recorreu da decisão do TRE-GO. O vídeo do Intercept também impulsionou uma campanha pública para que o tribunal reavalie a decisão. Internautas têm marcado o perfil oficial do órgão (@tre_goias) nas redes sociais, cobrando “tolerância zero para violência contra as mulheres”.
Enquanto isso, o TRE-GO segue sob escrutínio popular e institucional, sendo cobrado por sua responsabilidade no enfrentamento da violência política de gênero. Famosas como Mônica Iozzi e Fernanda Abreu comentaram marcando o TRE-GO na publicação.
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