A Prefeitura de Goiânia anunciou nesta quinta-feira (29) duas medidas para reforçar a rede pública de saúde do município, com destaque para a reativação e ampliação de leitos de UTI Pediátrica e a convocação de novos profissionais para a área de urgência e emergência. As ações ocorrem em meio à auditoria conduzida pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), que identificou problemas estruturais, leitos desativados e corte de recursos sem justificativa técnica nas três maternidades da capital.
As medidas foram detalhadas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e foram apresentadas como parte de um esforço para ampliar o acesso a serviços especializados, sobretudo no atendimento infantil. Entretanto, a proximidade com a visita de auditores federais que após três dias de inspeções, confirmaram na quarta-feira (28) as falhas na rede, sinaliza que a gestão municipal reagiu aos apontamentos.
“Estamos fortalecendo a rede de saúde para oferecer retaguarda durante o período de seca, quando tradicionalmente aumentam os casos de doenças respiratórias”, afirmou o prefeito Sandro Mabel. “A gestão precisa planejar e agir antes da emergência acontecer”, acrescentou.
Entre as medidas anunciadas, está a reativação de quatro leitos de UTI Pediátrica fornecidos pelo Instituto Goiano de Pediatria (Igope), que estavam desativados por falta de pagamento da gestão anterior. Além disso, o número total de leitos disponibilizados pela instituição ao Sistema Único de Saúde (SUS) foi ampliado de quatro para dez.
“Nós renegociamos a dívida, reabrimos essas vagas de UTI, conseguimos ampliar o quantitativo de leitos e já estamos trabalhando na abertura de vagas em enfermaria”, explicou o titular da SMS, Luiz Pellizzer.
A ampliação de leitos vem após o diretor do Denasus, Rafael Bruxellas, relatar, em entrevista coletiva na quarta-feira (28), que metade dos leitos de UTI da Maternidade Célia Câmara, por exemplo, estavam desativados. A constatação foi feita durante uma das visitas técnicas realizadas por sua equipe desde o início da semana.
Bruxellas também apontou sobrecarga assistencial em unidades como a Maternidade Dona Íris e problemas estruturais, como infiltrações e enfermarias fechadas. “Não estamos ainda no momento de emitir um diagnóstico final, pois isso poderia comprometer a isenção da auditoria. Mas já foi possível observar um cenário preocupante”, disse.
Os problemas nas maternidades, que são unidades de referência para o atendimento de gestantes e crianças, têm efeito cascata, impactando diversas unidades da rede.
Convocação de profissionais
Além da reativação dos leitos, a Prefeitura também anunciou nesta semana a convocação de 55 novos profissionais da saúde para atuação na rede de urgência e emergência da capital. Os chamados incluem 48 técnicos em radiologia e sete técnicos em laboratório, que devem reforçar os serviços de exames e vigilância em saúde.
“Os novos chamamentos visam fortalecer os serviços de realização de exames laboratoriais e de imagem, além da vigilância em saúde, com a coleta de dados e produção de informações estratégicas para o acompanhamento dos atendimentos realizados na rede pública”, disse Pellizzer.
Segundo o secretário, as convocações se somam à contratação anterior de 283 profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e farmacêuticos. “É importante lembrar que já havíamos contratado 283 profissionais (…) para tornar mais ágil e eficaz o atendimento a quem está na ponta”, destacou.
“Estamos implementando uma estratégia para oferta de ciclos de cuidado integral com a saúde das crianças e adolescentes”, afirmou Luiz Pellizzer, ao mencionar também ações como vacinação nas escolas e ampliação de atendimentos pediátricos ambulatoriais.
A movimentação da Prefeitura busca, entre outras coisas, a reestruturação da rede infantil, mas ocorre paralelamente ao avanço da auditoria do Denasus, motivada por denúncia sobre um corte de 40% nos repasses ao contrato entre a SMS e a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), que administra s maternidades. A redução foi feita sem justificativa técnica, segundo o Denasus.
O relatório final da auditoria deverá ser concluído em até quatro meses e poderá incluir recomendações ao município, responsabilizações e, se necessário, pedidos de devolução de recursos.
Leia mais sobre: Denasus / Prefeitura de Goiânia / Sandro Mabel / Cidades / Goiânia / Saúde