Um servidor comissionado da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) foi denunciado por envolvimento em um sequestro que terminou com a morte de dois supostos participantes do crime, após confronto com a Polícia Militar. A vítima é um empresário de São Paulo que atua na área de soluções financeiras e que alega ter sido atraído para Goiânia por Josemar Alencar Linhares de Oliveira, que era servidor comissionado da Diretoria de Comunicação Digital da Alego até semana passada. Em 2020 ele foi candidato a vereador em Goiânia pelo PSL com o nome Alencar Linhares.
Segundo o relato do empresário ao qual a Tv Anhanguera teve acesso, ele teria conhecido o servidor da assembleia durante uma convenção em São Paulo. Ele alega que foi convidado pelo servidor para conhecer eventuais clientes em Goiás. A intenção era que eles fizessem uma sociedade no ramo de soluções financeiras, área que geralmente envolve gestão de dívidas e oferecimento de crédito, entre outros.
Pelo relato, a primeira reunião dos dois seria no dia 25 e não aconteceu. A vítima aguardou em um hotel de Goiânia. No dia seguinte, novamente o servidor da Alego teria dito que não poderia ir, mas que enviaria outra pessoa.
Homem escondido no porta-malas
Segundo o empresário, ao entrar no carro do homem enviado por Alencar Linhares, ocupou o banco de passageiros, mas não pode usar o porta-malas para guardar sua bagagem. Ao longo do percurso, ele acabou rendido por outro homem que estava armado e escondido justamente no porta-malas do veículo. À frente, um terceiro homem entrou no carro e também participou do sequestro.
A partir daí a vítima relatou na Polícia que passou a ser alvo de ameaças e de extorsão e que foi obrigada a fazer uma transferência via Pix de R$ 6 mil para os criminosos. Depois ele disse que foi abandonado em uma rodovia.
O empresário acionou a Polícia Militar e denunciou o sequestro e a extorsão. A PM fez buscas e localizou o veículo com os suspeitos próximo de Catalão. Os homens teriam tentado escapar pela zona rural da cidade, onde ocorreu um confronto e dois deles morreram no local.
A identidade dos homens não foi divulgada. Com eles a PM informou que havia duas armas que teriam sido usadas no crime e um terno que um deles usava no momento da abordagem à vítima.
Após a divulgação dos fatos, o servidor foi exonerado, segundo informou o presidente da Alego, deputado Bruno Peixoto, à Tv Anhanguera, nesta quarta-feira (2). Segundo ele, a exoneração ocorreu no dia 27, “assim que a Polícia Legislativa da Casa tomou conhecimento da denúncia”.
A reportagem não conseguiu localizar o contato de Alencar Linhares nesta quarta. O espaço permanece aberto para a versão dele sobre os fatos.
Procurador da Alego também foi alvo de operação em maio
Este é o segundo servidor da Casa investigado por crimes graves de maio para cá. Um procurador da Alego que não teve o nome divulgado foi alvo em maio da Operação Prince John suspeito de envolvimento em fraudes tributárias com outros servidores.
A investigação apontou que ele teria usado o prestígio do cargo e se encontrado com vítimas nas dependências da Alego enquanto elas desconheciam que havia uma fraude em andamento.
O caso segue em apuração pela Polícia Civil. Procurada para maiores informações sobre as providências internas atuais sobre os dois casos, a assessoria da assembleia não retornou antes da publicação.
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